Atrasos e complexa burocracia estão a atrasar a chegada de crianças ucranianas com cancro a Portugal. A associação Acreditar disponibilizou instalações para receber as crianças refugiadas, mas que os procedimentos para tal não são compatíveis com a urgência que a situação de guerra impõe.
Margarida Cruz, diretora-geral da Acreditar refere que “o sistema de vinda de crianças doentes, ou qualquer doente, não foi alterado do ponto de vista burocrático”. Uma situação que o Ministério da Saúde referiu já ter começado a resolver, depois de terem sido disponibilizadas 12 camas pediátricas de oncologia.
“É um procedimento normal e necessário”, diz Margarida Cruz, quando se trata de “uma situação de normalidade”. Neste momento momento essa burocracia “não é compatível com uma situação de guerra e de emergência”.
De acordo com a agência Lusa, que contactou o Ministério da Saúde, a burocracia para receber crianças ucranianas com cancro já começou, com o encaminhamento destes doentes para hospitais de todo o país.
A Direção-Geral da Saúde e a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) “estão em articulação com as autoridades polacas para identificar os doentes a transferir em regime de ambulatório para os hospitais portugueses, ao abrigo do mecanismo europeu de proteção temporária para cidadãos oriundos da Ucrânia”.
A Associação Acreditar está disponível para receber algumas destas 12 crianças já referenciadas, na sua casa em Lisboa.
“Estas crianças precisam de um sítio para ficar e estas famílias precisam de muito apoio de alojamento e também muito apoio social e psicológico”, afirmou Margarida Cruz, sublinhando que “uma guerra é sempre uma situação de emergência, mas uma criança doente e com este tipo de doença é ainda mais”.
A responsável admite frustração com as questões burocráticas, dando como exemplo outros países europeus que já receberam crianças com doença oncológica, que puderam já retomar os seus tratamentos.
25 de março 2022