A hiperemese gravídica ou hiperemese das grávidas, é uma complicação que afeta cerca de 1% das gestações, e que está associada à ocorrência de náuseas e vómitos incoercíveis que provocam desidratação, perda de peso e carência nutricional.
Hiperemese gravídica
As náuseas e vómitos são sintomas frequentes durante a gestação. A designação “enjoo matinal” refere-se à forma mais comum, isto é, às náuseas e vómitos matinais do início da gestação (entre as 6 e as 10 semanas), que se podem intensificar entre as 11 e as 13 semanas e que tendem a desaparecer no fim do 1º trimestre ou no início do 2º.
Apesar da denominação “matinal“, os sintomas podem surgir em qualquer altura e por vezes persistem ao longo do dia.
Contudo, em algumas grávidas, esta situação pode agravar-se e evoluir para a hiperemese gravídica, quando se prolongam para além das 16 semanas ou mesmo até ao fim da gravidez, fragilizando o estado de saúde da mãe e o desenvolvimento fetal.
Fatores de risco
Entre os fatores de risco da hiperemese gravídica, encontram-se:
- Hiperemese gravídica em gravidez anterior (esta patologia ocorre mais frequentemente nas primeiras gestações, mas mostra tendência a reaparecer em gestações seguintes);
- Patologia do trofoblasto (camada externa do embrião que, após a sua implantação no útero, proporciona a formação da placenta);
- Primeira gravidez (primiparidade);
- Diabetes pré-gestacional (antes da gestação);
- Mola hidatiforme;
- Gestação anterior sem sucesso;
- Gravidez em idade mais tardia (depois dos 35 anos);
- Mulheres fumadoras;
- Gravidez de gémeos.
Causas de hiperemese gravídica
As causas da hiperemese gravídica não são totalmente conclusivas. Contudo, o aumento de produção da hormona HCG (hormona gonadotropina humana) no 1º trimestre parece relacionar-se com a severidade das náuseas e vómitos durante esse mesmo período.
A desidratação causada por náuseas e vómitos persistentes provoca a redução do nível de potássio no sangue o que impede o normal funcionamento do fígado, perda de peso e desnutrição maternas. Os bebés também são afetados por esta complicação com risco de baixo peso à nascença ou parto pré-termo.
A hiperemese gravídica pode agravar outros sintomas, nomeadamente:
- Fadiga extrema;
- Distúrbios do sono;
- Depressão;
- Ansiedade;
- Irritabilidade;
- Alterações de humor.
Tratamento da hiperemese gravídica
O tratamento da hiperemese gravídica passa pelo diagnóstico atempado, a hidratação com fluidos isotónicos e o internamento hospitalar nas situações de maior gravidade, onde a alimentação oral é substituída por alimentação parentérica para reposição de vitaminas, electrólitos e minerais como magnésio, fósforo e potássio.
Após esta fase, os alimentos vão sendo introduzidos lentamente, respeitando o nível de aceitação aos mesmos pela grávida.
Nestes casos, é importante rever e fazer modificações na dieta:
- Fazer refeições pequenas e fracionadas ao longo do dia;
- Selecionar alimentos facilmente digeríveis;
- Escolher alimentos ricos em hidratos de carbono e pobres em gordura e pouco condimentadas, de preferência frias ou geladas para melhor aceitação pelo estômago;
- Alternar entre refeições só de alimentos sólidos ou só de líquidos.
O exercício físico moderado e o descanso também podem ajudar a minorar o desconforto associado ao vómito e náuseas.
O apoio psicológico à grávida e o tratamento sintomático da pirose (azia) com antiácidos complementam a abordagem terapêutica.
A recuperação é habitualmente lenta, com recidivas. A estabilização do peso é um dado muito importante para determinar a eficácia do tratamento.