Apesar de ser cada vez mais usual, ainda existem dúvidas sobre o que é o plano de parto. Este documento serve para registar os desejos da parturiente em relação ao parto. É possível especificar, por exemplo, os tipos preferenciais de técnicas de alívio da dor e a recusa de determinadas intervenções.
As maternidades e hospitais em Portugal estão a adaptar-se à adoção do plano de parto, mostrando-se mais disponíveis para o diálogo com as famílias sobre os protocolos e processos clínicos. Convém referir que o plano de parto, também conhecido como plano de nascimento, não é soberano. A sua construção deve considerar o histórico clínico da grávida e também a forma como decorreu a gravidez. Durante o parto, o cenário pode ser diferente do idealizado e algumas intervenções podem ser imprescindíveis.
Pessoal e intransferível, o plano de parto deve também ser realista e flexível. É fundamental adaptar-se às condições do hospital ou maternidade escolhido e conversar com os profissionais de saúde para conhecer as suas práticas.
A importância do plano de parto
Sendo o parto um processo tão dinâmico, como é possível planeá-lo?
O objetivo do plano de parto não é criar um roteiro definido para este momento, mas melhorar a experiência das parturientes e o atendimento aos recém-nascidos. Esta importante ferramentas é recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e proporciona uma melhor comunicação entre a família e os profissionais de saúde.
Para elaborar o seu plano de parto, a mulher precisa, antes de tudo, estar informada. Afinal, só será capaz de expressar as suas preferências se souber como funciona o trabalho de parto, o que acontece em cada fase, quais as intervenções necessárias e desnecessárias e o que pode ser feito para aliviar as contrações. Um plano bem estruturado requer estudo e esse processo de recolha de informações torna a futura mãe a verdadeira protagonista do seu parto.
O plano de parto não é um exercício de imaginação ou uma ferramenta para “discutir” com a equipa responsável pelo parto. É, antes de tudo, um documento que deve ser desenvolvido em conjunto com o médico obstetra com o objetivo de tornar única a experiência de dar à luz.
Como fazer o seu plano de parto
Tal como foi mencionado no item anterior, o primeiro passo para fazer o seu plano de parto é procurar informação. Durante a gravidez, recolha informações sobre aquilo que gostaria de ter presente ou não no seu parto, sempre considerando que este é um evento fisiológico em que tudo pode mudar em questão de segundos.
Para estruturar o seu plano de parto, pode recorrer a modelos disponíveis na internet ou definir o seu no formato que achar mais conveniente. O documento pode ser uma carta, em que descreve exatamente todas as suas preferências para cada fase do trabalho do parto. Outra opção é desenvolver um texto mais sucinto, com pequenos tópicos acerca daquilo que deseja ou não no momento do nascimento do seu bebé.
Uma vez que a equipa médica está presente para garantir o bem-estar da mãe e do recém-nascido, alguns protocolos precisam ser executados para que tudo corra pelo melhor. No entanto, estes são alguns itens que podem ser discutidos com os profissionais de saúde e que podem estar presentes no seu plano de parto:
- Liberdade de movimentos durante o trabalho de parto e expulsão do bebé, sempre que possível;
- Consentimento informado para a realização de qualquer intervenção ou procedimento;
- Contacto pele a pele com o bebé na primeira hora de vida e apoio para a amamentação;
- Acesso a métodos farmacológicos e não farmacológicos de alívio da dor;
- Cuidados com o bebé, como uso de colírios ou banho nas primeiras 24 horas de vida.
O plano pode conter os seus desejos, inclusivé, para quando o parto for uma cesariana, exceto em situações de emergência. É possível solicitar a presença do acompanhante durante o parto assim como a recuperação conjunta com o bebé, se as condições permitirem.
De acordo com a recomendação da Ordem dos Enfermeiros, a partir das 28 semanas pode fazer o seu plano de parto e discuti-lo com a equipa que está a acompanhar a sua gravidez. Algumas entidades prestadoras de cuidados de saúde já contam com consultas específicas de plano de parto, onde a parturiente e o seu acompanhante podem conversar sobre as suas opções com os profissionais de saúde.
A equipa estará sempre presente para decidir de forma segura, orientando trabalho de parto de acordo com o procedimento mais adequado. A forma como mãe e bebé reagem ao nascimento são determinantes para estas decisões.
O mais importante é mesmo informar-se sobre o que vai acontecer ao seu corpo neste momento especial, o que esperar e o que poderá acontecer. Estar esclarecida permite-lhe encarar o trabalho de parto com maior tranquilidade e confiança ao preparar-se para atuar e reagir da forma mais adequada a cada uma das fases. Este mesmo conhecimento também ressignifica a experiência do nascimento, tornando-a a verdadeiramente inesquecível e transformadora.