Porque são realizados testes ao recém-nascido? Porque alguns bebé nascem com doenças graves que clinicamente são muito difíceis de diagnosticar nas primeiras semanas de vida e que, mais tarde, podem provocar atraso mental, alterações neurológicas graves, alterações hepáticas, ou até situações de coma.
As análises ao sangue, efetuadas a partir do 3º dia de vida, permitem diagnosticar estas doenças mesmo antes do aparecimento dos sinais clínicos e iniciar o tratamento precocemente.
Primeiros exames do recém-nascido
1. Teste de APGAR
Mal nasce, o bebé é pesado, medido e submetido ao teste (ou escala) de APGAR. Este tem como objetivo avaliar as condições de vitalidade do recém-nascido, ou seja, o seu nível de adaptação à vida extra uterina.
O teste de APGAR permite avaliar cinco sinais vitais do recém-nascido:
- no 1º minuto (que permite determinar o grau de tolerância do bebé ao parto);
- no 5º minuto (que permite avaliar o grau de adaptação do bebé à vida extra uterina) e
- no 10º minuto após o nascimento, atribuindo-se a cada um dos sinais uma pontuação de 0 a 2 de acordo com a condição observada.
Os cinco sinais vitais avaliados são: frequência cardíaca, respiração, tónus muscular, irritabilidade reflexa e a cor da pele.
2. Teste à audição
Para a realização do teste auditivo são colocados pequenos auscultadores nos ouvidos do bebé e o teste é realizado num local sossegado. São examinadas as respostas do bebé aos vários níveis de som.
Idealmente o diagnóstico de surdez deve ser realizado antes dos 3 meses de idade e o início da reabilitação antes dos 6 meses de idade.
3. Icterícia
Se o bebé está amarelado, há probabilidades de ter icterícia neonatal. Esta condição ocorre quando o fígado do bebé tem dificuldade em eliminar a bilirrubina (produto residual da degradação dos glóbulos vermelhos que até ao nascimento tina sido controlado pela placenta).
A triagem da presença de bilirrubina é importante para evitar que o bebé sofra quaisquer efeitos neurológicos.
O exame físico do recém-nascido deve ser feito sob luz natural. A icterícia aparece inicialmente no rosto, tronco, barriga e por fim estende-se aos braços e pernas.
Sendo visível em alguns bebés, a icterícia só é corretamente diagnosticada mediante realização de exames auxiliares de diagnóstico e de análises laboratoriais (hemoglobina, hematócrito, doseamento da bilirrubina, entre outros).
Se os níveis de bilirrubina forem altos, pode ser necessário recorrer à fototerapia (ou “luzinhas azuis”) para reduzir a icterícia neonatal.
4. Rastreio neonatal ou “teste do pezinho”
O Programa Nacional de Diagnóstico Precoce (ou como é vulgarmente chamado “teste do pezinho“) é realizado ainda no hospital/maternidade) a partir do 3º dia de vida.
Caso não seja realizado no hospital/maternidade, deve ser feito até ao 6º dia de vida no centro de saúde.
O bebé pode ser retirado da sua beira para ser picado e fazer a recolha de sangue. A picada é leve mas algumas mães ficam muito ansiosas por verem o seu bebé a ser picado ainda tão pequenino.
As análises ao sangue servem para despiste de várias doenças como hipotiroidismo, hemoglobinopatias, distúrbios endócrinos, dos aminoácidos, do ciclo da ureia, da oxidação dos ácidos gordos e ácido orgânico e deficiência de biotinidase.
Os resultados do “teste do pezinho”, podem ser consultados através da internet no site Diagnóstico Precoce – Programa Nacional. Para isso, basta introduzir o número do código de barras que lhe deram na altura da colheita.
Para saber mais sobre o rastreio neonatal, descarregue o folheto oficial.
Bibliografia: Comissão Executiva do Programa Nacional de Rastreio Neonatal [consultado online em 20 de agosto de 2016]