O rastreio auditivo neonatal tem como objetivo a deteção precoce de défices auditivos de forma a permitir um diagnóstico e intervenção precoces que permitam reduzir ou eliminar as consequências desses distúrbios.
Rastreio auditivo dos recém-nascido
Entre um a três em cada 1000 recém nascidos saudáveis demonstram algum tipo de perda auditiva, aumentando a prevalência no caso dos bebés de risco (entre 20 a 40 por 1000 recém nascidos).
A capacidade auditiva do bebé e da criança tem grande impacto no seu desenvolvimento e crescimento, nomeadamente, no desenvolvimento da linguagem, cognitivo e emocional.
Como tal, uma intervenção e reabilitação precoce diminuem as consequências desta condição no seu desenvolvimento. Para que isso seja possível, é importante que seja efetuado o rastreio auditivo.
Quando deve ser realizado o rastreio auditivo neonatal?
O rastreio auditivo neonatal deve ser feito a todos os recém-nascidos antes da saída da maternidade ou até completarem 30 dias de vida.
Desta forma, garante uma intervenção precoce (antes dos seis meses de idade).
Como é feito o rastreio auditivo neonatal?
O rastreio auditivo neonatal pode ser realizado através do método das otoemissões acústicas (OEA).
As otoemissões acústicas são sons produzidos por células do ouvido interno que, na maioria das doenças associadas à surdez infantil, têm a sua funcionalidade comprometida.
O método das otoemissões acústicas é simples de realizar, rápido e não invasivo, não causando dor ao bebé:
- Coloca-se uma pequena borracha em forma de tulipa nos ouvidos do bebé através do qual são enviados sons para o ouvido interno. Esta sonda tem um microfone que regista as respostas aos sons emitidos.
Quando analisados, as características dos sons registados apresenta uma de duas respostas possíveis:
- “passa” significa funcionamento aparentemente normal do ouvido interno;
- “refere” significa impossibilidade de deteção dos sons de resposta do ouvido interno.
Quando os bebés têm défices auditivos não se verificam resposta aos sons emitidos. Nestes casos, o bebé é encaminhado para a especialidade de otorrinolaringologia para que seja realizada uma avaliação detalhada e seja diagnosticada a causa do problema auditivo.
Crianças de risco
No caso das crianças com fatores de risco, ainda que o resultado do primeiro rastreio auditivo neonatal tenha sido positivo (não tenha detetado qualquer problema na audição), devem ser seguidas até à idade em que falam mais fluentemente, por volta dos 2 anos de idade.
As crianças são consideradas como grupos de risco quando:
- Têm história familiar de problemas auditivos;
- Apanham infeções congénitas (sífilis, toxoplasmose, rubéola, herpes, citomegalovirus);
- Anomalias crânio-faciais;
- Têm peso corporal baixo (inferior a 1,5 kg);
- São diagnosticados com icterícia com ;
- Meningite bacteriana;
- Asfixia no momento do nascimento;
- Recém-nascidos ventilados durante cinco dias ou mais.