Mordidas, estaladas, pontapés são muitas vezes motivo de queixa de muitos pais, avós, auxiliares e educadoras no que diz respeito ao comportamento das crianças por volta dos 2–3 anos de idade.
De facto, estas atitudes menos boas, apesar de negativas devem também ser compreendidas como parte da descoberta do próprio corpo da criança e não deixam de ser uma maneira desta comunicar, seja consigo própria, seja com o mundo exterior.
No entanto devem ser alvo de punição quando necessário!
Lidar com mordidas, estaladas e pontapés
Mas primeiro compreendamos este fenómeno com algumas sugestões que o relacionam com o ponto de vista do desenvolvimento infantil.
Comportamento e desenvolvimento
1. Controlo dos impulsos
A criança à medida que se vai desenvolvendo vai adquirindo um maior controlo sobre si mesma quer ao nível físico (motricidade fina, controlo das urina e fezes, etc.) mas também ao nível emocional.
Assim, os comportamentos agressivos são muitas vezes consequência da frustração / irritação da criança sobre determinada situação, não deixando de ser uma maneira desta reagir a uma situação que considera adversa.
2. Linguagem e Comunicação
Aos 2–3 anos a linguagem ainda não está totalmente desenvolvida. Nesse sentido, expressar-se através do próprio corpo pode ser uma consequência da dificuldade da criança em se conseguir expressar eficazmente por palavras.
3. Descoberta do corpo
À medida que o desenvolvimento da criança decorre, a exploração do próprio corpo é essencial durante os estádios de desenvolvimento, já que lhe permite adquirir além de tudo a experiência necessária para o domínio e um controlo motor cada vez mais aperfeiçoado.
Incluem-se aqui actividades que vão desde o desenho até às “tais” mordidas, que lhe permitem testar limites físicos, desenvolver habilidades, entre outros.
Então como devemos agir?
Apesar de ser um comportamento normal em crianças desta idade, não significa que não deva ser alvo de punição quando necessário.
A própria repreensão pode e deve (quando bem aplicada) contribuir para o desenvolvimento da criança, quer do ponto de vista emocional, quer social, quando esta compreende que o comportamento que teve não foi o adequado.
Ficam então algumas sugestões:
1. Prevenir
A prevenção é sempre a melhor maneira de evitar um conflito. Assim, os pais, avós, auxiliares e todos os restantes cuidadores que já conhecem os trejeitos e a personalidade da criança devem através da observação cuidada das situações que a criança está inserida, prevenir que esta atinja momentos de irritação extrema aos quais podem começar a manifestar-se em comportamentos agressivos.
Retirá-la do local previamente, ou focando a sua atenção para outra brincadeira ou atividade (por exemplo), ajudam a que a criança mude o seu foco e a carga emocional associada à situação stressante.
2. Punir
O diálogo é sempre das melhores alternativas já que contribui para que a criança compreenda e raciocine acerca do que fez mal, melhorando o seu comportamento.
No entanto é importante que os pais percebam que só a partir de determinada idade o raciocínio se desenvolve totalmente, permitindo assim uma compreensão da situação por parte da criança.
Nesse sentido, punições do género “estímulo-resposta” podem ser uma boa estratégia.
Tomemos o exemplo de uma festa de aniversário em que a criança começa a mordiscar outra. Retirá-la do local e explicar que só lá voltará quando não voltar a agredir o “amiguinho” tenderá a ter uma maior eficácia já que a criança compreende que a atitude teve uma consequência directa, neste caso o terminar da brincadeira.
3. Saber procurar ajuda
Assim, apesar do mordiscar, pontapés, estaladas e comportamentos mais agressivos fazerem parte do percurso de desenvolvimento da criança, em alguns casos pode ser necessária a intervenção de um especialista.
Se a criança for ser agressiva grande parte das vezes, ou estas atitudes persistirem mais do que o habitual, um técnico especializado pode em conjunto com os familiares e/ou restantes cuidadores contribuir para ajudar a criança na melhoria da sua gestão emocional, as suas atitudes, controlo dos impulsos e consequentemente do seu comportamento.