A sarna, ou escabiose humana, é uma infeção cutânea caracterizada pelo aparecimento de pápulas avermelhadas associadas a comichão. É uma doença causada por pequenos ácaros chamados Sarcoptes scabiei e, por ser muito contagiosa, todos os membros da família devem ser tratados. Conheça os sintomas, diagnóstico e tratamento da sarna na gravidez.
Sarna na gravidez
Como se faz a transmissão da sarna?
A transmissão do parasita faz -se pelo contacto pele-a-pele prolongado com a pessoa infetada (adulto ou criança) ou, como o parasita pode sobreviver 2 a 3 dias fora da pele humana, o contágio também pode ocorrer através das roupas da cama, toalhas ou qualquer outro objeto e substância que possa absorver, reter ou transportar o parasita.
Ambientes húmidos e com temperaturas mais baixas aumentam o tempo de sobrevida do parasita pelo que a infeção pelo parasita é mais comum nas estações frias do outono e o inverno.
Período de incubação da doença
Como o período de incubação pode durar 4 semanas, o contágio pode fazer-se quando o diagnóstico de infeção por sarna é conhecido ou quando a pessoa está infetada mas ainda não apresenta sintomas.
Sintomas da sarna
Os sintomas aparecem 4 a 6 semanas após o contagio numa pessoa que nunca tenha tido a doença; mas nas pessoas que já tenham sido infetadas anteriormente, os sintomas podem aparecer ao fim de poucos dias.
A comichão intensa é o sintoma mais comum da sarna. O aumento da temperatura corporal durante a noite ou após o banho tende a agravar os sintomas ao facilitar a movimentação do parasita na superfície da pele. A comichão é uma reação de hipersensibilidade aos ácaros e/ou aos seus ovos.
Para além do prurido e da irritação da pele, podem observar-se outros sintomas como pápulas, nódulos, manchas na pele, vesículas e galerias que as fêmeas escavam para depositar os ovos. O ácaro consegue avançar através das camadas superficiais da pele cerca de 2 a 4 milímetros por dia, ao mesmo tempo que deposita os ovos (cerca de 1 a 3 ovos por dia).
A gravidade das lesões varia de acordo com o tipo de pele, a sensibilidade ao parasita e os cuidados de higiene. A infeção crónica com o parasita pode dar origem a perda de peso e irritabilidade.
Coçar as zonas afetadas pode provocar infeções secundárias como impetigo.
Regiões mais afetadas pela sarna
As lesões provocadas pela sarna são encontradas na zona baixo do pescoço, axilas, face interna do cotovelo (prega cubital), à volta do umbigo, cintura, glúteos, interior das coxas, face anterior do punho, ou entre os dedos das mãos e cotovelos. Nas mulheres, é muito típica a lesão na pele à volta dos mamilos.
Diagnóstico da sarna
O diagnóstico da sarna é realizado através da análise dos sintomas (comichão, que se intensifica durante a noite), da anatomia das lesões da pele (pápulas, nódulos, manchas na pele, vesículas e galerias) e sintomas em outras pessoas da família.
A análise microscópica do parasita ou de restos deste pode confirmar o diagnóstico. Contudo, este nem sempre é conclusivo o que não exclui o diagnóstico de sarna.
Tratamento da sarna
O tratamento da sarna na gravidez consiste no uso de cremes ou loções o que será determinado de acordo com os sintomas apresentados e gravidade da infeção. Não deve fazer-se a aplicação de qualquer medicamento sem prévia consulta médica.
O enxofre é o mais antigo escabicida usado há séculos com esta finalidade, visto ser um fármaco pouco dispendioso e com baixa toxicidade. É utilizado como um precipitado de enxofre a 6-10% em vaselina, aplicado durante três noites consecutivas, e realizando lavagem entre cada aplicação (o banho é realizado imediatamente antes da próxima aplicação), repetindo o tratamento após uma semana.
O precipitado de enxofre é o tratamento de escolha para mulheres grávidas, a amamentar e crianças menores que dois meses. A principal desvantagem resulta da cosmeticidade e cheiro desagradáveis. [1]
Medidas complementares ao tratamento
- Todos os membros da família devem ser tratados (apresentem ou não sintomas) para eliminar o problema;
- Lavar toda a roupa, toalhas e lençóis a pelo menos 60ºC ou secar na máquina ou lavar a seco para prevenir a re-infestação;
- Desinfetar todos os objetos que possam absorver, reter e transportar o parasita. Os objetos que não se possam lavar devem ser fechados num saco plástico durante pelo menos 72 horas (o parasita pode viver por 24 a 36 horas fora do hospedeiro mantendo-se igualmente infecioso);
- Aspirar toda a casa e deitar o saco fora;
- Cumprir o tratamento exatamente como indicado pelo médico;
- Usar luvas na aplicação dos cremes;
- Evitar coçar as lesões e manter as unhas curtas para minimizar a irritação da pele;
- Contactar o médico caso haja persistência dos sintomas após o término do tratamento para determinar se a comichão ainda se deve à atividade do parasita;
- Reforçar os cuidados de higiene e hidratar a pele com cremes emolientes que facilitem o tratamento das lesões cutâneas e aumentem o conforto da pele, aplicados após o banho, com a pele seca e com uma massagem suave.
[1] Escabiose – recomendações práticas para diagnóstico e tratamento, Mónica Tavares; Manuela Selores – IS. Pediatria, CH Porto, 4099-001 Porto – Dermatologia, CH Porto, 4099-001 Porto, Portugal – Nascer e Crescer vol.22 no.2 Porto abr. 2013