A fissura lábio palatina, o pé torto congénito e a displasia coxofemoral estão entre as malformações congénitas (de nascença) mais frequentes na infância. O pé torto (ou pé boto), especificamente, é uma deformidade acentuada no pé que afeta cerca de um a oito em cada 1000 bebés.
O pé torto tem como causas possíveis um mau posicionamento intrauterino ou ser resultado de uma síndrome com outras malformações apesar da origem da doença não estar identificada.
Pé torto: causas, diagnóstico e tratamento
É normal os bebés nascerem com os pés arqueados, com uma tendência para unir os dedos grandes dos pés. Quando a curvatura dos pés é exagerada, dá-se o nome de pé torto. Esta doença afeta sobretudo o sexo masculino e os primeiros filhos e, em 50% dos casos, atinge os dois pés (pé boto bilateral).
Causas de pé torto
O pé torto pode dever-se a um mau posicionamento intrauterino ou pode ser resultado de uma síndrome com outras malformações (como espinha bífida, síndrome de Edward, presença de gene recessivo da família do pai, por exemplo) mas a origem da doença não está identificada.
Uma vez que a atividade dos genes responsáveis pela deformidade estão ativos desde a 12ª / 20ª semana da gestação (permanecendo ativos até aos 3 / 5 anos de idade), o arqueamento dos pés pode começar a formar-se desde esse período do desenvolvimento uterino.
Diagnóstico de pé torto
Por norma, o diagnóstico é realizado na ecografia morfológica do 2º trimestre. Embora a ecografia não permita obter dados relevantes sobre a gravidade da deformidade, é fundamental para um diagnóstico precoce e para exclusão de outras patologias associadas.
O tratamento é iniciado logo após o nascimento uma vez que os gessos só são bem sucedidos se aplicados nos primeiros meses de vida, altura em que os tecidos, ligamentos e tendões ainda são suficientemente flexíveis para se deixarem moldar.
Tipos de pé torto
As anomalias no pé provocadas por pé torto são classificadas em:
- Pé equino — é o tipo mais comum da doença, no qual o pé está virado para baixo, como se fosse um prolongamento da estrutura da perna.
- Pé varo — a parte da frente do pé está desviada para o interior e a curvatura plantar é bastante acentuada.
- Pé aduto — a parte interior do pé, incluindo os dedos, apresentam-se virados para dentro.
- Pé supinador — quando a ligação entre dedos e calcanhar é praticamente inexistente. O pé é incapaz de rodar o suficiente para distribuir o impacto de modo adequado.
Pé torto (equino, varo, aduto, e supinador)
Fonte: Serviço de Ortopedia Centro Hospitalar do Funchal
O pé torto pode ser tratado?
Sim. O objetivo do tratamento é tornar o pé funcional, flexível, forte, sem dor e com aspeto normal. A criança poderá usar sapatos normais, andar e correr sem problemas.
Na maioria dos casos, o pé torto é corrigido com tratamento conservador. Com a aplicação de gessos sucessivos, desde o pé à virilha (Método de Ponseti), procura-se corrigir, progressivamente, cada uma das deformidades. Normalmente, os gessos são mudados a cada cinco ou sete dias. O último gesso permanecerá durante três semanas e o tratamento dura cerca de dois meses.
Após a aplicação do último gesso, o bebé terá que usar uns sapatos colocados numa posição específica e unidos por uma barra (Brace de Abdução dos Pés ou BAP, também conhecido como Aparelho de Dennis-Browne). O uso deste aparelho evita que a deformidade se volte a instalar já que os fatores que provocam a doença se mantêm ativos durante os primeiros anos de vida. Este aparelho é usado até aos 3 – 4 anos.
Nos casos mais graves, que não respondem satisfatoriamente ao tratamento conservador, a criança será encaminhada para um ortopedista (Consulta de Ortopedia Infantil) ou cirurgião pediátrico pois pode ser necessário outro tipo de tratamento como cirurgia, calçado ortopédico ou aplicação de talas.