Durante o primeiro ano de vida, o bebé não tem consciência de si próprio. O mundo que o rodeia é tão estimulante que presta pouca atenção a si mesmo. Ao longo do segundo ano de vida, esta situação muda gradualmente, à medida que a criança se vai apercebendo da sua própria identidade.
Quando tem o bebé consciência de si próprio?
Os bebés mais pequenos ainda não têm consciência de si próprios. Quando são colocados à frente de um espelho, reagem ao espelho como a qualquer outro brinquedo. Nesta fase, ainda não percebem que estão a ver o reflexo da sua própria imagem.
A imagem projetada no espelho é particularmente estimulante para o bebé já que se move sempre que ele se move. Contudo, ele ainda não tem consciência de que as mudanças que vê refletidas no espelho são provocadas por ele mesmo.
Curiosamente, esta reação é idêntica à de um peixe ou de uma ave. Se colocar um espelho à sua frente, provavelmente, o animal irá atacar a imagem já que não se reconhece a si próprio na imagem projetada. Mas, para os humanos, esta perceção é passageira.
Ganhar consciência de si próprio
Por volta dos 15 meses, a perceção do bebé começa a mudar gradualmente. Quando colocado em frente ao espelho, ele começa a perceber que, se fizer uma determinada ação (como levantar um braço ou uma careta), a “outra pessoa” faz exatamente o mesmo.
À medida que a criança faz outras ações e o resultado é o mesmo (a imagem refletida no espelho tem exatamente o mesmo comportamento que ela), começa a perceber, gradualmente, que se está a ver a ela própria e não a outra pessoa qualquer. O bebé começa a reconhecer o seu próprio rosto no espelho e a ganhar consciência de si próprio.
O teste do espelho
Para perceber se o seu bebé já consegue reconhecer a sua própria imagem, coloque-o em frente a um espelho em possa ver claramente o seu próprio rosto. Depois, ponha-lhe um chapéu na cabeça e volte a repetir o teste.
Se levar a mão à cabeça para tirar o chapéu, o seu filho já tem perceção de que o reflexo lhe pertence. Se tentar tirar o chapéu na figura projetada no espelho, ainda precisa de mais algum tempo para ganhar consciência de si próprio.
- Cerca de metade das crianças submetidas a este teste aos 18 meses não passa o teste;
- Por volta dos 2 anos, cerca de ¾ das crianças passa no teste;
- Durante 3 terceiro ano, cerca de 25% das crianças também passarão no teste.
Os “terríveis 2 anos” e a afirmação do EU
Entre os 18 meses e os 4 anos, a criança pode passar por uma fase conhecida como “os terríveis 2 anos”. Nesta idade, tendo descoberto que é um ser completo e que se trata de uma entidade separada, a criança tem tendência para se centrar nela própria e muitas vezes torna-se mais teimosa. Quer fazer as coisas à sua maneira e fica zangada quando tal não acontece.
Para os pais, esta tende a ser uma fase de luta de vontades. Muitas vezes, precisam de adoptar novas estratégias para conseguir lidar com os comportamentos dos filhos nesta fase algo “excêntrica”. A frustração da criança pode deixá-la agitada e irritada e dar origem às terríveis birras tão características desta idade (ver Como lidar com a fase das birras).
Apesar das contrariedades e eventuais situações embaraçosas em público, esta fase é mais divertida do que irritante. Pense que o seu filho está a crescer e apenas a passar por mais uma etapa do desenvolvimento infantil onde a autodescoberta da consciência de si próprio representa o início de um percurso maravilhoso para a independência e formação de uma personalidade única.