Sou mãe e há 12 anos que sinto culpa. Qual é a mãe que nunca sentiu? Não conheço nenhuma! A culpa das mães nasce com os filhos.
Mesmo assim não me culpo por tudo e por nada, mas culpo-me por coisas estúpidas. Culpo-me como se não pudesse ter vida ou divertir-me para além dos meus filhos.
Muito se fala deste sentimento que nasce quando nascem os filhos. É intrínseco, uma mãe sente culpa e pronto. De uma coisa ou de outra, umas mais, outras menos, acabamos todas por ter este sentimento que por vezes pode ser devastador.
Muitas vezes penso nesta culpa, não no sentido de ter mais culpa, mas no sentido de a enxotar da minha vida. Sou mãe, não tenho de ser perfeita (embora algumas mães o pareçam), nem tenho de sentir culpa.
Quando os meus filhos eram muito pequeninos eu sentia culpa de, por exemplo, os deixar para ir trabalhar (como se tivesse a opção de não o fazer). Sentia culpa quando me atrasava para os ir buscar, quando se magoavam, ou quando choravam e eu não podia ir logo acudi-los.
Eles foram crescendo e a culpa tornando-se mais refinada. Continuo a sentir culpa se me atraso para os ir buscar à escola ou se os deixo para ir jantar fora. Mas outras culpas se vieram juntar às já existentes:
- Sinto culpa porque não brinco com eles sempre que me pedem ou porque por vezes não tenho paciência para ouvir as suas conversas histéricas, mal saem da escola.
- Sinto culpa porque não me apetece estudar com eles, e aqui a culpa é atroz porque de seguida penso que sou responsável pelo futuro deles!
- Sinto culpa porque não sou uma mãe prendada. Eles levam para a escola fatos de treino e sapatilhas 5 dias por semana. Ao fim-de-semana, quando vestem roupa de gente, nunca têm uma camisola a condizer com as calças, as cuecas e as meias!
- Também sinto culpa por não ter paciência para, quando os vou deitar, ler todas as histórias com a voz dos desenhos animados e simplesmente as despachar como se o lobo mau viesse atrás de mim.
- E a culpa pelas horas que passam a ver televisão ou no Youtube? E os Youtubers que os deixo ver? E os jantares de pizza ou salsichas? Oh!
Tudo serve para moer a cabeça de uma pobre mãe!
Constatei, à medida que os meus filhos cresciam, que este sentimento ingrato piorava. Por isso mesmo, sinto medo. Se este sentimento continua a crescer, a coisa pode tornar-se séria!
Não é a sociedade que nos impõe a culpa, embora ajude, somos nós mesmas, as mulheres. Será que os pais sentem esta culpa? Não creio, pelo menos aqui em casa o pai não sente e ainda bem.
A culpa das mães está destinada às mães porque chamam a si todos os deveres do mundo. E, quando se trata dos filhos, temos a perfeição a pairar no horizonte. Portanto a culpa paira sempre como uma nuvem em cima de nós.
Ando a tentar fazer um exercício: não me culpar por coisas parvas. Embora eles sejam meus filhos e estejam no topo das minhas prioridades, não tenho de ser sempre perfeita para eles e não me tenho de sentir culpada por isso.