Se me perguntassem quando não tinha filhos, do que eu achava sobre o arnês de segurança para crianças, que em Portugal teimam em chamar de “trela”, provavelmente teria respondido que as trelas são apenas úteis para cães. Mas, depois de ter filhos tudo muda e o meu filho usou “trela” e eu vivo muito bem com isso!
Começa logo aí! Já o tema fica logo com uma conotação negativa, porque animais não se comparam aos bebés (para algumas pessoas), porque a criança está restrita de movimentos, porque fica mal (mais as avós), porque pobrezinho, porque temos que lhe agarrar a mão fugidia até ficar sem sangue, porque isto e aquilo.
Com a maternidade vêm uma série de medos, consoante a personalidade de cada um. Mas eu tenho a certeza que há um comum a todos os pais: medo de perder um filho.
Medo que se perca e vá para uma estrada, ou medo que alguém o leve para sempre.
Perder uma criança é um tipo muito específico e cruel de perda.
Uma das características únicas de perder um filho é que sempre há um sentimento de culpa. O papel de ser pai ou mãe é manter seu filho presente e neste mundo, saudável e bem, então, independentemente das circunstâncias, as mães muitas vezes sentem que falharam. E é um fardo tão grande de carregar.
Ter filhos e ter filhos saudáveis é normal, natural. Eles fugirem pelos centros comerciais fora, no meio da multidão, é normal… quase temos uma paragem cardíaca, mas aguentamos.
Mas as pessoas experimentam perdas com mais frequência do que imaginamos. Há mais crianças que desaparecem, do que imaginamos.
Contudo, muito stress pode ser evitado.
Ter um arnês colocado no nosso filho em viagem num país desconhecido, no meio de uma multidão, num agitado mercado de rua, num centro comercial de uma cidade em plena época natalícia, etc, não é paranóia de pais. É SEGURANÇA. É evitar nervos, correria e lágrimas.
Qualquer um que tenha sido pai, já experimentou o terror de não ser capaz de encontrar seu filho, seja num parque de diversões, um desfile, numa loja, ou onde quer que as crianças se possam perder – o que é em qualquer lugar, às vezes até seu próprio bairro. Por ano milhares de crianças perdem-se temporariamente de um dos pais ou de um cuidador, ainda que apenas por alguns minutos excruciantes.
Além da agonia, se sermos humanos e termos distraído por 1 segundo, há toda uma comunidade para nos enterrar em culpa. Olhares, comentários que leva a crer que ou nunca estiveram com uma criança, ou são só parvos.
Sim, o meu filho usou o arnês, e só nos fez bem a todos. Para ele era indiferente, até achava piada às asas de morcego que a mochila tinha nas costas. Colocávamos em lugares desconhecidos, cheios de turistas. Nós conseguíamos olhar em frente por um bocadinho, não havia nervoso nem problemas, logo tudo era mais tranquilo.
É uma coisa para se usar um bocado, não durante o dia todo, ou sequer horas.
Se já pensaram em ter um arnês destes e não o compraram por receio do que os outros vão dizer… só vos digo uma coisa: comprem e nem pensem duas vezes!