Como funciona a amamentação?
Cada mamã produz o leite de acordo com as necessidades nutricionais do seu bebé. Ao longo da mamada, a composição do leite materno altera-se com o intuito de satisfazer e nutrir o bebé.
Esta característica é impossível de reproduzir artificialmente, o que significa que não se conseguiria atingir os mesmos efeitos no organismo do bebé.
Mas, se por algum motivo não puder ou conseguir amamentar o seu bebé, relaxe que há soluções que quase reproduzem o que o corpo feminino faz há milhares de anos.
Sabia que a composição e quantidade de leite materno sofre alterações ao longo do tempo?
É verdade. O leite materno passa por vários estágios ao longo do tempo: quando o bebé nasce, produz o colostro, que passa a leite de transição 4 a 5 dias após o parto que, posteriormente, passa a leite maduro (cerca de 15 dias após o parto).
A adaptação da composição e da quantidade de leite produzido às necessidades nutricionais do bebé mantém-se durante todo o período de amamentação.
Após a introdução de alimentos sólidos na dieta do bebé, as mamas produzem apenas o leite necessário para completar as suas necessidades.
Devido à sua composição e riqueza nutricional, a Organização Mundial de Saúde aconselha que o bebé seja exclusivamente alimentado com leite materno durante os seus primeiros 6 meses de vida.
Atualmente, várias organizações mundiais sugerem que a amamentação deva ser realizada até aos 2 anos, como complemento à dieta da criança.
Mas afinal, como é produzido o leite?
Basicamente são duas hormonas que fazem praticamente o trabalho todo:
- a prolactina (hormona que estimula a produção de leite);
- a ocitocina (hormona que provoca as contrações uterinas durante o trabalho de parto e estimula a secreção do leite materno).
Ao mamar, o bebé estimula a auréola e o mamilo da mãe. Com essa estimulação, a prolactina é libertada e inicia-se a produção de leite.
Assim, sempre que o bebé é amamentado, está a enviar sinais ao seu corpo para produzir mais leite.
Durante a amamentação, o hipotálamo liberta ocitocina e provoca a descida do leite através dos ductos (canais) até ao mamilo.
Portanto, quando inicia a amamentação, este processo é desencadeado em resposta a uma estimulação física (a sucção do bebé do mamilo e da auréola).
Mais tarde, também o choro do bebé ou a sua presença podem provocar um maior fluxo de leite.
Se a mãe se encontrar triste, deprimida ou cansada, a ocitocina pode ser inibida. Apesar de, na maioria das vezes, ser um acontecimento temporário, esta situação pode ser revertida.
Quantas vezes e por quanto tempo devo dar de mamar
1. Devo oferecer uma ou as duas mamas durante a amamentação?
Nos primeiros dias é normal oferecer as duas mamas.
Após a subida do leite, deverá esvaziar uma mama completamente e só depois oferecer a outra.
Na seguinte refeição, deve começar a dar da maminha da qual o bebé menos mamou (ou não mamou de todo).
Assim, estará a produzir leite de uma forma igualitária (ou mais ou menos – isto não é, de todo, uma ciência exata!).
2. Quantas vezes por dia devo dar de mamar?
Ora bem, essa é uma pergunta que pode levantar algumas questões. O regime é livre.
Os intervalos entre cada mamada pode variar bastante – entre 2h30 a 4h30 durante o dia e ir até às 5/6h durante a noite.
Há ainda noites ou dias em que o bebé parece mamar muito pouco e mama quase de hora em hora. Apesar de não ser regular, pode acontecer.
Factores que influenciam os intervalos entre as mamadas:
- A hora e a duração da última mamada (algumas mães registam esses dados numa agenda);
- Ritmo de sucção do seu bebé, para ajuda a perceber se está ou não a mamar convenientemente;
- Saber reconhecer os sinais de saciedade do bebé.
Tudo isto vem com a experiência. Se é mãe de primeira viagem, relaxe que já é meio caminho andado para a amamentação correr bem.
3. Durante quanto tempo devo dar de mamar?
A duração de cada mamada é variável, podendo ir de 20 a 45 minutos.
Para uma amamentação bem sucedida é fundamental que se sinta confortável e completamente disponível para dar de mamar.
Inicialmente, as mamadas, são curtas. Com o aumento da produção de leite, a sua duração aumenta.
No entanto, é importante frisar que cada corpo é um corpo e as mamadas não têm uma duração limitada (não tem de parar de dar de mamar após os 20 minutos – o seu bebé é que manda). Tudo depende da sucção, da produção e muitos outros fatores que podem distrair a criança.
“O tempo de permanência na mama em cada mamada também não deve ser estabelecido, uma vez que a habilidade do bebé em esvaziar a mama varia entre as crianças e, numa mesma criança, pode variar ao longo do dia dependendo das circunstâncias.
É importante que a criança esvazie a mama, pois o leite do final da mamada – leite posterior – contém mais calorias e sacia a criança.“
In Artigo da Dra Elsa Giugliani do Jornal de Pediatria (J. pediatr. (Rio J.). 2000; 76 (Supl.3): S238-S252.).
10 passos para o sucesso da amamentação
Uma maternidade ou hospital pode ser considerado “Amigo dos Bebés” quando cumpre as Dez Medidas para um Aleitamento Materno com Sucesso.
Estas medidas são recomendadas pela UNICEF e pela Organização Mundial de Saúde de forma a garantir que as maternidades e hospitais sejam reconhecidos centros de apoio ao aleitamento materno.
Dez medidas para o aleitamento materno com sucesso
- Ter uma norma escrita sobre aleitamento materno na instituição de cuidados de saúde, que deve ser rotineiramente transmitida a toda a equipa.
- Treinar a equipa de profissionais de saúde, capacitando-a para implementar essa norma junto das gestantes e parturientes.
- Informar sobre as vantagens e os procedimentos de amamentação.
- Ajudar a mãe a iniciar a amamentação na primeira meia hora após o parto.
- Mostrar às mães como amamentar e como manter a lactação, mesmo quando não estão com os filhos a todas as horas.
- Não dar ao recém-nascido nenhum alimento ou bebida além do leite materno, a não ser que haja indicação clínica em contrário.
- Praticar o alojamento conjunto – permitir que mães e bebés permaneçam juntos 24 horas por dia.
- Encorajar a amamentação sob livre vontade do bebé.
- Não dar bicos artificiais ou chupetas a crianças amamentadas.
- Encorajar o estabelecimento de grupos de apoio à amamentação, para onde as mães devem ser encaminhadas após a alta hospitalar.
Informação a reter:
Quanto mais o bebé mamar, mais volume de leite é produzido pela mãe. Tudo com muita calma, que o stress pode provocar inibição da ocitocina.
Cada mulher produz a quantidade de leite que o seu corpo consegue produzir. O bebé pode ou não adaptar-se à maminha e ao leitinho. Com calma e ajuda especializada pode conseguir resolver questões que lhe estejam a provocar ansiedade.
Nem todos os bebés mamam o mesmo. Há aqueles que mamam o estritamente necessário, depois há os “gulotões” e os preguiçosos (que só falta que lhes esguichem o leitinho para a boca para não terem trabalho). Como tal, o tempo no qual permanecem na maminha da mãe é também variável.
Se formos a ver bem, é tal e qual como nós. Há quem coma muito devagar e há os que “não comem, engolem”, como costumamos dizer.