É muito comum, nos dias de hoje, ouvir-se falar em intolerância alimentar. E os pais de crianças de tenra idade, com meses de vida, são por vezes pressionados para rapidamente compreenderem o que implica este tipo de recusa alimentar, porque razões acontece, que implicações tem e como pode ser minimizado.
Intolerância alimentar
Antes de mais é importante desmitificar 2 importantes ideias:
1. Intolerância alimentar é um tipo de alergia alimentar. Falso.
A intolerância alimentar tem lugar quando, no organismo não existem condições metabólicas essenciais para digerir determinado constituinte alimentar. Exemplos deste facto são as pessoas intolerantes à lactose (níveis baixos ou ausentes da enzima lactase essencial para a sua degradação e digestibilidade) ou intolerância ao glúten (incapacidade total ou parcial para digerir o glúten, constituinte presente no cerne da maior parte dos cereais).
O mesmo não sucede com a alergia alimentar que implica necessariamente, no organismo, a resposta do sistema imunitário e, por isso mesmo, trata-se de uma hipersensibilidade muito séria e cuja única medida preventiva será a privação da ingestão do constituinte alimentar suspeito (ainda que, por exemplo, a acupunctura possa minimizar a severidade dos sintomas produzidos).
2. Intolerância alimentar é sempre para toda a vida. Falso.
Em grande parte dos casos, e muito comum nos primeiros anos de vida, a intolerância alimentar pode resultar da imaturidade do sistema digestivo, razão pela qual o médico assistente da criança irá definindo estratégias de exposição ao alimento / constituinte alimentar suspeito de acordo com o desenvolvimento infantil por forma a ir avaliando se, no organismo, a intolerância se mantém ou não, situação muitas vezes avaliada em função do ingrediente suspeito, da idade do indivíduo e do quadro clínico que foi sendo registado ao longo do tempo. Afinal, a resposta alimentar varia sempre de pessoa para pessoa.
Por outro lado, é importante perceber que à medida que a criança cresce, a limitação metabólica pode atenuar-se ou mesmo anular-se. Por outro lado, ao longo da vida, uma intolerância alimentar poderá ser resultado de um momento pontual de doença, ou toma de medicação em resultado disso, e que tal possa comprometer a adequada digestibilidade metabólica de determinados constituintes alimentares.
A intolerância alimentar normalmente apresenta sintomas como inchaço do abdómen, vómitos, cãibras abdominais e aparecimento de borbulhas, sintomas semelhantes aos reportados pelas alergias alimentares, mas, normalmente sentidos com menor severidade. Por outro lado, e conforme já referido, a intolerância alimentar pode surgir apenas em determinado estágio da vida, o mesmo não sucedendo com as alergias alimentares.
De um modo geral, a predominância de uma intolerância alimentar exige também que o consumidor se prive da ingestão de determinado constituinte alimentar e que poderá encontrar-se presente num vasto leque de produtos, sobretudo processados, onde o ingrediente implicado pode estar presente.
Nos nossos dias, com a globalização dos mercados e os avanços tecnológicos da Indústria Alimentar, surgem cada vez mais novas combinações de constituintes alimentares, novos coadjuvantes alimentares, novos ingredientes, razões pelas quais, a prevalência das intolerâncias alimentares tem vindo a aumentar ao longo dos anos e, considerando, que o organismo humano, por factores intrínsecos (ex. stress, cansaço, alimentação) e extrínsecos (ex. pressão ambiental), tem vindo a reduzir a sua robustez.
Vale pois a pena, vigiar, prevenir e… preferir alimentos naturais (ex. fruta, cereais inteiros) em detrimento dos alimentos processados (ex. purés de fruta, flocos de cereais, preparados de carne, etc.). Para todos os membros da família, independente da sua idade, e mesmo que nunca, na vida, tenham sido registados episódios de recusa alimentar. Tratando-se de uma intolerância alimentar… surpresas podem sempre surgir.
A regra é assegurar o equilíbrio e a diversificação na qualidade alimentar do que se coloca na mesa. Para isso manter-se devidamente informado, e saber analisar o rótulo das embalagens alimentares, é muito importante.