A alimentação no 1º ano de vida do bebé gera muitas dúvidas aos pais, este artigo pretende ajudar os pais em todas as etapas da alimentação do seu bebé.
O primeiro alimento é o leite materno! A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda, nos primeiros 6 meses de vida do bebé, o aleitamento materno exclusivo, já que assegura um crescimento, desenvolvimento e saúde ótimos.
A introdução de novos alimentos deve ter início aos 6 meses já que a quantidade de leite é insuficiente para suprir adequadamente as necessidades energético-proteicas e em micronutrientes do bebé.
Alimentação no 1º ano de vida do bebé
Alimentação no 1º ano de vida: aleitamento materno
Segundo análise científica recente verifica-se uma associação do aleitamento materno a um menor risco de doenças infantis. Entre elas, otites, gastroenterites agudas, infeções respiratórias, dermatite atópica, asma, obesidade, diabetes, leucemia, síndrome da morte súbita no lactente, entre outras situações clínicas.
Embora seja o desejável durante os primeiros 6 meses de vida, o aleitamento por um menor período ou o aleitamento parcial têm também um efeito benéfico. É ainda desejável que o aleitamento materno acompanhe todo o programa de diversificação alimentar.
Alimentação no 1º ano de vida: diversificação alimentar
A introdução de novos alimentos deve ter início aos 6 meses. Por vezes a alimentação diversificada inicia-se aos 4 meses, quando a mãe dá início ao trabalho ou quando o leite materno começa a ser insuficiente para um crescimento e desenvolvimento adequado.
Se a introdução dos alimentos sólidos não ocorrer até aos 10 meses, aumentará o risco de dificuldades na alimentação com impacto negativo nos hábitos dietéticos em idades posteriores.
Como iniciar a diversificação alimentar?
Atualmente existem duas formas de iniciar a diversificação alimentar, a tradicional e a “baby-led weaning”:
- Na diversificação tradicional os alimentos são apresentados ao bebé numa colher e a textura é alterada progressivamente.
- No método baby-led weaning os alimentos são apresentados de forma inteira deixando o bebé escolher o que come, agarrando os alimentos, incentivando assim a autoalimentação.
Na alimentação diversificada introduzem-se outros alimentos que não o leite e de textura progressivamente menos homogénea até à inserção na alimentação da família, que ocorrerá a partir dos 12 meses.
Ordem de introdução dos alimentos
A ordem de introdução de novos alimentos não pode ser rígida já que deve ter em atenção fatores de ordem cultural, económica, social e questões relacionadas com a criança em si.
Alimentação no 1º ano de vida: 6 meses
O caldo / puré de legumes ou a papa de cereais deve ser o primeiro alimento a ser introduzido. Tradicionalmente a papa de cereais era o primeiro alimento a ser introduzido – oferece hidratos de carbono, proteínas de origem vegetal, vitaminas e minerais e têm elevado valor energético (cerca de 400 kcal/100g).
A papa de cereal pode ser reconstituída com leite materno ou adaptado (são as papas não lácteas) ou com água (papas lácteas). Se a sua introdução for feita entre os 4 -6 meses a papa deverá ser sem glúten (proteína que existe no trigo, aveia, cevada e centeio).
A partir daí poderá oferecer-se gradualmente uma papa com glúten, preferencialmente acompanhada pela manutenção do aleitamento materno (para reduzir o risco de diabetes tipo 1, doença celíaca e outras doenças alérgicas).
Já que o sabor doce é inato leva a que cada vez mais se preconize em primeiro lugar a introdução de um alimento não doce, como é o caso do caldo / puré de legumes.
Os primeiros caldos / purés de legumes
Este caldo / puré de legumes deve ter inicialmente 4 dos seguintes alimentos: batata, abóbora, cenoura, alface, courgette, alho francês, brócolos, couve branca e cebola.
Os restantes devem seguir a regra de introdução de novos alimentos no bebé – introduzir alimentos entre 3 a 5 dias para verificar possíveis reações alérgicas.
Neste caldo / puré deve ser adicionado 2.5 a 5 ml de azeite em cru já que a gordura é de extrema importância para a estruturação das membranas celulares e maturação do sistema nervoso central e imunológico.
A consistência deste caldo deve ser, ao longo do tempo, cada vez menos líquido para que o bebé se vá adaptando a diferentes texturas, fundamentais para o desenvolvimento dentário.
Espinafres, nabiças, nabo, beterraba, aipo, pimento e tomate são para introduzir um pouco mais tarde (a partir dos 12 meses).
A riqueza nutricional da sopa de legumes
No geral os produtos hortícolas têm baixo valor energético e são excelentes fornecedores de vitaminas, minerais e fibra, tal como a fruta. Recomenda-se a sua introdução, gradual, tal como os restantes alimentos, a partir dos 6 meses.
Introdução da fruta
A fruta deve ser da época, madura e oferecida como sobremesa, crua ou cozida, esmagada ou ralada. Inicialmente começa-se pela maçã, pêra, banana, papaia… Após os 12 meses oferecem-se outras frutas, consideradas mais alergogénicas (morango, kiwi, amoras, maracujá).
Os frutos devem ser oferecidos individualmente e não sob a forma de puré de vários frutos (treino do paladar).
Os sumos de fruta naturais devem ser dados só a partir dos três anos já que não incentivam a mastigação, são pobres em fibra e provocam desadequação do paladar.
Alimentação no 1º ano de vida: 7 meses
Introdução da carne
Ao caldo / puré de legumes, e a partir dos 6-7 meses, deverá adicionar-se uma porção de carne (cerca de 10 a 15 gr por puré) de coelho, frango e peru, seguido de vitela, cabrito e borrego. A quantidade deve aumentar gradualmente até cerca de 25 a 30 gr / dia.
Introdução do peixe
A introdução de peixe deve iniciar-se, tal como a carne, a partir do 6-7 meses, em quantidades que não devem exceder as 15 gr / dia.
Inicia-se a sua oferta com peixes magros (pescada, linguado, peixe-espada, abrótea, cherne, maruca, pargo) e a partir dos 10 meses podem-se introduzir peixes gordos (salmão, cavala, atum, congro, …).
A partir dos 7 meses, a carne ou o peixe pode ser oferecido na açorda ou farinha de pau e aos 8-9 meses a arroz e massa branca, cozinhados sempre com legumes.
Alimentação no 1º ano de vida: 9 meses
Iogurte
O iogurte deve ser introduzido aos 9 meses, natural, sem aromas nem com adição de açúcar ou natas. Pode ser oferecido ao lanche, em alternativa da papa ou leite.
Leguminosas
As leguminosas (feijão, grão, ervilhas e favas) são introduzidas entre os 9-11 meses. São fornecedoras de proteínas de origem vegetal, hidratos de carbono e fibra. Sugere-se a sua introdução em sopas e mais tarde no prato principal.
Ovos
O ovo é, tal como a carne e o peixe, uma importante fonte proteica:
- Aos 9 meses começa-se a introduzir 1/2 gema / refeição / semana durante 2-3 semanas, seguida de 1 gema / refeição / semana durante 2 a 3 semanas;
- A clara, por ser alergogénica, deve ser dada a partir dos 11-12 meses.
Alimentação no 1º ano de vida: outras recomendações
- Logo que é iniciada a introdução diversificada deve ser oferecida água ao bebé, várias vezes ao dia;
- O sal e açúcar são dois aditivos que não devem ser oferecidos ao bebé, pelas desvantagens que são do conhecimento de todos e porque, quanto mais tarde forem oferecidos, menos serão “procurados”. Os alimentos já contêm sal (sódio) e açúcar na sua composição. Tudo o que se adiciona estará em excesso;
- A única gordura de confeção permitida é o azeite, pelas vantagens nutricionais que apresenta;
- Devem preferir-se sempre produtos naturais da época, por questões económicas mas também de proximidade ou produtos congelados;
É importante que ao longo do 1º ano de vida o bebé experimente novos sabores, texturas e temperaturas na sua alimentação. Esta diversidade irá ajudar o bebé a desenvolver o paladar, além de das capacidades de sucção, mastigação e deglutição.
É importante que, com o passar dos meses, a alimentação não se baseie apenas em purés ou papas, e que evolua progressivamente para alimentos de consistência mais dura: “o bebé deve dar aos dentes mesmo antes de os ter”.