O seu bebé já está preparado para comer alimentos sólidos? Se a primeira pergunta que lhe vem à cabeça é “como?” e se ficou ainda mais confuso depois de uma rápida pesquisa pelo tema na internet ou após conversa com amigos e familiares, neste artigo vamos explicar-lhe tudo o que deve ter em conta nesta nova fase.
Quando introduzir alimentos sólidos?
Em primeiro lugar, é importante perceber que não há uma idade correta para a introdução alimentar e que tudo varia de bebé para bebé. De acordo com a nutricionista Inês Pádua, os bebés têm o seu próprio desenvolvimento e não devem ser comparados, como muitas vezes fazemos.
Assim, “a introdução alimentar, o seu sucesso e a sua aceitação dependem do estado de maturação neuro motora do bebé”. Falamos, por exemplo:
- Controlo axial (capacidade de ficar sentado);
- Perda do reflexo de extrusão da língua (um indicador de insegurança face à descoordenação motora para deglutir);
- Vedamento labial (capacidade de fechar a boca para engolir);
- Estado de desenvolvimento digestivo e renal;
- Existência de patologias;
- Contexto familiar.
Como preparar esta nova fase
Como vimos, não há uma altura certa para iniciar o bebé em alimentos sólidos. A maior parte dos especialistas, recomenda esta fase a partir dos 6 meses de idade.
A nutricionista Inês Pádua partilha alguns conselhos que devem ser tidos em conta pelos pais:
Tranquilidade, respeito pelo tempo do bebé e controlo de expectativas
Lembre-se: esta é uma fase de adaptação e de aprendizagem. Nem todos os bebés desenvolvem o mesmo interesse pela alimentação e, certamente, não ao mesmo tempo. Tendo em conta que esta é uma fase de alimentação complementar (ou seja, que complementa o leite), garanta que as quantidades de alimento são adequadas à idade do bebé (não são adultos ou mini-adultos).
Perceber que é uma fase crucial para a educação alimentar
Esta etapa é extremamente importante para o desenvolvimento do bebé. Deve expor a diferentes sabores e texturas, pois uma alimentação saudável e diversificada é um investimento para a saúde da criança.
Procurar apoio de um nutricionista
Muitas vezes, pensamos no nutricionista apenas para tratamento de alguma patologia e não como um profissional que pode ajudar na prevenção e no desenvolvimento e crescimento saudável. Para além de ajudar o bebé e a família nesta fase, pode aconselhar sobre o tipo de alimentos a introduzir e as quantidades certas para a criança.
Utensílios de alimentação
Não podemos esquecer que a cadeira e os outros utensílios de alimentação têm um papel crucial no sucesso da introdução alimentar. No entanto, tudo deve ser adaptado a cada bebé.
Tradicional, BLW e BLISS
Quantas vezes já se cruzou com o termo métodos alternativos de introdução alimentar? Estes métodos têm suscitado cada vez mais interesse dos pais e estão associados a inúmeras vantagens.
Existem três métodos: tradicional, BLW (Baby-led Weaning) e BLISS (Baby-Led Introduction to Solids).
- O método tradicional pressupõe que o bebé seja alimentado à colher por alguém, com preparações de texturas homogéneas (como as papas ou purés).
- O BLW promove a introdução alimentar conduzida pelo bebé. Os alimentos são apresentados em formato de “finger foods”, adequadamente preparados, e o bebé tem autonomia na sua exploração e no consumo.
- O BLISS pode ser definido como um método misto entre o tradicional e o BLW, mais centrado nas questões nutricionais.
Métodos alternativos: dar autonomia ao bebé
Mas, afinal, do que se tratam os métodos alternativos? De uma forma resumida, é quando a alimentação depende da criança. Ou seja, a ideia é “deixar que seja o bebé a descobrir os paladares e as texturas dos alimentos, manuseando e tendo liberdade para explorar ao seu próprio ritmo”, explica Inês Pádula.
Não há uso de talheres nem intervenção do adulto para comer. A confiança é a base – é a criança que escolhe que alimentos está preparada para comer e decide quando está satisfeita. Esta é uma técnica segura, pois trata-se de uma alimentação complementar, pelo que o bebé ainda tem acesso aos nutrientes do leite.
O método mais recomendável é aquele com que a sua família se sentir mais confiante e melhor se adaptar.
O complemento do BLISS
De acordo com a nutricionista, o BLISS “resulta de alguma evidência que nos mostra que, em algumas crianças, o BLW restrito pode ter algum impacto em termos de aporte nutricional”. Isto porque, tendencialmente, existe maior ingestão de frutas e vegetais e menor de cereais e fontes proteicas animais, o que pode conduzir a menor aporte de ferro. “Assim, nestas crianças poderá justificar-se o BLISS”.
Por isso, o BLISS é considerado, como referido, um método misto. Pressupõe que possa existir a mínima utilização da alimentação à colher (necessária para algumas preparações, de forma a garantir particularmente fontes de ferro e proteína), combinada com os pressupostos em termos de alimentos e experimentação do BLW.
Os alimentos
Em ambos os métodos, os primeiros alimentos a introduzir serão frutas, legumes cozidos e hidratos de carbono saudáveis. Consulte aqui a lista completa dos alimentos que deve oferecer. Pense sempre em texturas macias, suaves e fáceis de mastigar e engolir.
Os novos alimentos deve ser apresentados à criança de forma lenta e gradual, com aumento progressivo da quantidade e consistência. Respeite um intervalo de, aproximadamente, 3 a 4 dias entre a introdução de um novo alimento e o seguinte.
Vantagens
Os métodos alternativos BLW e BLISS são, sobretudo, educacionais, pelo que apresentam muitas vantagens:
- Estimulação da autonomia do bebé;
- Desenvolvimento do controlo do apetite e saciedade do bebé (o que se tem associado a um impacto no risco de obesidade futura);
- A refeição passa a ser um momento em família: o bebé sente-se incluído;
- Não precisa de cozinhar algo específico, para além do que prepara para o resto da família;
- Desenvolvimento habilidades motoras;
- Promove bons hábitos alimentares e melhor qualidade e diversidade alimentar;
- Maior aprendizagem em termos diferentes texturas, sabores, tamanhos e formas dos alimentos.
Apesar de ambos os métodos se centrarem na promoção da autonomia do bebé na hora da refeição, nunca deixe a criança a comer sozinha, sem supervisão. Garanta, ainda, que a criança está corretamente sentada na cadeira, com a coluna reta.