A alimentação dos bebés e a ingestão adequada de todos os nutrientes geram sempre muitas dúvidas nos pais. O ferro, particularmente, é um dos minerais mais falados. É necessária a suplementação em ferro para os bebés durante a amamentação? E durante a diversificação alimentar?
Suplementação em ferro para os bebés
A suplementação em ferro é um caso “bicudo”. Existem opiniões diferentes entre academias e ainda não foi tomada nenhuma posição governamental em Portugal relativamente a este assunto. Ainda assim, tentamos responder de uma forma clara para que os pais também façam escolhas informadas.
O que é o ferro e porque é que é importante?
O ferro é um mineral necessário para muitos processos no nosso organismo, sendo importante referir que é um dos principais constituintes da hemoglobina (célula do sangue) e por isso, sem este, o organismo é incapaz de a produzir nas quantidades necessárias.
A hemoglobina é responsável por transportar o oxigénio, levando-o dos pulmões aos tecidos de todo o corpo. Assim, sem ferro, não haverá hemoglobina (glóbulos vermelhos) e os tecidos do corpo deixarão de receber a quantidade de oxigénio necessária.
A deficiência em ferro é um dos défices nutricionais mais comuns no mundo e particularmente em lactentes, e a principal causa de anemia nas crianças.
O bebé precisa de suplementação em ferro durante o aleitamento materno exclusivo?
Sabemos que os recém-nascidos de termo (não prematuros) apresentam reservas de ferro suficientes até cerca dos quatro – seis meses de idade. Posteriormente, e porque o leite materno é pobre em ferro, ficam dependentes da presença deste nutriente na sua alimentação, sendo uma das razões que justifica o início da diversificação alimentar e o facto de se recomendar a introdução da carne logo aos 6 meses de idade.
Assim, existem associações que defendem que como os níveis de ferro não são determinados por rotina e como tal, não se sabe exatamente quando esgotam, os bebés devem fazer suplementação após os 4 meses e até obterem a quantidade necessária através da alimentação os alimentos ricos em ferro.
De notar que apesar de todas estas questões o leite materno é sempre aconselhado e recomendado e que antes de decidir e iniciar qualquer suplementação, informe-se sempre com o seu pediatra e nutricionista para que possam avaliar o caso individual do seu bebé.
O bebé precisa de suplementação em ferro após o inicio da diversificação alimentar?
Os estudos apontam que o aporte ideal para as crianças são cerca de 11mg/dia de ferro através dos alimentos, sendo recomendada a suplementação apenas até que estes valores sejam atingidos.
Mais uma vez, é necessário que se informe e aconselhe com o seu médico mediante o caso especifico do seu bebé e que promova uma diversificação alimentar conducente a uma alimentação saudável, completa e equilibrada e que dispense suplementos.
A alimentação deve ser sempre a forma primordial de conseguir os nutrientes necessários, deixando que os suplementos em ferro sejam reservados para casos clínicos que o justifiquem.
A carne, o peixe, o ovo, as leguminosas (feijão, grão, ervilhas) e os vegetais de folha escura são exemplos de alimentos ricos em ferro e que podem e devem integrar a alimentação da criança, ainda que a seu tempo.
Quais são os casos clínicos que podem justificar a suplementação em ferro?
Existem algumas situações especificas que são exceções e nas quais se aconselha a suplementação em ferro. Duas das situações mais comuns são:
Bebés prematuros
Os bebés prematuros, nascem frequentemente com algumas deficiências nutricionais, sendo a deficiência em ferro uma das mais comuns. Assim, é geralmente necessário que estes bebés façam suplementação e que esta se prolongue.
Anemia
Se o crescimento da criança e o aumento das necessidades de ferro devido ao crescimento da massa muscular e volume de sangue não for acompanhado com uma alimentação saudável, é muito provável que a criança fique com deficiência em ferro, desenvolva anemia e seja necessário considerar a suplementação.
Bebés prematuros, bebés com baixo peso à nascença ou bebés de mães com determinados problemas durante a gestação (anemia, diabetes não controlada) têm sido associados a um maior risco de desenvolver anemia.