Durante a gravidez, o corpo da mulher modifica-se semana após semana para acomodar uma nova vida. Enquanto a barriga cresce, a futura mãe pode experimentar diversos sintomas relacionados com as alterações hormonais típicas desta fase. Mas, depois de tantas mudanças, o que acontece às hormonas no pós-parto?
O nascimento do bebé dá início a um período de ajustes para todos os membros da família. A mãe, no entanto, sente todas estas transformações na pele, literalmente. Por fora, adapta-se ao novo contexto aos poucos, mesmo que este não seja o seu primeiro filho. Por dentro, o organismo trabalha incansavelmente para reencontrar o equilíbrio.
O ciclo das hormonas no pós-parto
A placenta é um órgão que está diretamente ligado ao alto nível de determinadas hormonas na gestação. Após a sua saída, na última fase do trabalho de parto, começam as alterações características do puerpério.
Estrogénio e progesterona
Os níveis de estrogénio e progesterona mantêm-se elevados durante toda a gravidez. A placenta é responsável por garantir estas taxas, importantes para que o bebé esteja seguro e bem protegido no útero da mãe.
Assim que a placenta se desprende da cavidade uterina e é expelida, os níveis destas hormonas caem bruscamente. Esta queda envia para o organismo a mensagem de que não há mais gestação para ser mantida e que é o momento de iniciar uma outra etapa.
A mudança é positiva, pois permite, entre outras coisas, o início da amamentação. No entanto, traz consigo alguns efeitos adversos. A reduzida presença de estrogénio e progesterona no organismo contribuem, em certa medida, para o estado de confusão mental da recém-mãe e as flutuações de humor, comuns nas primeiras semanas.
O regresso do período e/ou o desmame fazem com que as hormonas atinjam outra vez valores próximos aos da fase pré-gravidez.
Prolactina
A prolactina é uma das hormonas mais importantes para a produção de leite materno, mas esta não é a sua única função. Na gravidez, atua na preparação das mamas para a amamentação, estimulando o desenvolvimento do tecido e das glândulas mamárias.
A saída da placenta, e com ela a redução dos níveis de estrogénio e progesterona, permite que a prolactina inicie a lactogénese, ou seja, a produção e libertação do leite propriamente ditas.
Além disso, o aumento da prolactina correspondente à fase da amamentação, mais precisamente durante a amamentação exclusiva, pode provocar a redução da libido e a ausência de período e da ovulação durante alguns meses.
Oxitocina
Protagonista durante o trabalho de parto, a oxitocina continua a ter grande importância também no pós-parto. Esta hormona, chamada de hormona do amor, provoca as contrações uterinas mesmo depois do nascimento do bebé, fazendo com que o órgão retorne ao seu tamanho normal.
Na amamentação, é a oxitocina a responsável por contrair os alvéolos onde o leite é produzido para que o líquido flua pelos ductos até o mamilo. Esse mecanismo é chamado de reflexo de ejeção do leite ou reflexo da oxitocina. Quanto ativo, causa uma sensação de “formigueiro” nas mamas no início das mamadas.
Ao mesmo tempo, sempre que o bebé mama nos primeiros dias, é normal sentir cólicas, sinal que o útero está a contrair sob a ação da oxitocina.
Perceber as mudanças físicas e emocionais típicas do pós-parto ajuda a lidar melhor com esta fase que nem sempre é pêra doce. Todos precisam de tempo e da tranquilidade possível para compreender e aceitar que tudo está diferente, mas por um excelente motivo.