A ansiedade no pós-parto é um fenómeno relativamente comum que surge associada às novas responsabilidades e à pressão de cuidar de um bebé aparentemente frágil e dependente.
Ansiedade no pós-parto mito ou realidade?
Quando se falam em problemas psicológicos no pós-parto, há uma remetência quase imediata para o “Baby Blues“ ou para a depressão pós-parto.
Contudo, existem outras afeções que ocorrem no pós-parto a nível psicológico como a ansiedade puerperal. É verdade que existe, e persiste, muitas vezes sem lhe darmos o devido valor!
A ansiedade por si só, é um estado emocional que apresenta manifestações a nível físico e psicológico. Faz parte da experiência humana e é responsável pela adaptação do organismo a situações de perigo.
Para determinados autores é considerada um estado emocional que não pode ser evitado.
Ansiedade no pós-parto
Mas falando especificamente na fase em que a mulher acabou de ser mãe, na fase puerperal, aqui, a ansiedade é um fenómeno comum, sendo esta fase da vida de uma mulher um período de maior risco para o surgimento ou aumento de sintomas ansiosos.
Apesar de existirem poucos estudos que descrevam os efeitos da ansiedade na mulher após o parto, a sua prevalência é de 5% a 20% das mulheres, sendo mais usual em mulheres que tiveram o seu primeiro filho.
A sintomatologia mais comum está relacionada com ataques de pânico, medo de estar em espaços abertos ou no meio da multidão, medo de ficar sozinha com a criança ou hipocondria relativa ao bebé.
Até o stresse que envolve o acolhimento e responsabilidade de um recém-nascido poderão precipitar características ansiosas.
Em 2005, Britton realizou um estudo sobre a influência da mulher que sofre de ansiedade no pós-parto, no recém-nascido, numa amostra de 422 mulheres onde avaliou os seus níveis de ansiedade.
Os resultados mostraram que cerca de 24% das mulheres que acabaram de ter os seus filhos demonstraram possuir ansiedade. As mesmas, e especialmente aquelas que tiveram o seu primeiro filho, solteiras e com fraco suporte social apresentaram índices superiores de ansiedade total.
O mesmo autor ainda concluiu que as mulheres ansiosas tendem a não identificar os cuidados básicos que os recém-nascidos necessitam.
Sendo esta, mais uma afeção que acomete mulheres após o parto, é importante ressalvar que a distinção das patologias a que as mesmas podem estar sujeitas é fundamental, de forma a poder-se encaminhar a respetiva mulher para um atendimento adequado.
Por exemplo, embora sintomas ansiosos possam estar relacionados com uma depressão pós-parto, os mesmos podem não ser uma manifestação clara de uma depressão pós-parto, mas simplesmente de uma ansiedade no pós-parto, e desta forma, o tipo de apoio técnico especializado a consultar, poderá ser diferente, consoante o tratamento a realizar.