O bebé humano nasce imaturo (neotenia do recém-nascido), frágil e totalmente dependente de um cuidador. Sem este não sobrevive fisicamente e não sobreviverá psiquicamente se ele não lhe proporcionar um envolvimento relacional afetuoso, empático, estimulante, estável e adequado às suas necessidades.
Necessidades emocionais do recém-nascido
O recém-nascido, com a sua fragilidade, exerce sobre todos, mas em particular sobre os pais, um fascínio e uma atracão que comove, abala e mobiliza para a sua proteção.
A formação do vínculo afetivo entre o bebé, a mãe e o pai constitui a base do desenvolvimento psíquico futuro.
O contacto precoce pais-bebé, desde as primeiras horas de vida e durante a estadia na maternidade (rooming in), e o estabelecimento de um ambiente calmo, íntimo e protetor, são propícios ao desenvolvimento da relação precoce pais-bebé.
Quais os fatores que influenciam o desenvolvimento da relação pais-bebé?
1. As características do temperamento do bebé:
- Nível de atividade;
- Ritmo;
- Reação à aproximação;
- Capacidade de adaptação;
- Limiar da resposta aos estímulos;
- Intensidade das reações;
- Humor predominante;
- Tempo de atenção “Consolabilidade”.
2. A sensibilidade dos pais às necessidades específicas do bebé e a adequação das suas respostas.
3. O funcionamento familiar e a relação entre os pais.
4. Os fatores socioculturais.
Como se desenvolve a relação entre o bebé e os seus pais?
O bebé tem competências inatas para entrar em comunicação com o principal cuidador, geralmente a mãe.
Segundo T. Berry Brazelton [pediatra norte-americano], o bebé possui 6 estádios diferentes de consciência que utiliza como um sistema regulatório básico, para controlar a sua homeostase [condição de relativa estabilidade da qual o organismo necessita para realizar suas funções adequadamente para o equilíbrio do corpo] e a distância em relação aos estímulos:
- Sono calmo;
- Sono agitado;
- Alerta calmo – o mais propício à comunicação;
- Alerta ativo / agitado;
- Choro;
- Sonolência.
Face aos comportamentos do bebé, os pais ou substitutos aprendem a compreender e a prever as suas reações, descobrem os seus pontos fortes e as suas fragilidades, reconhecem o seu temperamento e o seu tipo de sensibilidade aos estímulos. E respondem progressivamente de modo cada vez mais adaptado, sensível, contingente e sincrónico ao seu bebé.
Como é que a relação precoce influencia o desenvolvimento do bebé?
Sabe-se hoje que a ligação precoce mãe-bebé vai influenciar o próprio desenvolvimento cerebral e contribuir para modular as emoções, o pensamento, a aprendizagem e o comportamento ao longo da vida.
As interações precoces mãe-bebé são mutuamente compensadoras, permitem que o bebé se desenvolva a nível cognitivo, emocional e relacional e que cresça com:
- Um sentimento de segurança interna;
- Confiança na relação com os outros;
- Curiosidade e desejo de explorar o mundo.
Fonte: Promoção da Saúde Mental na Gravidez e Primeira Infância – Manual de orientação para profissionais de saúde – Direção-Geral da Saúde Direção de Serviços de Psiquiatria e Saúde Mental – Lisboa: DGS, 2006 – 46 p. ISBN: 972-675-121-7