É na idade pré-escolar, dos 3 aos 5 anos, que comportamentos como a neofobia (situação em que a criança tem medo ou recusa de provar/comer novos alimentos) se tornam mais evidentes.
Este comportamento pode afetar a qualidade e variedade da ingestão alimentar das crianças, com consequências para a sua saúde na infância mas também futuramente na fase adulta.
Segundo um estudo realizado por investigadores da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, os pais desempenham um papel importante no comportamento que a criança tem face à alimentação.
Segundo este estudo, a neofobia, isto é o medo ou recusa de provar/comer novos alimentos, das crianças, avaliada pela Escala de Neofobia Alimentar (ENA) variava entre 10 a 55 (média 33,24) ou seja apresentavam valores de comportamento neofóbico mais elevado do que os encarregados de educação, de 17 a 59 (média 41,83).
Um comportamento neofóbico mais elevado das crianças encontra-se associado a uma maior frequência de ingestão de alimentos “simples” mas também a uma menor ingestão de alimentos “saudáveis” e a um percentil, do índice de massa corporal, mais elevado da criança.
Foi feita uma associação muito fraca entre a neofobia alimentar total das crianças e a neofobia alimentar total dos encarregados de educação.
Foram encontradas associações que indicam que pais menos autoritários e mais permissivos quanto aos hábitos alimentares da criança são um determinante para o aumento da neofobia.
O que se torna ainda mais percetível quando verificamos que um encarregado de educação mais neofóbico se torna mais permissivo para que a criança não coma a mesma comida da restante família, permitindo que coma uma comida diferente.
Assim, quando a criança apresenta grande dificuldade em comer o que é desejado para ela, acaba por comer menos vezes a mesma comida da restante família, mas mais vezes uma comida diferente, o que pode não só determinar uma diminuição da sua variabilidade alimentar, mas também um aumento do seu comportamento neofóbico.
Estudo desenvolvido com 72 pares criança/encarregado de educação, para estudar e perceber alguns dos determinantes do comportamento neofóbico infantil, nomeadamente a possível influência dos pais.
Bibliografia consultada:
- Determinantes da Neofobia Alimentar em Crianças dos 3 aos 5 anos, Comunicação oral, Babo MI, Almeida MDVI – Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto. In Revista SPCNA 2013 Volume 19 Nº 1.