No início havia um rosto carinhoso e familiar… que olhava para ele, sorria com os olhos e se iluminava com as suas gracinhas. Depois, a atenção do bebé desvia-se para o que o rodeia. Para uma fonte inesgotável de estímulos que cativam a sua atenção. É-lhe inato. Comunicar. Interagir. Brincar para aprender a conhecer-se e a dominar o mundo.
Os pais são o primeiro brinquedo do bebé. E o que mais atrai o recém-nascido são os rostos! Olhos expressivos, narizes franzidos e bocas que mexem. Expressões, sons e emoções que mudam consoante as ações do bebé. Rapidamente, ele descobre que tem um imenso poder sobre as reações e no semblante do seu principal objeto de interesse. É a sua primeira forma de interação.
Brincar no desenvolvimento infantil
Brincar não é supérfluo ou sem sentido, mas um meio de praticar competências que irão ser necessárias ao longo da vida. Atualmente, a criança é vista como um cidadão, um cidadão com direito ao brinquedo e à brincadeira.
Para a pedagoga Tizuko Kishimoto, é através do brincar que a criança aprende a pensar, usando essa estrutura do pensamento para descobrir o mundo que a rodeia e para desenvolver uma série de competências motoras, emocionais e sociais. Ao brincar, a criança:
- Conhece o seu próprio corpo e o mundo que a rodeia;
- Observa, toma decisões e age;
- Aprende a tomar decisões;
- Expressa sentimentos e valores;
- Partilha brincadeiras com os outros;
- Explora o mundo com diversos objetos, pessoas e elementos da natureza;
- Usa o corpo;
- Seleciona problemas e soluciona-os.
Brinquedos e brincadeiras, porque são um direito da criança?
Quando o bebé deitado do berço tem ao seu alcance um brinquedo que pode tocar com a mão ou com o pé, ele é o protagonista. Ele tem o direito de tomar a decisão de mexer a mão ou o pé para tocar o objeto ou de mudar olhar para outro ponto de interesse.
O bebé tem o direito de escolher o que quer fazer e se quer ou não tocar no brinquedo. Mas, para o fazer, o brinquedo deve ser colocado ao seu alcance e não ficar numa prateleira distante ou preso à parede.
O mesmo se passa quando o bebé cresce e já se senta no seu parque. Os brinquedos / materiais que são lá colocados permitem-lhe escolher com qual quer brincar ao mesmo tempo que descobre cores, formatos, texturas, consistências e sons diferentes. Ao fazê-lo, está a aprender, a pensar e a tomar decisões.
Quando a criança já anda, os brinquedos ajudam-a a levantar-se, a adotar uma postura ereta e a apoiar-se para dar os primeiros passos. Desenvolve os movimentos e o corpo. Quando brinca com legos, caixas ou com brinquedos de encaixe, a criança está a organizar os seus pensamentos e a tomar decisões e a resolver problemas: o que tira, o que coloca, como se encaixa a forma no sítio correto.
Na fase do imaginário, por volta dos 18 meses – 2 anos de idade, a criança começa a imitar os outros. Pela imitação, a criança começa a perceber como funciona o mundo adulto.
Tipo de brinquedos para esta idade:
- Brinquedos de empilhar e construções;
- Brinquedos que imitam os objetos dos adultos e que produzam barulho (telemóvel, telefone, relógio);
- Brinquedos de borracha para apertar;
- Livros ilustrados;
- Bonecos e carrinhos (compactos, sem peças que se possam soltar);
- Legos;
- Instrumentos musicais;
- Livros de contos infantis.
A etapa do faz-de-conta (que se desenvolve por volta dos 3 anos), ajuda a criança a explorar o seu mundo ao mesmo tempo que assume e interpreta diferente papéis sociais: de mãe, de pai, de médico, de polícia, …
A expressão motora e o raciocínio aliam-se para representar ações que são projetadas em ações a desenvolver no futuro. A criança assume que quando for médico vai desempenhar aquelas ações.
Tipo de brinquedos para esta idade:
- Puzzles;
- Legos;
- Carros e comboios;
- Plasticina e giz;
- Quadro para pintar e escrever;
- Jogos de faz de conta;
- Livros de contos infantis;
- Construções (entre os 3 a 4 anos, as crianças separam as coisas e voltam a encaixá-las e, quando ordenam e reordenam as coisas no espaço, exploram ativamente as relações das coisas entre si).
Brincar “É uma das tarefas da infância com maior responsabilidade no
desenvolvimento cognitivo, emocional, social e motor” (Marques, 2015)
Veja a seleção especial de brinquedos do Jumbo para o dia das crianças
Múltiplos espaços para brincar
Para além do tempo e dos brinquedos, a criança precisa de ter um espaço para brincar que seja seguro e estimulante. Diferentes cenários que proporcionem diferentes atividades (movimento, sons, cores, texturas, sentidos).
Mas também precisa de companhia para desenvolver as suas ações e fantasias. Encontrar tempo para brincar ao ar livre e em contacto com a natureza é igualmente importante.
Ao brincar, a criança aprende regras, aprende a partilhar, a conviver. Aprende a ganhar e a perder. A gerir expectativas e a gerir frustrações. Aprende a ser flexível, a negociar, a escolher. A ouvir. A falar. A experimentar. A testar os seus limites. A pensar estrategicamente. A ter o seu projeto de brincadeira. A Ser.