Robótica contra o bullying: poderão os robôs ajudar a prevenir o bullying? Sim, podem e se calhar melhor do que os métodos tradicionais como cartazes ou panfletos. Se sim, como podem então os robôs ajudar a prevenir o bullying? Stefano Cobello, especialista em inclusão e desenvolvimento social, explicou como na conferência “STEM e Robótica em Educação”.
O que é o bullying?
Segundo o site “Robótica contra o bullying”, o bullying é entendido como um comportamento repetido e prolongado de agressividade ou violência para com uma pessoa ou pessoas, contra a sua vontade. O bullying pode ser perpetrado devido a questões raciais, culturais, socioeconómicas, religiosas, aparência física, sexuais, etárias, de opinião política, de capacidade intelectual e outras. O bullying pode também ser perpetrado para humilhar, excluir, ferir, discriminar, intimidar ou oprimir a vitima ou vítimas do bullying.
Segundo um artigo que saiu no jornal Público ainda este ano, em Portugal, apenas 7,3% das escolas reportaram pelo menos um episódio por semana. É pouco se compararmos com os 14% da média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). Mas há quem diga que as escolas não reportam os casos como deviam, é referido.
O projeto “Robótica contra o Bullying”
“A robótica educativa é inclusiva por definição”, explicou Stefano Cobello. O especialista lançou há três anos o projeto de cariz internacional, “Robótica contra o bullying” (http://www.roboticavsbullismo.net). O projeto tem como objetivo fomentar e facilitar o uso de robôs em contexto de sala de aula para prevenir situações de bullying e conta com o apoio da União Europeia.
Stefano Cobello indicou que mais de 4000 escolas já se envolveram no projeto e que no âmbito do mesmo foram já formados mais de 150 professores em Itália. “Robótica contra o bullying” irá ser implementado em 10 países no decorrer dos próximos três anos, incluindo Portugal.
O projeto fez uma parceria com a marca de brinquedos didáticos Clementoni. A Clementoni qual irá proporcionar os simpáticos robôs que tornarão este projeto uma realidade nas escolas envolvidas.
Mas afinal, como é que um robô pode prevenir o bullying?
O apelo da robótica educacional
Se perguntar ao seu filho se prefere um livro ou um robô, o que acha que escolherá? Será quase de certeza o robô, uma escolha que possivelmente seria partilhada pela maioria das crianças de todas as idades. Porquê? Porque são divertidos, interativos e convidam à ação.
Os robôs, indicou Stefano Cobello, são aliciantes para as crianças, despertam a sua curiosidade e juntam-nas. Por isso, continua, podem ser uns instrumento para criar empatia no grupo.
No site do projeto “Robótica contra o Bullying” é referido que o robô pode ser um instrumento de fortalecimento das relações na turma. E porque convida as crianças a juntarem-se, à semelhança de outras atividades de grupo pode fomentar a criação de novos laços e uma melhor compreensão entre os seus elementos.
A robótica educacional pode ser uma ferramenta de inclusão na sala de aula. Baseada na exploração de ferramentas práticas e do convite à ação, a robótica educacional sugere formas diferentes de acesso ao conhecimento. Estas formas são consolidadas através de trabalhos de grupo que exijam uma comunicação eficaz, relacionamento e partilha.
No grupo, todos os seus elementos são convidados a participar na construção de uma tarefa de programação motivadora. Os elementos do grupo são ajudados e ajudam os colegas, podendo assim descobrir as competências dos colegas e as suas próprias competências.
Sendo assim, os elementos do grupo acabam por terem que trabalhar em conjunto, independentemente de discriminações ou problemas relacionais. O perpetrador do bullying poderá ter que trabalhar em conjunto com a vítima, em situações de interdependência.
Os robôs podem ser usados para explicar o que é o bullying
Os robôs podem ser usados para perceber o que é o bullying e prevenir esse problema, disse Stefano Cobello. Podem ser desenvolvidos programas em que o robô explica o que é o bullying, exemplificando com casos. A demonstração da gravidade do bullying e a injustiça de alguns comportamentos, funcionar como uma forma de prevenir o bullying.
Posteriormente, a proposta de atividades em que todos os elementos são incluídos é uma forma de fomentar a interação, a entreajuda e a coesão do grupo. E com um simpático robô à mistura, tudo se torna mais fácil.
A robótica e o espírito de grupo
Portanto, podemos concluir que a robótica educacional pode ser um precioso instrumento para prevenir padrões de comportamentos socialmente negativos. Os robôs são uma aliciante forma de encorajar a colaboração entre o grupo para a consecução de um objetivo comum: a tarefa proposta ao grupo.
O espírito de grupo fortalece a sensação de pertença e diminui o risco de atitudes sociais negativas. Paralelamente, o espírito de grupo fomenta a construção de relações positivas e construtivas.
Falávamos atrás da escolha entre um livro e um robô. Efectivamente, não estamos a pregar que se substituía os livros por robôs. Os livros são um precioso e mágico instrumento de aprender e de viajar. No contexto escolar pode-se precisamente criar tarefas motivadoras em que se recorra a livros e aos robôs.