O apego, o vínculo emocional que se desenvolve entre os pais e o seu filho é o principal motor do desenvolvimento infantil.
A qualidade da relação, a forma como os pais / principais cuidadores respondem às necessidades e aos apelos da criança são marcas que ficam para toda a vida e condicionam o desenvolvimento da personalidade da criança.
Ao longo da vida, vários são os fatores que influenciam a forma como percecionamos os nossos sentimentos, os sentimentos dos outros, como reagimos a eles e como nos relacionamos connosco e com o mundo que nos rodeia. Tudo isso começa logo ao nascer, quando o bebé é colocado nos braços da mãe e esta lhe dá as boas vindas à sua nova existência.
Num meio estranho e completamente hostil, o recém-nascido depende totalmente dos pais para satisfazer todas as suas necessidades e para receber afeto e segurança. A partir dessa idade, com o crescimento, a criança encontra novas formas de desenvolver as relações de apego com os pais, outras crianças e como os adultos com quem se relaciona fora do ciclo familiar.
Apego: como se desenvolve na infância?
Do nascimento aos 2 – 3 meses
O bebé aceita os cuidados de qualquer adulto
- Não faz distinção entre as pessoas – pode ser acalmado por qualquer adulto;
- Corresponde aos cuidados de modo a manter a pessoa interessada em responder às suas necessidades;
- Os sinais e os comportamentos que emite são mais reflexos do que intencionais mas sempre com o intuito de chamar a atenção dos pais (responde à voz humana, tem preferência pelo rosto humano);
- O seu principal modo de expressão é o choro;
- O apego ao cuidador principal (normalmente a mãe) começa a desenvolver-se.
Dos 3 aos 6 meses
Responde de modo diferenciado aos diferentes cuidadores
- Começa a ter controlo sobre o seu comportamento;
- Responde de modo diferenciado aos vários cuidadores (pára de chorar quando é confortado, chora quando o cuidador principal se afasta, começa a sorrir com intenção e a vocalizar);
- Começa a interagir propositadamente com o cuidador principal;
- Ocasionalmente, sorri para outras pessoas que brincam com ele.
Dos 6 aos 12 meses
Estabelece um vínculo emocional
- Recorda a presença, toque, cheiro e a voz do cuidador principal;
- Prefere o cuidador principal mas aceita ser confortado por outra pessoa na sua ausência;
- Começa a desenvolver comportamentos intencionais;
- Pode ficar assustado com a aproximação de estranhos e procura proteção imediata junto da principal figura de apego;
- Fica aborrecido quando se separa do cuidador principal;
- Demonstra agrado quando o cuidador principal regressa;
- Prefere claramente a companhia do cuidador principal;
- Apoia-se na presença do cuidador principal para começar a descobrir o mundo que o rodeia (para se sentir seguro e confiante);
- Quando o cuidador principal se afasta, fica na expectativa do seu regresso;
- Quando se assusta, sente medo ou está doente, procura o cuidador principal, o seu porto seguro.
Dos 2 aos 3 anos
O vínculo emocional com o cuidador principal é cada vez mais forte
- Afasta-se do cuidador principal para explorar o que o rodeia;
- O vínculo emocional com o cuidador principal tem a mesma intensidade e frequência das fases anteriores;
- Observa o cuidador principal atentamente. Quando este não lhe presta atenção, procura que o faça;
- Sofre de ansiedade de separação mas já não chora tanto. Em vez disso, vocaliza ou procura o cuidador principal;
- Tende a reclamar por contacto físico com o cuidador principal depois de um período de separação;
- Procura desenvolver atividades com o cuidador principal (como brincar).
Dos 3 aos 6 anos
Estabelece uma verdadeira relação de parceria com o cuidador principal
- O contacto físico perde alguma relevância apesar de ainda ser muito importante;
- Fica menos aborrecido quando está afastado do cuidador principal e fica entregue aos cuidados de outro adulto mas fica aborrecido quando é deixado sozinho;
- Usa o contacto visual, expressões não verbais, sinais físicos, verbalizações ou o afeto para comunicar e manter a relação com o cuidador principal;
- Tem a capacidade de encaixar os planos do cuidador principal nos seus próprios objetivos e planos e negociar planos conjuntos;
- Sente-se cada vez mais confortável com a companhia de outras crianças e outros adultos;
- A amizade com outras crianças começa a ganhar importância.
Bibliografia: “Connections for Life” – Public Health Agency of Canada (www.publichealth.gc.ca) [consultado em 22 de maio de 2017]