Todos nós pais, professores, educadores e/ou agentes educativos gostaríamos, muitas vezes, de ter crianças mais atentas e focadas por períodos de tempo maiores do que aqueles que muitas vezes conseguem estar.
Numa sociedade que vive a um ritmo alucinante e em que o tempo para fazer uma coisa de cada vez parece ilusoriamente escassear, cada vez mais, desde mais cedo, os mais pequenos, têm a atenção dividida e conseguem permanecer menos tempo na tarefa, distraindo-se frequentemente com estímulos alheios ao que têm em mãos.
Com efeito, na última década, as queixas de desatenção aumentaram significativa e drasticamente. É muito comum ouvirmos frases como: “ele não presta atenção a nada”; “distrai-se facilmente”; “é um cabeça no ar”.
Então, o que estará ao nosso alcance fazer para promover a capacidade atencional nas nossas crianças/jovens?
A atenção, enquanto mecanismo que controla e regula os processos cognitivos, é uma competência que funciona como se de um filtro se tratasse distinguindo e priorizando o que considera importante do que avalia como acessório.
Escolhe, de acordo com o contexto/motivação, ao que deve dar uma análise mais profunda do que não deve. É pois a capacidade de nos focarmos numa determinada tarefa em detrimento de outras.
Assim, existem uma série de tarefas/jogos que podemos fazer no nosso dia-a-dia de forma lúdica e bem divertida para promovermos esta capacidade nas nossas crianças.
Seja para aumentar a atenção concentrada, a atenção sustentada ou a atenção seletiva.
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Como ter crianças mais atentas? Algumas dicas que ajudam:
- Jogar jogos de memória – os jogos da memória são uma excelente forma de promover o foco na medida em que implicam um nível muito elevado de concentração para se descobrir onde determinada figura está; Acresce que desenvolve simultaneamente a perceção e a organização visuo-espacial;
- Jogar jogos de discriminação de figuras (igual vs diferente); Reconhecer detalhes em imagens – tal como no ponto anterior, ao mesmo tempo em que promove o desenvolvimento da atenção promove também o desenvolvimento da perceção;
- Incentivar terminar sempre as tarefas que começam- seja comer, brincar, fazer os trabalhos de casa, acabar um jogo; Só se passa para uma atividade diferente depois de concluir a tarefa anterior.
- Aprender a tocar um instrumento musical – estudos mostram que tocar um instrumento musical melhora as funções executivas cerebrais que se encontram diretamente relacionadas com o foco, a planificação, a memória, desenvolvendo a atenção executiva;
- Pintar – mandalas ou desenhos livres – implica foco, precisão motora e coordenação óculo-manual;
- Jogar jogos de tabuleiro;
- Evitar distrações – evitar estímulos externos concomitantes à realização de uma determinada tarefa, por exemplo, evitar ter a televisão ligada enquanto joga um jogo ou enquanto faz os trabalhos de casa;
- Evitar a exposição prolongada a ecrãs – a Academia Americana de Pediatria recomenda não mais de duas horas por dia de exposição a ecrãs para crianças em idade pré-escolar, escolar e na adolescência;
- Descansar – é fundamental que se respeitem hábitos de higiene de sono para que o cérebro consiga estar mais atento e concentrado;
- Fazer pausas – é sabido que o cérebro humano não consegue ficar concentrado na mesma tarefa por longos períodos de tempo. É importante que se façam pausas intercaladas para os resultados serem mais eficientes;
- Fazer um alimentação adequada;
- Ler alto – Ao ler uma história em voz alta ou ao lhe ser lida a criança desenvolve a capacidade de imaginação, de atenção/concentração e de escuta ativa. Devemos ter o cuidado de as histórias serem apropriadas à sua faixa etária para estimularem a curiosidade e a permanência na tarefa.
- Prática de Mindfulness – atenção plena – cada vez mais se tem conhecimento que a atenção pode ser treinada e desenvolvida ensinando-se ao cérebro ao que deve prestar atenção. Prestar atenção ao que se vive no momento presente – seja a estímulos internos seja a estímulos externos.
Importa ter presente que todos nós, inclusive as nossas crianças se distraem. E isso é normal e expectável, portanto benigno.
Todas estas sugestões visam promover a capacidade atencional das nossas crianças, que tão importante é para o seu desenvolvimento e sucesso, pessoal e escolar.
Contudo, se sentirem que se trata de uma desatenção frequente com impacto significativo e negativo na vida da criança deverá perceber-se a fase do neurodesenvolvimento em que a criança se encontra, se existe alguma situação contingente relacionada, e ser realizada uma avaliação por um profissional especialista da área: pediatra, psicólogo.