Ensinar o seu filho a saber respeitar os outros, e a si, pode trazer alguns desafios.
Comecemos por ilustrar a problemática com uma história.
Alice estava com o filho numa festa quando ele se aproximou e berrou: “Dá-me uma bebida!” Envergonhada, ela perguntou: “O que estás a dizer?” O filho, revirando os olhos, balbuciou um “Por favooooor”. Depois de Alice lhe dizer que ia buscar a bebida, o filho exigiu: “Estou com sede AGORA!” A mãe respondeu: “Então vai lá e traz tu a bebida”, ao que o filho reagiu: “Podias ter dito logo isso, não?” E saiu disparado em direção à mesa das bebidas.
Alice corou e reparou que, à sua volta, havia pais a comentarem o comportamento do filho, chocados, e outros a soltarem algumas risadas. Parecia que todos tinham algo a apontar-lhe ou algum comentário a fazer-lhe:
- “As crianças de hoje são assim, não se preocupe que é apenas uma fase”
- “Prepare-se que piora à medida que crescem. Tenho um filho adolescente, sei do que falo”
- “Lá em casa é o mesmo, se não dou ao meu filho aquilo que quer, ele faz logo uma birra. Prefiro fazer-lhe a vontade.”
- “Eu sei o que sente, o meu filho faz-me o mesmo e isso deixa-me louco.”
- “No meu tempo, se agisse assim era logo castigada”
- “Precisa de lhe bater para que ele aprenda rapidamente”
- “Oh ignore, quanto mais atenção lhe der pior se irá comportar”.
Alice é uma mãe amorosa e respeitadora. Como tal, sente que merece ser tratada de igual forma.
À medida que ouvia estas partilhas, não sentia que fossem conselhos úteis. Mas, na verdade, também não sabia o que poderia fazer.
Nos dias que correm, as crianças (e a sociedade em geral) muitas vezes respondem de forma rude. E os pais precisam de aprender a lidar com este problema.
Os pais deparam-se com situações de conflito praticamente a partir do momento que os filhos começam a falar. Desde um simples “Não” de uma criança pequena a um “Dah, mãe!” quando entra para a escola. Ou a atitudes e frases desrespeitadoras de adolescentes, como “Isso é tão estúpido!”.
Estes comportamentos podem levar o pai mais amoroso a esquecer as boas maneiras. A perder a calma e a responder da mesma forma, com desrespeito.
Curioso que, geralmente, os pais ensinam os seus filhos a tratar todos com respeito. Mesmo aqueles que lhes faltam ao respeito. Mas quando as crianças os desrespeitam esquecem-se dessa regra. E comunicam ou reagem de forma desrespeitadora com eles.
Isto deve-se à dificuldade que é manter-se conectado com a sua intuição quando está a ser atacado. Quando se sente numa situação de stress é como se o seu sistema de orientação interior estivesse desligado.
Atentando nas sugestões dos outros pais que estavam na mesma festa, até poderiam funcionar a curto prazo. Mas não vão ao fundo da questão, não resolvem os desafios.
Por exemplo:
- exigir respeito geralmente só atrai um comportamento mais desrespeitador
- avisos ou ameaças tendem a provocar mais
- não comentar o comportamento significa que este é aceitável
- punições que não estão associadas ao comportamento não trazem nenhuma lição
- o castigo físico incita à violência
Se sente que o seu filho precisa de aprender boas maneiras, tal como Alice sentiu, precisa de trabalhar o diálogo. A comunicação é fundamental entre pais-filhos. Para começar, perceba o que está por detrás do comportamento indesejado do seu filho. São 4 as razões mais comuns para as crianças reagirem de forma mais agressiva:
- não estão a conseguir aquilo que querem
- estão zangadas, sentem-se desrespeitadas por isso faltam também ao respeito
- acham piada, é uma brincadeira ou um jogo
- é OK falarem assim porque veem adultos e outras crianças a fazerem o mesmo
Comece por compreender os sentimentos e necessidades do seu filho. De seguida, expresse a sua preocupação sobre a forma como ele se está a exprimir. Por último, dê oportunidade ao seu filho de se expressar de forma aceitável.
Traduzido e adaptado de: www.greenchildmagazine.com