E de repente o rei vê o seu castelo ameaçado!
Poderiam ser as primeiras palavras do início de um filme a estrear brevemente no cinema, mas é bem real e próximo de muita gente.
De facto a chegada de um novo irmão provoca alterações muito relevantes no sistema que é a família.
O primeiro filho, “dono e senhor” de toda a atenção dos pais e restantes familiares confronta-se com uma nova realidade: a partilha do seu reino com o irmão que irá nascer brevemente.
É importante não generalizar este facto. A má aceitação deste tipo de situações depende de muitos fatores entre eles o sexo e a idade da criança. Também o tipo de vínculo emocional que esta tem desenvolvido com os progenitores e a sua personalidade entre outros tantos. Diria mesmo que cada criança tem a sua maneira diferente e individual de lidar com esta realidade.
Assim, embora em muitos casos esta reestruturação sistémica não seja um factor stressante para a criança, em muitos casos também o primogénito apresenta dificuldades em lidar com esta partilha de afetos e atenção com o irmão mais novo.
Os ciúmes são assim comuns, apesar de normais, também como as birras, maior agressividade, o “chamar à atenção” dos pais entre as criativas e centenas de milhar de métodos e técnicas que todos sabemos que as crianças são capazes.
É importante então perceber que a criança está a lidar com uma realidade nova, que desconhece e consequentemente procura adaptar-se da melhor maneira que pode e sabe.
Nesse contexto surgem dúvidas sobre o amor que os pais ainda têm por ele, muito por via da insegurança sentida nesta fase.
Assim, convém que a criança seja incluída na rotina do bebé e participar sempre que possível, para que esta também se possa também sentir “importante” na tarefa de cuidar do irmão. Os pais não precisam de se focar os dois no bebé, e nesse sentido o filho mais velho precisa de perceber que nada mudou o que é bem difícil fazer entender quando aparentemente tudo muda!
Por outro os pais devem estar especialmente atentos ao momento que a criança atravessa e dos sentimentos que esta experiência, promovendo comportamentos de tolerância e de integração, focando a sua atenção no filho mais velho por vezes em actividades exclusivas com este (quando assim for necessário e aplicável), mas também em conjunto com o bebé.
Cabe assim aos pais, mediante a sua envolvente familiar única, optar por estratégias que diminuam o impacto que possa surgir na criança com a chegada de um novo membro.
Existem hoje em dia várias soluções no âmbito do aconselhamento parental que podem contribuir para a diminuição das dúvidas sobre como agir, bem como a escolha de estratégias adequadas para a melhoria do sistema que é a família.
A chegada de um novo irmão é também para o primogénito uma oportunidade de aprendizagem que lhe trará um determinado número de estímulos e interações que a farão crescer. Tanto os sentimentos negativos como os positivos a ajudarão a desenvolver-se enquanto ser humano e que serão com certeza importantes durante o resto da vida sobre como lidar com as frustrações e as alegrias que a vida lhe trará.