21Os dois anos das crianças, são, para quase todos os pais um teste à sua paciência, mas relaxe, se o seu filho faz birras, saiba que isso é normal. Ele está apenas a aprender a conhecer-se.
Todos os pais querem o melhor para os filhos. E com “melhor”, querem normalmente dizer que sejam felizes, bem-sucedidos na vida, bondosos, altruístas, inteligentes e mais uma data de atributos que se poderiam prolongar nas próximas linhas. Mas o nosso texto ficaria aborrecido e os adjetivos deverão ilustrar o essencial que cada pai ou mãe deseja.
Mas podemos realmente torná-los pessoas bem-sucedidas? Fazer com que se sintam felizes? Transformá-los em pessoas bondosas?
Adivinhou, não podemos. Aliás, nós pais podemos até contribuir, de forma não-intencional, para o contrário. Veja porquê.
Quando o bebé se torna uma criança de dois anos que já caminha, come e fala, as expectativas dos pais parecem sofrer uma mudança abrupta. A criança que chorava, acordava durante a noite, e tal era considerado “normal”, depara-se subitamente com uma data de regras que lhe são impostas: portar-se bem, ouvir, estar quieta e seguir regras.
O chorar interpretado como sinal de desconforto ou necessidade passa a ser visto como birra irracional, de desafio aos pais. A criança poderá dizer e fazer coisas que parecerão ilógicas e absurdas aos olhos dos adultos. Fazer escolhas estranhas que deixam os pais embaraçados e parecer totalmente fora de controlo. As crianças nesta “idade das birras” são vistas geralmente como malcomportadas, que fazem birras por tudo e por nada.
Nesta fase, com a melhor das intenções, os familiares e amigos poderão aconselhar os pais a tentar controlar rapidamente os “maus” comportamentos da criança, ou senão não “terão mãos nela” mais tarde.
A resposta dos pais a estes comportamentos da criança poderão ser corrigi-la demasiado, fazer com que pare o comportamento e mesmo criticá-la.
Na verdade, o que os pais estão a fazer, sem se aperceberem, é interferir com o processo de desenvolvimento que está a atravessar a sua criança de dois anos, de se explorar a si própria e explorar o complexo mundo à sua volta.
O problema é que por nos ser transmitida uma ideia pré-concebida sobre o que deve ser, e não ser, o comportamento da criança, acabamos por tentar moldá-la a essa imagem, privando-a das necessidades básicas que lhe permitirão conhecer-se e desenvolver-se de forma plena.
Estes comportamentos da criança podem ser interpretados de forma diferente e como tal, merecerem uma resposta diferente por parte dos pais. A criança poderá manifestar-se assim por ser a forma que lhe parece lógica, que faz sentido para explorar o que a rodeia e conhecer-se a si própria.
Ao interferir demasiado, ao tentar moldar a criança, os pais poderão estar a negar-lhe as bases fundamentais para crescer de forma saudável, desenvolver a curiosidade e motivação para a aprendizagem, adquirir competências emocionais e sociais para ser bem-sucedida na escola, fazer amigos e na vida em geral.
E o papel dos pais? Em primeiro lugar, devem tentar perceber o sentido daqueles comportamentos aparentemente ilógicos e procurar orientar a criança para desenvolver comportamentos mais sociais.
Só assim, os pais darão ao seu filho a oportunidade de ser feliz. Também a ensinarão a ser confiante, sociável, curiosa e bem-adaptada. Desta forma a criança saberá aceitar os seus erros e lidar com as frustrações, em suma, ser bem-sucedida.
Para tal, há seis formas de interagir com a criança que a poderão ajudar:
- Espelhar à criança uma sensação de segurança e de ordem relativa;
- Ouvir a criança, em vez de estar constantemente a falar com ela e a dizer-lhe como deve agir;
- Dar à criança a liberdade de brincar sozinha e de explorar o mundo à sua maneira;
- Dar à criança a oportunidade de sentir dificuldades e falhar;
- Observar e ouvir a criança pois só assim irá conhecê-la e saber as suas necessidades;
- Estabelecer limites e proporcionar orientação à criança.
Traduzido e adaptado de “Motherly”