Ocupação de tempos livres
As atividades extracurriculares das crianças são importantes pela sua mais-valia formativa e cultural e pela ocupação do tempo da criança. A música, atividades desportivas ou ateliers de estudo ocupam assim o tempo de muitas crianças.
Nas férias, a questão assume outros contornos, pois e impossível coincidir tempos de férias no núcleo familiar, cada vez com menos elementos. Procuram-se então opções fora de casa.
A oferta é abundante: como decidir?
1. A ocupação das crianças com atividades extra-escolares é uma boa resposta à falta de tempo dos adultos?
A ocupação com tempos extra deve ser, sobretudo, sensata. Acima de tudo, as crianças têm de brincar todos os dias. E parte do equilíbrio dos pais encontrar um compromisso entre as atividades que elas devem ter, para além da escola, e o tempo (generoso) que lhes resta para brincar. Já preencher os tempos extra com explicações em versão XL é um atentado saúde à das crianças.
2. As crianças devem colaborar na escolha das atividades, ou cabe exclusivamente aos adultos escolher o que é mais adequado?
É importante que participe na escolha, sim. Que opine, também. Mas os pais são, sem dúvida, os verdadeiros procuradores das crianças. E, sendo assim, cabe-lhes a responsabilidade de decidirem por elas, depois de interpretarem os seus desejos e de ponderarem sobre aquilo que eles próprios acham recomendável.
3. Qual é a consequência de as crianças passarem muitas horas na escola e nas atividades extra?
Nem sempre mais escola significa melhor escola. Se mais escola quiser dizer mais tempos letivos com períodos mais expositivos, recreios mais pequenos, aulas de substituição que em vez de serem novas oportunidades para pensar uma disciplina de outra forma pareçam modos sofisticados de entretenimento de crianças, fará mal ao desenvolvimento das crianças. Porque é um fator acrescido de stress.
E porque, muito depressa, as encaminham para uma relação com a escola que não será, seguramente, amorosa.
4. Em férias, as temporadas longe da família são sempre benéficas para a criança?
Nos tempos de férias é obrigatória que haja mais e melhor família. Se, a par disso, houver espaço para compartilhar as férias com a família alargada, com os amigos e, ainda, com atividades lúdicas, porque não? Quanto mais o crescimento é mediado pela pluralidade mais amigo do conhecimento e da humanidade ele se torna.
Já em relação a atividades lúdicas (como campos de férias, por exemplo) a escolha tem de ser extremamente criteriosa. E ai não me parece prudente que as pais vacilem em excesso na direção da vontade entusiasmada dos filhos. E devem estar atentos quer a reações irascíveis, vindas do nada, como a ausências prolongadas par parte das crianças que, numa como noutra circunstâncias, são sinais de alerta de alguma coisa que está mal.
5. As crianças percebem a falta de tempo dos adultos, ou as atividades distraem a sua atenção?
A falta de tempo dos pais é sempre compreendida pelos filhos. E é sempre entendida como uma indisponibilidade, da parte deles, para se organizarem e gerirem de modo a tomarem, também, em consideração o interesse dos filhos. Distrair os filhos da indisponibilidade dos pais é uma tarefa condenada ao fracasso.
6. A vivência num campo de férias é algo a que criança se adapta facilmente?
Um campo de férias pode ser uma experiência muito importante, claro. Que pode transformar e educar uma criança. Mas não tem o valor matricial que só a família desempenha.
7. Quais são os parâmetros principais na escolha do local da atividade de férias?
Um lugar próximo onde possam estar alguns amigos. E, dependendo das idades e das circunstâncias, que seja acessível, com alguma facilidade, aos pais.
Prof. Dr. Eduardo Sá – Diretor Clínico da clínica de pedagogia e saúde familiar Bebes e Crescidos [www.bebesecrescidos.com]
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