Se é pai, mãe, educador de infância ou cuidador de bebés, de certeza que já falou parentese. Não, não é uma língua estrangeira, mas simplesmente uma denominação mais técnica daquilo que conhecemos vulgarmente como falar “à bebé”. E é quase irresistível não o fazer perante um bebé. É como se nos fosse natural.
Na verdade, o parentese ou falar “à bebé”, com todos os seus “cu-cu”, “da-da” e sons exagerados, é-nos natural. E mais: além de nos ser natural, é fundamental porque desenvolve o vocabulário do bebé. E a ciência comprova-o!
O que é o falar “à bebé” ou parentese?
Como já viu acima, o parentese, também conhecido como motherese, é uma forma de comunicar com o bebé.
O parentese consiste, então, num padrão de fala utilizado pelo adulto quando interage e conversa com um bebé. Esta forma de falar é caracterizada pelo uso de um tom de voz mais agudo, ritmo de discurso mais lento e sons pronunciados de forma clara.
O parentese é acompanhado de gestos exagerados, de sorrisos e expressões alegres, que convidam à participação do bebé.
O mais interessante é o facto de os pais usarem esta forma de comunicar com os bebés um pouco por todo o mundo.
Falar “à bebé” faz aumentar o vocabulário
E agora vamos ao tema deste artigo: o facto de esta forma natural de comunicar contribuir para aumentar o vocabulário do bebé.
Falar parentese com o bebé não é só divertido e natural; é a forma como os bebés aprendem a comunicar connosco. E os bebés ouvem e tentam imitar com os seus “guuu” e “daaa”.
Estudos científicos demonstraram que o volume de parentese ao qual o bebé é exposto, está relacionado com o seu vocabulário aos 24 meses de idade.
Um estudo da Universidade de Washington, EUA, revelou que os bebés analisam o parentese. Tal é, que aos cinco meses de idade já conseguem produzir sons com três vogais usadas em todas as línguas humanas. Estes são o “ii”, “aa” e “uu”. Ao que parece, os bebés emitem estes sons devido ao nosso “cu-cu” e “da-da” que usamos ao comunicar com eles.
Patricia Kulh, neurocientista na Universidade de Washington, explicou a possível razão para o parentese fazer aumentar o vocabulário. “Atualmente achamos que o parentese funciona porque constitui uma ligação social para o cérebro do bebé – o tom mais agudo e mais pausado são socialmente apelativos e convidam o bebé a responder”, adiantou.
A investigadora ressalva que não devemos confundir parentese com baby talk, que é normalmente uma mistura de sons sem sentido. O parentese, pelo contrário, envolve o uso de palavras e uso de gramática corretos.
E…os bebés preferem o parentese
Adicionalmente, a ciência comprovou ainda que os bebés preferem que os pais e cuidadores falem “à bebé”, em vez de usarem o padrão convencional.
Assim, uma equipa de investigadores da Universidade de Boston, também nos EUA, fez uma experiência interessante com bebés de sete e oito meses de idade.
A equipa apresentou-lhes duas palavras novas, uma pronunciada em parentese e a outra pronunciada de forma convencional. No dia seguinte, os investigadores testaram os bebés para verificar se conseguiam reconhecer os novos vocábulos incluídos numa frase.
Foi observado que os bebés conseguiam reconhecer melhor as palavras pronunciadas em parentese do que as pronunciadas de forma regular. Adicionalmente, os bebés lembraram-se das palavras em parentese durante mais tempo.
Concluindo, comunicarmos com o bebé em parentese ou falar “à bebé”, faz aumentar o vocabulário pois é socialmente apelativo para o cérebro do bebé, convidando-o a responder.
Fontes: Science Daily; Preceedings of the National Academy of Sciences; University of Washington News