Neste artigo, a Drª Lúcia Magalhães apresenta e desmistifica algumas das afirmações frequentemente ouvidas sobre a Terapia da Fala:
- Mito 1: “A Terapia da Fala só serve para pôr as crianças a falar direito.”
- Mito 2: “A Terapia da Fala não vale a pena antes dos 3 anos de idade.”
- Mito 3: “O meu filho/a vai entrar para a escola e não diz alguns sons.”
- Mito 4: “O meu filho/a fala à bebé, mas é só mimo.”
- Mito 5: “Os Terapeutas da Fala só brincam com as crianças.”
Entrar na escola sem dizer alguns sons
De um modo geral, podemos afirmar que as perturbações de fala podem ser fonéticas, fonológicas e fonético-fonológicas.
No primeiro caso, nas perturbações fonéticas, as dificuldades de fala podem ser causadas por variados fatores, nomeadamente alterações ao nível da configuração e oclusão dentária, do posicionamento e do movimento dos lábios e da língua. Nestes casos, a intervenção terapêutica é fundamental, sendo frequente o encaminhamento para o Médico Dentista para avaliação da necessidade de correção ortodôntica (colocação de aparelho dentário).
No segundo caso, nas perturbações fonológicas, as dificuldades de fala têm uma base fonológica, ou seja, a criança pode não ter consciência de como se produz um determinado som, que esse som existe e que é parecido e diferente de outro. Isto é, a criança pode não dizer o som /z/ porque ainda não desenvolveu a consciência de que o som /z/ é diferente de /s/ e que “casa” é diferente de “caça”.
A Terapia da Fala é indispensável na avaliação e no acompanhamento deste tipo de dificuldades, no sentido de estimular e desenvolver estas competências que são basilares para a aprendizagem futura da leitura e da escrita.
Assim sendo, em ambas as situações, a entrada para a escola, por si só, não vai resolver totalmente as dificuldades de fala.
A criança pode apresentar dificuldades em realizar a associação das letras aos sons e vice-versa, correndo também o risco de “escrever como fala”, ficando a aprendizagem da leitura e da escrita comprometida.