As crises ou picos de crescimento acontecem quando o bebé cresce a um ritmo muito rápido, duram apenas alguns dias e podem provocar alterações no seu comportamento como despertares noturnos, choro, agitação, perda de apetite ou ansiedade.
Picos de crescimento dos bebés
Aos 3 meses: o nascimento psicológico do bebé
Até aos 3 meses de idade, o bebé está completamente dependente da mãe ou do seu cuidador principal. São um só. O bebé ainda não tem a consciência de que é um ser único e individual, independente da mãe. Pensa que ainda está no aconchego do útero. Alguns autores designam este período como o 4º trimestre da gravidez.
Por volta dos 3 meses, o bebé passa por uma fase de mudança. Toma consciência da sua individualidade e sofre de angústia e solidão. Fica inquieto e chora porque tem medo de ser deixado sozinho, de perder a companhia. O bebé percebe que precisa de cativar a atenção do adulto para se alimentar, mudar a fralda, ajudar a adormecer ou acalmar a dor.
O bebé fica inquieto, não consegue adormecer ou acorda várias vezes durante a noite, pode ter mais dificuldade em comer ou chegar mesmo a recusar a mama ou chora de modo inconsolável.
Para os pais tanta mudança é motivo de preocupação. Serão cólicas? Estará doente? Será o leite que não o alimenta? Mas esta é uma fase passageira e normal. Faz parte do crescimento do bebé. Se os pais conseguirem controlar a sua angústia, o bebé vai sentir-se seguro e ultrapassar esta fase rapidamente.
Entre os 5-6 meses: afinal, somos três
Por volta dos 5–6 meses, o bebé apercebe-se que para além de si e da mãe, existe uma terceira pessoa na família: o pai. A ligação do bebé com a mãe começa cedo, ainda no ventre. Quando nasce, o bebé já reconhece o cheiro da mãe e distingue a sua voz de todas as outras. Por norma, é a mãe que cuida do bebé nos primeiros meses de vida e a ligação física e emocional entre ambos é profunda.
Com a noção da presença de um terceiro elemento, o pai, dá-se uma nova crise do crescimento. O padrão do sono e o apetite do bebé podem alterar-se. No entanto, esta mudança pode ter mais efeitos na mãe do que no bebé. É chegado o momento de regressar ao trabalho, de deixar a criança na creche.
A mãe tem que se preparar para se separar por longas horas do seu bebé e o pai tem um papel fundamental nesta fase. Junto do bebé e da mãe. Gradualmente, o bebé começa a ganhar independência. Sai de casa e começa a relacionar-se com outras pessoas. Já não é só a mãe que o alimenta, brinca ou troca as fraldas. O pai pode ajudar nesta adaptação apoiando emocionalmente a mãe e aproximando-se do filho.
Segundo os especialistas, quanto mais cedo o bebé entrar para a creche mais fácil será a sua adaptação. Isto porque, antes dos 8 meses, a ausência dos pais não é muito sentida pelo bebé e, por esse motivo, a ansiedade que sente por se afastar da mãe é menor.
Aos 8 meses: a angústia da separação
A angústia da separação é sentida de forma diversa e em idades diferentes. Alguns bebés podem senti-la aos 6 meses e outros mais tardiamente, aos 9.
Contudo, a maior parte dos bebés passam por esta fase por volta dos 8 meses, quando desenvolve a chamada “angústia do 8º mês” ou “ansiedade de separação” que desperta sentimentos de insegurança, medo e abandono.
O bebé tem medo de ser esquecido pelos pais porque ainda não tem a noção de que eles voltam mais tarde. Por outro lado, a entrada na creche representa uma profunda alteração na sua rotina: abandona o seu ambiente seguro, fica dependente de desconhecidos e de pessoas em quem não confia para satisfazer as suas necessidades mais básicas e não vê os pais por longos períodos de tempo.
Por tudo isto, é muito natural que o bebé chore nos primeiros dias e mesmo semanas. Quanto mais ansiosa e insegura a mãe se sentir com esta separação, mais angustiado ficará o bebé. Mostre-se positiva.
A coerência e a importância das rotinas é fundamental porque dá uma certa noção de controlo ao bebé. As rotinas são pontos de apoio. Ajudam a estruturar o dia e a antecipar o que irá acontecer.
Ir buscar o bebé todos os dias à mesma hora, por exemplo, é uma regra dos especialistas. O relógio interno do bebé sabe que aquela hora os pais vão chegar para o ir buscar e, se houver algum atraso, vai ficar agitado e angustiado, com medo que se tenham esquecido dele.
Muitos bebés sentem-se mais seguros se levarem um boneco ou uma fraldinha, o chamado “objeto de conforto“. É um apoio que os ajuda a sentirem-se em casa, perto do carinho dos pais.
12 meses de idade: independência ou dependência?
Por volta do primeiro ano de vida, a criança luta para ser independente. Começa a dar os primeiros passos ou, mesmo que não ande, já se desloca para todo o lado, tenta comer sozinho, está perfeitamente integrado na família e tem os seus brinquedos e atividades preferidas.
Mas, apesar de toda esta vontade em sair e explorar o mundo, a criança ainda é muito dependente dos pais. Mais uma vez, esta “dualidade” pode ter efeitos na qualidade do sono, na alimentação e a criança pode ficar mais agitada e irritada quando, por exemplo, não consegue alcançar um brinquedo ou não lhe fazem a vontade.
Como em todas as outras fases do desenvolvimento, também esta é passageira.
O que importa é ter consciência de que a criança está a crescer, a desenvolver a sua personalidade, que tem dias bons e menos bons (como os adultos), e encarar esta nova etapa com otimismo, confiança, tranquilidade, com muito carinho e compreensão pelos sentimentos e afetos de todos os membros da família.