Gerir dinheiro nem sempre é fácil e é uma grande responsabilidade. Por vezes, é desafiante para os pais tentar explicar às crianças que não podem ter tudo o que desejam ou que devem saber escolher como gastar o dinheiro da mesada.
Durante as diferentes fases de desenvolvimento das crianças, é fundamental incutir-lhes uma série de conceitos e hábitos para que se tornem adultos financeiramente responsáveis e com os conhecimentos adequados para fazer escolhas acertadas no que diz respeito às suas finanças pessoais.
Desta forma, descubra o que de mais importante deve transmitir em cada idade e que ferramentas podem ser utilizadas nesta missão de literacia financeira dos mais pequenos.
0 anos – Começar uma poupança
Para os pais que têm possibilidade, depois do nascimento da criança é a melhor altura para abrir uma conta poupança, onde possam depositar o valor de prendas recebidas. Depois, o ideal é irem alimentando a conta esporadicamente com pequenas quantias. Se pensar, um euro por dia equivale a 365 euros ao final de um ano. Ao fim de 18 anos, a criança já tem mais de 6500 euros de poupança acumulada.
Dos 3 aos 5 anos
Nesta idade, é bom que os pequenos comecem a contactar com dinheiro e a perceber a sua importância e significado. Deve começar por explicar à criança que os pais ganham dinheiro no trabalho, onde dedicam muito tempo e esforço.
É nesta altura que começam a pedir mil e uma coisas nos supermercados e nas lojas de brinquedos e, por vezes, custa negar um presente ou um pequeno mimo. Assim, por exemplo, sempre que o seu filho lhe pedir algo pode acordar uma pequena poupança com ele. Ofereça-lhe um mealheiro e incentive-o a encontrar formas criativas para ganhar algumas moedas. Desta forma, está a ensinar a criança que não basta pedir e que há sempre algum esforço e dedicação associados às nossas conquistas.
Se o seu filho gastar o dinheiro antes do final da semana (semanada) ou do mês (mesada), não lhe dê mais. Isto vai permitir-lhe aprender com os seus erros e esforçar-se para que o mesmo não volte a acontecer.
Dos 6 aos 10 anos
Nesta fase, o importante é que a criança comece a perceber que tem que fazer escolhas. Isto é, se o dinheiro não permite comprar tudo que se quer, como pode escolher? Para ela, vai ser difícil distinguir entre um bem essencial e um bem secundário, mas dê espaço à criança para o compreender sozinha – e a seu tempo.
Comece por incluir o seu filho em algumas rotinas lá de casa, como, por exemplo, pedir-lhe ajuda para uma ida ao supermercado. Esta pode ser uma boa altura para introduzir uma semanada, mesmo que de valor simbólico. Incute-lhe a responsabilidade de começar a pensar em como gerir o seu próprio dinheiro.
O diálogo, esclarecimento de dúvidas e o contacto com as despesas são fatores chave para a literacia financeira
Dos 11 aos 14 anos idade
Nesta idade, é esperado que as crianças já tenham algumas noções sobre a importância de poupar e gerir da melhor maneira as suas finanças. Por isso, talvez consiga prepará-las para começar a pensar em objetivos a longo prazo.
Aproveite, ainda, para explicar conceitos como juros, empréstimos, depósitos e cartões de débito e de crédito. Vamos imaginar que compra uma televisão ou um eletrodoméstico às prestações. Explique como funciona e porquê a escolha deste método de compra/pagamento.
Como as crianças já têm uma maior independência nesta fase e começam a iniciar a sua vida social nas escolas, experimente dar uma mesada e esteja sempre disponível para esclarecer qualquer dúvida que possa surgir.
Dos 15 aos 18 anos
Esta é uma fase determinante na vida das crianças e está repleta de desafios para os pais e filhos. À medida que o seu filho ganha mais consciência sobre as finanças e uma maior maturidade, pode introduzir temas mais complexos, como créditos à habitação ou automóvel e explicar que peso têm no orçamento e gestão familiar.
Muito importante integrar os jovens na rotina de compras nos supermercados e em outras contas familiares, reforçando que é essencial poupar e esforçarem-se para obterem o que mais querem e realizarem alguns dos seus sonhos.
Crianças e jovens devem ter noção do esforço que implica gerir um orçamento familiar, do conceito de escolha, do valor da poupança e a da importância de uma boa gestão financeira.