No dia em que se assinala o Dia Nacional de Sensibilização para o Cyberbullying, a Ordem dos Psicólogos lança um Guia de Recomendações sobre Cyberbullying e Segurança Online para pais, cuidadores e professores, com vista a minimizar os efeitos devastadores que pode ter o cyberbullying durante o isolamento.
“Na circunstância excecional que vivemos, o uso de ecrãs pelas crianças e jovens passou a ser uma rotina diária necessária para colmatar as necessidades de estudo, entretenimento, de socialização, o que implica um maior acesso e mais tempo de utilização. Se antes da pandemia o acesso excessivo à internet estava já relacionado com a prevalência do cyberbullying, o fenómeno pode intensificar-se nesta fase de isolamento“, pode ler-se num documento partilhado no site da Ordem.
Por esse motivo, recomendam a sensibilização da população jovem, dos pais, cuidados, professores e profissionais de saúde. Além disso, insistem que dotar essas classes de estratégias para a prevenção, deteção, e intervenção é fundamental para que detetar o problema e ultrapassá-lo.
Segundo os especialistas, antes de mais há que fazer um retrato prévio da relação da criança com os seus pares. Caso se tenham verificado queixas de bullying previamente, os cuidadores devem estar mais atentos, pois a probabilidade de estas crianças sofrerem com cyberbullying torna-se superior às que não relataram qualquer queixa de bullying no passado. Alguns estudos prevêm a existência de uma correlação acentuada entre os dois tipos de comportamento de agressão física ou psíquica. [Portanto,] “O envolvimento em situações de bullying constitui, por si só, um factor de risco para o cyberbullying”, advertem os profissionais de Psicologia.
Assim sendo, para evitar que estas situações ocorram e tomem conta do dia a dia e vida do pequeno jovem, torna-se premente a aplicação de determinadas medidas de segurança.
Recomendações para evitar cyberbullying durante o isolamento
Aqui ficam algumas das recomendações da Ordem dos Psicólogos para combater o cyberbullying durante o isolamento, promovendo uma maior segurança na Internet:
Clarifique os valores familiares fundamentais
Transmita à criança ou jovem a importância de valores como a gentileza, a empatia, a tolerância, a responsabilidade, o respeito, e encoraje-o a transmitir esses valores aos amigos e colegas.
Promova a resiliência
Ensine a criança ou jovem a lidar com situações problemáticas, a resistir à pressão, a superar obstáculos e a recuperar de momentos menos positivos.
Em termos preventivos, esta é uma competência essencial para que:
a) as vítimas de cyberbullying lidem melhor com a situação;
b) as testemunhas passivas se tornem ativas, intervindo e procurando acabar com comportamentos de cyberbullying;
c) o número de potenciais agressores diminua (aprendendo a lidar com as situações problemáticas, em vez de “descarregar nos outros” as suas frustrações).
Promova o diálogo honesto e frequente
Fale frequentemente com a criança ou jovem sobre a forma como as tecnologias são usadas e sobre os seus efeitos (positivos e negativos). Reforce a confiança para que a criança ou jovem se sinta à vontade para recorrer a si, se pressentir ou até se já existir algum problema.
Estabeleça regras e horários de utilização das tecnologias de comunicação
Existe toda uma panóplia de dispositivos tecnológicos ao dispor da população. Cada dispositivo tem diferentes funcionalidades e utilizações (computador, tablet, smartphone), por isso, será possível definir regras específicas para cada um deles, em função dos horários de aulas online, estudo e lazer.
Promova a utilização segura dos dispositivos
Verifique se os dispositivos utilizados têm as mais recentes atualizações de software e de antivírus.
Neste campo, é também essencial a sensibilização dos mais novos para a necessidade de alterar periodicamente as palavras-passe.
Promova a utilização segura da Internet
Pesquise ou ajude o jovem a pesquisar pelo seu nome e crie alertas no Google®. Assim, saberá o que é dito e escrito online e dessa forma poderá prevenir situações menos positivas.
Promova a partilha consciente de conteúdos
Ajude a criança a resistir ao impulso de publicar conteúdos online sem pensar.
“Pensar antes de partilhar é o primeiro passo e o mais eficaz para prevenir potenciais situações de cyberbullying”, elucidam.
Dão ainda algumas ideias de como se pode promover esta atitude: “Fazer uma pausa, afastar-se do computador ou da consola ou pôr o telemóvel ou o tablet de lado e contar até 10 antes de o fazer”.
Respeite a privacidade e reforce a confiança
Apesar dos riscos serem muitos, é importante que os pequenos não sintam que os pais estão a invadir a sua privacidade e o seu espaço. Portanto, respeite as crianças, bem como a sua privacidade.
Se por acaso não está a par da tecnologia ou apps que utilizam, peça-lhes que lhe expliquem para que as usam e como o fazem. Neste ponto, é importante enfatizar que o seu objetivo é protegê-los e não fiscalizar as suas interações com os amigos.
Estas são apenas algumas das diretrizes. No documento, partilhado pela Ordem dos Psicólogos, pode ficar ainda a saber quais os sinais de alerta a que devem estar atentos e como agir se se verificar um caso de cyberbullying durante o isolamento, seja o seu filho o visado ou tiver conhecimento do que se passa ou até se for o bullie (a criança/jovem responsável por fazer bullying a outra criança).