Os dentes do siso podem ficar retidos ou inclusos e associados a infeções. Mas nem sempre é necessário extrair. Saiba neste artigo quando e porquê devem ser extraídos os “dentes do juízo”!
Dentes do siso: porque pode ser necessário extrair?
Quando nascem os dentes do siso?
Os dentes do siso, ou terceiros molares, são os últimos dentes a nascer, o que ocorre geralmente no fim da adolescência e no início da idade adulta.
Por esta razão, ter os dentes do siso é muitas vezes interpretado como sinónimo de maturidade, e o termo associado a juízo e bom senso! Até em inglês este dente é apelidado de wisdom tooth, dente da sabedoria! Em algumas regiões do nosso país estes dentes são também conhecidos por “queixeiros” ou “queixais”.
Quando não é necessário extrair?
Se o dente nascer, sem complicações e estiver corretamente posicionado em boca, sem patologia e em função, ou seja a mastigar, o dente deve ser mantido.
Além disso devem ser reforçados os cuidados de higiene oral, uma vez que é uma região de difícil acesso à escovagem dentária.
Porque podem ficar retidos ou inclusos?
Como este é o último dente a nascer, é frequente não encontrar espaço na boca e permanecer incluso. Define-se por incluso o dente que ficou retido nos maxilares, rodeado por osso, com as raízes formadas e abaixo dos dentes vizinhos.
Esta falta de espaço deve-se:
- Teoria filogenética. Baseada na evolução das espécies e na redução das dimensões do crânio e da face. Esta redução pode levar ao desaparecimento ou diminuição do volume dos dentes.
- Teoria nutricional. Baseada na dieta atual. Justifica que a dieta mais refinada, com alimentos cozinhados e moles, implica menor atrição e uma mastigação menos enérgica. Como não existe estimulação do crescimento, ocorre a diminuição dos maxilares e o espaço para os dentes do siso fica reduzido.
Porque pode ser necessário extrair?
1. Quando estão presentes na boca
Quando os dentes do siso estão presentes na boca, as indicações de extração são idênticas aos outros dentes. Quando, por exemplo, apresentam cárie dentária extensa, fraturas, mobilidade, ou outro tipo de patologia.
2. Quando estão retidos ou inclusos
Raramente a inclusão dos dentes do siso permanece sem qualquer manifestação. Muitas vezes ficam semi-inclusos, o que explica a frequência de infeções e inflamações gengivais em redor dos sisos.
Estas complicações são frequentes e precoces, e coincidem ou seguem-se imediatamente após a chegada à boca ou nascer do dente. Além disso os dentes do siso podem levar ao apinhamento dos dentes, dificuldade na abertura da boca, podem reabsorver o dente próximo e desencadear o desenvolvimento de patologias como infeções, quistos ou tumores. Por vezes estas infeções podem disseminar-se para cadeias ganglionares e levar a edema da face.
Na literatura estão também descritas dores reflexas, que não raramente, irradiam para a cabeça, ouvidos e olhos.
Como tal o médico dentista está apto para avaliar se existe espaço na boca para o dente, e se ele tem um posicionamento favorável para a correta erupção. Este diagnóstico é possível após os 15 anos de idade e pode ser realizado até por volta dos 20 anos. A extração nesta fase representa um procedimento mais simples e com menor risco de complicações.
Por volta dos 30 anos de idade, os dentes do siso perdem a força para nascer e a maioria dos problemas associados a este dente diminui. A extração preventiva após essa idade representa mais riscos, pelo que o mais oportuno é o acompanhamento clínico e radiográfico.
Está indicada a extração se ocorrer sintomatologia ou complicação com o dente incluso. Nestes casos, vários aspetos devem ser tidos em consideração para se obter a correta decisão clínica.
Extrair ou não os dentes do siso depende de fatores como:
- Idade;
- Proximidade a estruturas anatómicas nobres;
- Grau de dificuldade da intervenção cirúrgica;
- Espaço disponível no arco dentário.
É consensual na literatura que quanto mais novo for o paciente quando os dentes do siso são extraídos, menor é o risco de complicações. Mas existem opiniões distintas.
- Por um lado a extração deve ser feita de forma preventiva, no fim da infância (em que só existe a coroa do dente) ou até ao final da adolescência. A extração também está indicada no início da idade adulta, quando o dente já não tem força para nascer.
- Por outro lado, e em casos em que o risco da extração é elevado, e o dente não apresenta patologia, pode optar-se por manter o dente, sempre com controlo radiográfico periódico.