O botulismo é uma doença rara e grave provocada por uma bactéria que vive no solo. O contágio é feito através do consumo de alimentos contaminados com a toxina produzida por uma bactéria. Por se tratar de uma doença rara e potencialmente fatal é de declaração obrigatória.
Botulismo
O botulismo é uma doença neuroparalisante, rara e grave, provocada pela bactéria patogénica Clostridium botulinum presente no solo. A bactéria produz uma substância tóxica que, quando absorvida pelo organismo, pode provocar paralisia.
Tipos de botulismo
Conhecem-se quarto tipos de botulismo:
- Botulismo alimentar: que ocorre após a ingestão de alimentos contaminados com a toxina (associado à ingestão de carnes fumadas, produtos enlatados ou conservas);
- Botulismo das feridas: causado pela contaminação de uma ferida com esporos do microorganismo que germinam e produzem a toxina;
- Botulismo do lactente: causado pela ingestão dos esporos que germinam no intestino onde produzem a toxina;
- Botulismo de classificação indeterminada: semelhante ao botulismo do lactente mas no adulto.
Causas
A bactéria pode estar presente em vários alimentos como mel, carnes fumadas (armazenada em deficientes condições de higiene ou fora do prazo de validade), enlatados ou conservas.
Em situações raras, esta bactéria pode alojar-se em alguma ferida da pele e desenvolver uma infeção (botulismo das feridas).
Sintomas
Quando a toxina entra na circulação sanguínea, começa a afetar os nervos que paralisam progressivamente. Os sintomas podem persistir durante semanas ou meses.
A criança fica abatida, agitada, ansiosa e cada vez mais fraca. Na maioria dos casos, a infeção não provoca febre mas a criança pode queixar-se de alterações na visão, dificuldade em engolir ou falar devido a alterações musculares.
Também é frequente o envolvimento do sistema nervoso com tonturas, boca seca (xerostomia), prisão de ventre, retenção urinária, hipotensão (tensão arterial baixa) e diminuição da transpiração.
Quando a criança fica abatida e com falta de força, mesmo que não apresente febre, deve ser levada à urgência para observação, diagnóstico atempado e tratamento adequado.
Diagnóstico
Análise clínica e isolamento da toxina em produtos biológicos da criança (soro, fezes ou suco gástrico), nos alimentos consumidos ou pelo isolamento do microorganismo em cultura dos mesmos produtos.
Tratamento
O tratamento do botulismo exige internamento hospitalar para terapêutica adequada. A criança fica internada até completa recuperação, que pode exigir várias semanas a meses segundo o grau de gravidade da infeção.
Prevenção
A melhor forma de prevenção do botulismo é uma boa higiene dos alimentos. Alimentos que estejam fora do prazo de validade, que sejam de origem duvidosa ou que não pareçam frescos e corretamente armazenados não devem ser consumidos. O mel caseiro, não tratado, também deve ser evitado.
Chá de camomila e mel
Segundo a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, baseada em estudos do departamento de alimentação e nutrição do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, o chá de camomila e o mel não devem ser oferecidos a crianças com menos de 2 anos de idade.
O chá de camomila, por vezes indicado para alívio da dor de dentes das crianças e para tratar as cólicas no bebé, não deve ser dado a bebés e crianças porque a água quente utilizada para preparar a infusão não destrói os esporos e pode até ativar a sua germinação.
O mel porque também é um veículo de esporos da bactéria. Este alimento pode ser facilmente contaminado pelo pólen, o trato digestivo das abelhas, as poeiras e o solo.
Bibliografia: Nascer e Crescer – Revista do Hospital de Crianças Maria Pia ano 2009, vol XVIII, n.º 1