O que pode provocar a prisão de ventre do bebé?
1. Bebés alimentados com leite de fórmula
Alguns leites de fórmulas podem causar obstipação no bebé. Converse com o seu pediatra no sentido de encontrar uma alternativa que se adeque às características do bebé.
Também é fundamental que respeite a quantidade de pó e água recomendadas pela marca. Pó a mais, ao contrário do que se pensa, não alimenta nem sacia mais o bebé.
Em vez disso, o deficiente aporte de líquidos sobrecarrega os rins o que pode mesmo provocar problemas renais e aumentar o risco de infeções urinárias no futuro. A insuficiente ingestão de líquidos é, também, uma das causas mais comuns para a prisão de ventre.
2. Cólicas e gases
As cólicas no bebé podem ser confundidas e agravadas com os sintomas associados à prisão de ventre devido a um incómodo gastrointestinal acrescido.
3. Ingestão insuficiente de líquidos (desidratação)
Tal como o adulto, os bebés precisam de líquidos para manter o bom funcionamento orgânico. Se amamenta, é muito importante que beba entre 1,5-2 litros de água por dia como entre meio a 1 litro de leite.
No caso de bebés maiores, que já comem alimentos sólidos (a partir dos 4-6 meses), deve oferecer água ao longo do dia, nos intervalos das refeições para o manter sempre bem hidratado.
Mesmo que o bebé recuse, ofereça periodicamente água ao longo do dia. Para tornar estes momentos mais divertidos, use um copo que a criança possa segurar nas mãozinhas.
4. A fase da diversificação alimentar
A diversificação alimentar deve ser feita com a supervisão do seu pediatra. Após meses a digerir exclusivamente alimento líquido, o sistema digestivo do bebé precisa de passar por uma fase de adaptação para conseguir decompor os alimentos sólidos.
Ao nascer, o sistema digestivo é imaturo e sensível. O processamento das proteínas do leite materno (ou do leite de fórmula) e dos sólidos implica a produção de enzimas e o amadurecimento do sistema digestivo, é necessário fazer uma transição gradual e equilibrada.
É muito importante que a fibra faça parte da dieta do bebé assim como a ingestão de líquidos (água ou leite) em pequenas quantidades, ao longo do dia.
Evite oferecer sumos de fruta ao seu filho. Os hábitos alimentares saudáveis, como outros, devem ser incentivados precocemente logo com o início da nova dieta. Mais tarde, vai ser muito mais difícil reeducar comportamentos.
O sal e outros condimentos também devem ser evitados na confeção das refeições do bebé. Siga as recomendações do seu pediatra e não caia na tentação de “dar mais sabor à comida” se pensa que o seu bebé não come tanto como deveria.
Em caso da recusa alimentar, deve procurar outras soluções com a ajuda do seu pediatra e não complexificar a confeção das refeições.
5. Dificuldade/resistência da criança em fazer cocó
Nas crianças mais crescidas, a associação da hora de ir à casa de banho a sensações desagradáveis, como dor, pode originar resistência e fazer com que “segure” o cocó. Este comportamento gera um ciclo vicioso: fezes duras – dor – retração – fezes duras – dor – retração.
É importante que esta situação seja prevenida desde o início do uso do pote, nomeadamente, com a criação de uma rotina de usar o penico, todos os dias, à mesma hora, mesmo que a criança não tenha vontade de defecar.
Igualmente importante é ensinar à criança a sentar-se corretamente no pote e mais tarde, na sanita. A criança deve estar sentada com os pés bem apoiados no chão ou num banquinho. A posição de cócoras também é correta. O importante é que a criança se sente corretamente e com os pés apoiados.
Por outro lado, a criança pode ter outras complicações como a fissura anal que, por provocar dor e desconforto leva a criança a recusar e/ou adiar a ida à casa de banho.
O tratamento da fissura anal consiste na aplicação de uma pomada anestésica após higiene da zona afetada com água fria ou tépida, uma alimentação rica em fibras e a toma frequente de água. Em algumas situações, poderá ser administrado um laxante, mas sempre por indicação médica.
A prisão de ventre também pode um sinal da presença de uma doença menor como uma constipação.
Bibliografia
- Constipation and Your Child, American Academy of Pediatrics, 7 de setembro de 2013
- Artigo Evaluation and Treatment of Constipation in Infants and Children: Recommendations of the North American Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology and Nutrition, Journal of Pediatric Gastroenterology and Nutrition 43:e1Ye13, September 2006 Lippincott Williams & Wilkins, Philadelphia
- National Digestive Diseases Information Clearinghouse (NDDIC) – consulta online a 26 de junho de 2014
- O Livro da Criança – do 1 aos 6 anos, de Mário Cordeiro, edição A Esfera dos Livros, outubro de 2007, pág. 133 e 696