As alterações da marcha são uma das questões que muito preocupam os pais. Algumas crianças andam com os pés para dentro sem que isso signifique a existência de algum problema de maior no seu desenvolvimento ou que não venha a corrigir a postura mais tarde.
Apesar da ansiedade e da preocupação que a situação possa gerar nos pais (as alterações da marcha são uma causa frequente de consultas pediátricas), os especialistas recomendam evitar intervenções desajustadas à situação que, na maior parte dos casos, se resolve espontaneamente sem necessidade de qualquer tipo de tratamento.
Andar com os pés para dentro
Andar com os pés para dentro é uma situação muito frequente entre as crianças mais pequenas. Na maior parte das vezes, isso deve-se apenas a uma postura incorreta quando se sentam. A criança não manca, não tem dores nas articulações e faz todas as atividades do dia-a-dia (inclusive, desporto) sem dificuldade ou queixas.
Geralmente, as crianças sentam-se com as pernas voltadas para trás, como se formassem um “W” (ou seja, sentam-se sobre os pés) e isso faz com que as pernas rodem para dentro, o que se reflete neste tipo de andar característico das crianças mais pequenas.
A evolução física da criança fará com que, naturalmente, adote posturas corretas e com que o problema desapareça sem necessidade de qualquer tratamento. Na maioria dos casos, a situação evolui favoravelmente e resolver-se naturalmente, ao longo do tempo.
O que fazer se o meu filho anda com os pés para dentro?
Salvo raras exceções, andar com os pés para dentro é uma situação que não precisa de nenhum tratamento especial, como palmilhas, fisioterapia, sapatos ortopédicos, aparelhos noturnos, faixas elásticas anti-rotatórias, twister cable (prática abandonada em muitos países do mundo) ou gesso.
Soluções de tratamento específicas estão reservadas para casos cujo potencial de correção espontânea já terminou ou quando existe um problema ortopédico ou uma situação de saúde associado, o que deve ser devidamente avaliado pelo pediatra e pelo médico ortopedista.
Quando existe de facto um problema, na maioria das vezes, este não está nos pés (que têm a forma normal) mas sim nas ancas ou nas pernas. Nestes casos, a criança deve ser observada por um especialista (médico ortopedista infantil) que fará uma avaliação física para tentar identificar o local exato do membro inferior responsável pela marcha com os pés para dentro.
O que fazer para ajudar?
Andar com os pés para dentro é uma situação muito comum nos primeiros meses após a criança começar a andar e que acaba por se resolver por si só até aos 5/8 anos de idade. No entanto, algumas medidas podem ajudar no correto posicionamento e obrigar as pernas a fazerem o movimento de rotação para fora, nomeadamente:
- Andar na areia (praia);
- Pedalar no triciclo / bicicleta;
- Sentar à “chinês” (com as pernas cruzadas à frente para evitar a rotação interna das coxas).
Tratamento cirúrgico
Raramente, nas situações mais graves ou que não se resolvem por si só até aos 8 anos, pode ser necessário fazer correção cirúrgica.
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