Determinados comportamentos, dificuldades emocionais e de socialização da criança são tomados como passageiros, como uma fase mais difícil, especialmente quando se supõem relacionados com algum episódio mais stressante como, por exemplo, o divórcio dos pais ou a morte de alguém próximo.
Quando assim não é, os pais vêem-se confrontados com a necessidade de compreender o que se passa com os sentimentos do seu filho e encontrar respostas e pistas que os ajudem a encontrar estratégias para apoiar e ajudar a ultrapassar o problema.
O que é a Pedopsiquiatria?
A Pedopsiquiatria é uma especialidade médica na área da saúde mental infanto-juvenil (dos 0 aos 18 anos de idade). O Pedopsiquiatra atua ao nível da prevenção, avaliação, diagnóstico e tratamento de problemas emocionais e/ou comportamentais das crianças, jovens e suas famílias.
Os principais objectivos da Pedopsiquiatria são a promoção de um normal desenvolvimento psicoafetivo da criança/adolescente e a prevenção e tratamento de perturbações mentais e afetivas na esfera individual e/ou familiar.
O Pedopsiquiatra não atua exclusivamente em casos graves mas, também, quando há situações relacionadas como o fracasso escolar, comportamentos agressivos, dificuldades de relacionamento, entre outros.
Áreas de intervenção da Pedopsiquiatra
- Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA)
- Problemas do comportamento de oposição/desafio
- Perturbações alimentares (anorexia, bulimia)
- Problemas de socialização
- Tristeza
- Depressão
- Ansiedade infantil
- Crises/ataques de pânico
- Fobias
- Comportamentos obsessivos e compulsivos
- Perturbações do espectro autista (ver “O que é o autismo?”)
- Problemas controlo esfinteriano (noturno e diurno)
- Problemas do sono
- Problemas relacionados com a parentalidade
- Atraso no desenvolvimento da linguagem
- Problemas escolares
“Prestar particular atenção à prevenção e sinalização precoce, desenvolvendo competências para o diagnóstico e apoiando serviços preventivos na comunidade (aconselhamento, apoio social, intervenção em crise, organizações de solidariedade).” (1)
A promoção da saúde mental em idade precoce
A promoção da saúde mental em idade precoce, segundo o Relatório da Comissão dos Direitos das Crianças e Adolescentes (Conselho Nacional de Saúde Mental, setembro de 2002), conduz a um amplo conjunto de resultados positivos, incluindo um menor risco de problemas e de comportamentos e melhor qualidade de vida.
Ainda segundo este Relatório, podem ser adotadas determinadas medidas preventivas como:
- Reduzir a exposição aos problemas psicossociais, incluindo a prevenção da insuficiente estimulação cognitiva e emocional, na primeira infância e infância precoce.
- Diminuir a hospitalização desnecessária, as separações prolongadas dos pais, a descontinuidade dos padrões de cuidados.
- Modificar as estruturas escolares, de acordo com os princípios da saúde mental.
- Promover a deteção precoce de atrasos do desenvolvimento e de perturbações emocionais.
- Reduzir o fracasso escolar, através de intervenções a partir da escola, dirigidas aos problemas de aprendizagem.
- Preparar a parentalidade, através de programas específicos.
- Proteger crianças e famílias expostas a problemas socioculturais (migração) e o abuso de álcool ou substâncias psicoativas.
“Tem havido um aumento considerável de pedidos de consultas, sobretudo à custa de fracassos escolares, problemas do comportamento, crianças negligenciadas, maltratadas e abusadas, filhos de toxicodependentes. Além disso, as situações das famílias disfuncionais são cada vez mais graves.
Os pedidos de ajuda são feitos diretamente pela própria família ou através das instituições da comunidade. Nos últimos anos, as educadoras e as professoras têm melhor conhecimentos dos problemas emocionais e da necessidade duma resposta atempada para prevenir danos psicológicos mais incapacitantes e com mais pesadas consequências no futuro. Os problemas da Pedopsiquiatria são muito específicos: a Infância é a ?idade de ouro? para a prevenção.” (2)
- (1) Relatório da Comissão dos Direitos das Crianças e Adolescentes (Conselho Nacional de Saúde Mental, setembro de 2002), Objetivos de curto e médio prazo para a sua´de mental infantil e juvenil, página 28
- (2) Relatório da Comissão dos Direitos das Crianças e Adolescentes (Conselho Nacional de Saúde Mental, setembro de 2002), página 23