A pancreatite é uma inflamação no pâncreas. O pâncreas é o órgão responsável por facilitar a digestão de proteínas, açúcares e gorduras, a absorção de certos nutrientes e produção de insulina e glicagina, que regulam os níveis de açúcar no sangue.
Como surge a pancreatite?
A pancreatite é uma inflamação do pâncreas que acontece quando as enzimas pancreáticas usadas no processo digestivo são libertadas no órgão, originando a deterioração do próprio órgão.
Estima-se que a patologia afete entre 5 a 25 pessoas a cada 100 mil.
Quais os sintomas?
Os sinais que indiciam um quadro de pancreatite são:
- Dor intensa na parte superior do abdómen, que pode espalhar-se para as costas;
- Náuseas e vómitos;
- Febre;
- Aumento da frequência cardíaca;
- Inchaço na barriga;
- Perda de peso acentuada e não propositada;
- Desnutrição;
- Hipotensão (pressão arterial baixa);
- Icterícia;
- Aparecimento súbito de Diabetes já que a doença destrói as células que produzem e regulam a insulina no corpo;
- Fezes volumosas, de cores claras e com aspeto gorduroso.
Tipos de pancreatite e as suas causas
Esta doença tem duas variantes: a aguda e a crónica.
Pancreatite aguda
Este tipo da doença aparece de forma repentina. Normalmente, como tem sintomas bastante fortes, o diagnóstico é feito numa fase precoce, o que ajuda no desaparecimento da sua sintomatologia. No entanto, podem surgir complicações, como o pseudocisto pancreático – normalmente desaparece por si só, mas pode também inflamar -, pancreatite necrosante (quando partes do órgão morrem acometendo o normal fluxo sanguíneo, o que pode representar perigo de vida para o doente), infeção do pâncreas, insuficiência de órgãos
A causa mais frequente para este tipo de pancreatite é o cálculo biliar, uma massa pequena e sólida que se forma na vesícula. Também pode ser causada pelo consumo excessivo de álcool. Além disso, também a administração de alguns medicamentos, traumas (lesões), doenças metabólicas, infeções (como sarampo), níveis elevados de triglicéridos no sangue podem estar na sua origem.
Pancreatite crónica
Já a pancreatite aguda é uma inflamação que depois de se manifestar não desaparece. Existem crises de inflamação que podem causar danos permanentes no pâncreas – os indivíduos com esta condição podem sentir dificuldade na digestão de gorduras ou mesmo desenvolver diabetes mellitus. Estima-se que afete anualmente 5 a 10 pessoas a cada 10 mil.
Quando surge na idade adulta a sua causa mais comum é o consumo de álcool em excesso. Contudo, também as doenças autoimunes e genéticas – como a fibrose cística – podem estar na génese desta patologia.
As duas principais causas são os cálculos biliares e o abuso de álcool, correspondendo a cerca de 75% das pancreatites.
De notar que em cerca de 10% dos casos a causa da pancreatite é desconhecida.
Como é a pancreatite diagnosticada?
Perante os sintomas acima mencionados é aconselhável procurar ajuda médica o mais precocemente possível com vista a evitar as consequências graves despoletadas pela doença, como hemorragias, problemas nos rins, nos pulmões e coração e até risco de vida.
O diagnóstico é realizado com base num questionário sobre os sintomas e nos níveis de alguns parâmetros das análises clínicas (essencialmente para verificar os níveis das enzimas pancreáticas, a amilase e lípase). Contudo, o médico poderá ainda prescrever a realização de uma ecografia abdominal, tumografia computorizada e estudo endoscópico dos canais biliares e pancreáticos (CPRE).
Assim, para que sejam evitadas as complicações da pancreatite, o médico deve indicar a realização de exames que permitem identificar a causa da pancreatite e, assim, iniciar o tratamento mais adequado, podendo ser recomendada a realização de exames de imagem e laboratoriais, principalmente a dosagem das enzimas amilase e lipase no sangue, que são enzimas produzidas pelo pâncreas. Entenda como é feito o diagnóstico da pancreatite.
Qual o tratamento?
A terapêutica varia consoante o tipo de pancreatite e a sua gravidade. No entanto, nas duas variantes da doença é necessário admitir o doente no internamento hospitalar de forma a administrar soros (para hidratar) e analgésicos (para suavizar a dor ou outros sintomas).
Geralmente, não é permitida o consumo de alimentos durante alguns dias para que a inflamação seja curada, podendo ser necessário a colocação de uma sonda através do nariz.
Em cerca de 20% dos casos, a pancreatite justifica o internamento nas unidades de cuidados intensivos para uma maior vigilância por forma a evitar um agravamento do quadro clínico e o alastramento da lesão a outros órgãos.
Perante um caso de pancreatite aguda espera-se que alguns dias de internamento com a devida medicação seja o suficiente para o doente recuperar sem quaisquer lesões. Há, no entanto, que frisar, que existem casos graves que podem pôr em risco a própria vida – quando assim o é pode haver a necessidade de efetuar um procedimento cirúrgico.
Os especialistas podem também aconselhar a toma de enzimas pancreáticas às refeições com vista a ajudar a manter o estado nutricional e metabólico equilibrado.
A informação presente neste artigo não pretende, de qualquer forma, substituir as orientações de um profissional de saúde ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Assim sendo, perante qualquer incómodo, aconselhamos que se desloque ao seu médico assistente a fim de obter o diagnóstico e tratamento adequado.