Habituar o bebé a adormecer sozinho pode ser uma verdadeira provação. A sucessão de tentativas dos mais variados métodos acaba não raras vezes em choro para o bebé… e para os pais.
O método de Ferber, Ferberização ou de deixar chorar é atualmente muito popular e aconselhado por alguns profissionais de saúde, mas é objeto de muita controvérsia. Richard Ferber desenvolveu o método de treino de sono para bebés que tenham três ou mais meses de idade.
A Ferberização consiste em deixar o bebé chorar por um período de cinco minutos e depois confortá-lo verbalmente e com carinhos sem, no entanto, pegar nele ao colo. Seguidamente, a mãe/pai sai do quarto e o mesmo procedimento repete-se, mas desta vez deixa-se o bebé chorar sozinho durante 10 minutos, 15 e assim sucessivamente.
Funciona? É eficaz? Parece que sim. O bebé aprende a dormir e a auto confortar-se? Bem, o que pode acontecer na realidade é que o bebé aprende a não esperar que a mãe ou pai voltem ao quarto para o confortar ou acaba por sucumbir à exaustão provocada por várias horas de choro.
Existem, aliás, estudos que indicam que a prática do choro controlado num bebé ou criança pode comprometer o seu desenvolvimento cerebral, causar ansiedade na idade adulta, entre outros problemas.
Abraham Le Roux, um psicólogo sul-africano, adverte que quando se força um bebé a confortar-se a si próprio, o que é típico do treino do sono, poder-se-á estar a educar um futuro adulto que necessitará de continuar a auto confortar-se, mas com comida, drogas, álcool…
Outra investigadora, Margot Sunderland, especialista do desenvolvimento do cérebro na criança e autora de várias obras sobre o desenvolvimento infantil, afirma que deixar uma criança a chorar sozinha poderá causar neurose grave e problemas do foro emocional ao longo da vida.
Esta especialista adverte os pais a porem de parte as teorias modernas do choro controlado, da disciplina rigorosa e outras e, em vez disso, procurarem ir de encontro às necessidades emocionais da criança, fomentando um ambiente em que prevaleça o carinho e a empatia pelas emoções.
Margot Sunderland considera que o uso de palavras duras que exijam a obediência imediata irá resultar em crianças desafiadoras, enquanto o uso de palavras que levam a pensar e a oferecer escolhas e ativa a esfera emocional. Se as palavras não forem suficientes para acalmar a criança poderão abraçá-la com tranquilidade. Por vezes o cérebro da criança está tão ocupado que as palavras não são suficientes e um toque com carinho poderá funcionar sem provocar conflitos.
A autora aconselha os pais a não minimizarem as emoções dos filhos devendo procurar demonstrar compreensão pelo que (os filhos) estão a sentir. Os pais não devem também fazer as crianças sentirem que as suas emoções são desadequadas, mesmo que considerem que o são. Nestes casos devem procurar demonstrar empatia. O carinho e a calma são fundamentais segundo a investigadora. Finalmente, o toque de forma carinhosa para acalmar a criança é também muito importante.