O que é o folículo ovárico?
O folículo ovárico é a unidade primária do sistema reprodutor feminino. Trata-se de uma pequena vesícula à superfície do ovário que contém um ovócito revestido por uma ou mais camadas de células foliculares, também conhecidas como “células da granulosa”.
A função do folículo consiste em proporcionar um ambiente ideal para a manutenção da viabilidade, bem como, o crescimento e a maturação do ovócito. Cada folículo ovárico é como que um “guardião” de células imaturas com um óvulo também imaturo no interior.
Quais as fases de desenvolvimento folicular?
Ao contrário do homem, que produz novos espermatozoides regularmente, a mulher, ao nascer, já contém nos seus ovários muitas centenas de ovócitos dispostos a iniciar a sua maturação, mas que permanecem “guardados” em folículos primordiais.
Só com a chegada da puberdade e o começo do ciclo menstrual, com o estímulo de hormonas produzidas pelo hipotálamo e pela hipófise, os folículos (um em cada 28 dias) iniciarão o processo de crescimento folicular e atingirão a sua maturação.
Assim, os folículos podem ser classificados, de acordo com o seu desenvolvimento, em: folículos primordiais; folículos primários; folículos secundários; folículos terciários e, por último, folículos maduros ou de Graaf (suficientemente grandes para garantir a ovulação).
Folículos primordiais
Os folículos primordiais (formados durante a vida fetal) são constituídos por uma célula germinativa (ovócito), rodeada por células foliculares achatadas. Na altura do nascimento, os ovários possuem cerca de 2 milhões de folículos primordiais.
Folículos primários
O folículo primário ocorre a partir da puberdade e até à menopausa. Aproximadamente, uma vez por mês, um folículo primordial começa a crescer dentro de um dos ovários.
Na fase do folículo secundário, continua a verificar-se o crescimento do folículo primário, devido ao contínuo aumento do ovócito e à proliferação das células foliculares, que originam uma cama espessa denominada por camada granulosa.
Já no folículo terciário, o ovócito continua a aumentar de tamanho e as células da camada granulosa continuam a proliferar. Esta camada começa a apresentar várias cavidades preenchidas de líquido.
Por fim, no folículo maduro ou de Graaf, as cavidades existentes na camada granulosa continuam a aumentar de tamanho até originar uma só cavidade cheia de líquido folicular (cavidade folicular). Esta cavidade fica rodeada por uma camada granulosa, que inclui um conjunto de células a rodear o ovócito, pronto a ser libertado.
O crescimento do folículo de Graaf causa uma saliência na superfície do ovário, que acaba por causar a sua rutura e libertar o ovócito, num processo denominado de ovulação.
Qual o papel dos folículos no ciclo menstrual?
No início do ciclo (o primeiro dia da menstruação é o primeiro dia do ciclo), na fase designada pré-ovulatória ou folicular, o organismo envia um sinal ao cérebro para que comece a produzir a hormona folículo-estimulante (FSH), a principal hormona envolvida na produção de óvulos maduros. A FSH estimula uma série de folículos a desenvolverem-se e a iniciarem a produção de estrogénio. No primeiro dia do período menstrual, o estrogénio está no seu nível mais baixo. A partir daí, começa a aumentar.
Por volta do 7º dia do ciclo, os folículos param de crescer e começam a degenerar, à exceção de um que continua a crescer e a nutrir o óvulo em evolução no seu interior.
Simultaneamente, a quantidade crescente de estrogénio no organismo garante o espessamento do revestimento interior do útero com sangue e nutrientes, para que, numa possível gravidez, o óvulo fertilizado tenha todos os nutrientes e apoio de que necessita para crescer.
São também os níveis de estrogénio no organismo que provocam uma subida rápida da hormona luteinizante (LH). Este pico dá ao óvulo maduro o empurrão final necessário para que ele termine o seu amadurecimento total e se liberte do folículo. O óvulo é então libertado para a cavidade pélvica, juntamente com líquido folicular que o envolve. Este processo é conhecido como ovulação.
Trompa de Falópio
A trompa de Falópio do lado respetivo recolhe o óvulo e este inicia a sua lenta descida até ao útero. O óvulo pode sobreviver até 24 horas. A sobrevivência do esperma é mais variável, mas é, normalmente, de 3-5 dias, pelo que os dias que conduzem à ovulação e o dia em que ocorre a própria ovulação são os seus dias mais férteis – aqueles em que tem mais hipóteses de engravidar.
Para que a gravidez ocorra é preciso que o folículo ovárico esteja presente e tenha o tamanho ideal. Um folículo maduro que está prestes a ovular, num ciclo natural, mede entre 18 mm e 25 mm. Quando é realizado tratamento com indutor de ovulação, esses folículos podem chegar a medir 31 mm em média.
Após a ovulação, o folículo sofre rápidas transformações. As células foliculares, que permanecem no folículo, proliferam, aumentam de tamanho e adquirem função secretora. Convertem-se no “corpo amarelo ou lúteo” (chama-se assim, porque o citoplasma destas células é amarelo, devido à presença de um pigmento desta cor) e servem como suporte hormonal para o endométrio. Esta nova estrutura é encarregada de produzir progesterona, hormona necessária para que a mucosa uterina se prepare para o possível acolhimento de um óvulo fecundado. Trata-se da fase pós-ovulatória ou lútea.
Preparação para um novo ciclo…
Se não tiver havido fecundação, o corpo amarelo sofre uma rápida regressão e transforma-se em “corpo branco”, um tecido fibroso esbranquiçado, uma espécie de cicatriz na superfície do ovário.
Os níveis de estrogénio e progesterona diminuem, porque estas hormonas deixam de ser necessárias. Sem os elevados níveis hormonais para ajudar a mantê-lo, o espesso revestimento interior do útero começa a subdividir-se e o organismo remove-o, juntamente com o óvulo. Dá-se então início à menstruação e a um novo ciclo.
… ou para a gravidez
No caso de ocorrer a fecundação, o óvulo pode implantar-se com sucesso no revestimento interior do útero. Isto ocorre, normalmente, cerca de uma semana depois da fertilização.
Após a implantação do óvulo fertilizado, o organismo começa a produzir a hormona da gravidez, a gonadotrofina coriónica humana (GCh), que mantém ativo o folículo vazio. O corpo amarelo continua a segregar estrogénio e progesterona para impedir que o revestimento interior do útero seja libertado, até que a placenta (que contém todos os nutrientes necessários ao embrião) esteja suficientemente madura para manter a gravidez.