O seu médico aconselhou-a a colocar um dispositivo intrauterino (DIU) Mirena para prevenir a gravidez ou para regular os períodos menstruais, mas está indecisa? Talvez este artigo a ajude pois aqui encontrará informação geral sobre este método contracetivo e a informação contida na bula de Mirena.
Em que consiste Mirena?
Mirena é um DIU com a forma de “T”, o qual, após inserção, liberta no útero a hormona levonorgestrel. É utilizado na contraceção (prevenção da gravidez) e na menorragia idiopática (hemorragia menstrual excessiva).
A forma em “T” do dispositivo ajusta-se à forma do útero. O braço vertical do corpo em “T” contém um reservatório de fármaco que contém levonorgestrel. Na parte terminal inferior do braço vertical existem dois fios de remoção.
Mirena não é um método de primeira escolha para mulheres jovens que nunca estiveram grávidas, nem para mulheres na pós-menopausa que apresentem útero diminuído. Também não é adequado para utilização como contracetivo pós-coito (utilizado depois de relações sexuais).
Nota: Cerca de 2 em 1000 mulheres que utilizem corretamente Mirena ficam grávidas no primeiro ano. Cerca de 7 em 1000 mulheres que utilizem corretamente Mirena ficam grávidas em cinco anos.
Antes de poder iniciar a utilização deste dispositivo intrauterino, o seu médico irá colocar-lhe algumas questões acerca da sua história clínica pessoal e da dos seus parentes próximos.
Como é colocado?
Mirena é um dispositivo colocado e removido pelo ginecologista, sendo inserido após um exame ginecológico que serve para determinar a posição e dimensão do útero.
O dispositivo pode ser inserido no início do período menstrual, dentro dos primeiros sete dias. O DIU pode também ser colocado imediatamente após um aborto no primeiro trimestre, desde que não haja infeções genitais.
O DIU deve ser colocado apenas depois do útero ter voltado ao seu tamanho normal após um parto, e não mais cedo do que seis semanas após um parto. Mirena pode ser substituído por um novo dispositivo em qualquer altura do ciclo.
A colocação de Mirena causa dor?
Para algumas mulheres, a colocação deste tipo de dispositivos pode ser incómoda e mesmo dolorosa. Nestas situações o médico pode aplicar uma anestesia local.
Algumas mulheres podem referir dor e mal-estar após a inserção. Se esta sintomatologia não passar meia hora após posição de repouso, o DIU provavelmente não se encontra corretamente posicionado. Uma avaliação ginecológica deverá ser realizada e se necessário o DIU deverá ser retirado.
Consulte o médico de imediato se sentir uma dor persistente na região inferior do abdómen, febre, dor durante a relação sexual ou hemorragia anormal.
Como saber se Mirena está bem colocado?
Só o médico consegue saber se Mirena está inserido corretamente. Recomenda-se verificar com um dedo se sente os fios do dispositivo, por exemplo, enquanto faz a sua higiene.
Poderá verificar se os fios do dispositivo estão bem colocados após o seu período. Suavemente introduza um dedo na vagina após o seu período e sinta os fios no fundo da vagina ao pé da entrada do seu útero (colo).
Não puxe os fios porque pode acidentalmente deslocar Mirena. Se tem sinais indicativos de uma expulsão ou se não sente os fios, deve evitar uma relação sexual ou utilizar outro método contracetivo e consultar o seu médico.
Como Mirena diminui o fluxo menstrual, o aumento do fluxo pode ser indicativo de uma expulsão.
Quando devo consultar um médico?
Deve verificar o seu DIU 4 – 12 semanas depois da inserção, e depois regularmente pelo menos uma vez por ano. Além do mais, deve consultar o seu médico se alguma das seguintes situações ocorrer:
- Não sentir os fios na sua vagina;
- Sentir a parte inferior do dispositivo;
- Pensar que poderá estar grávida;
- Tiver dor abdominal persistente, febre ou corrimento vaginal anormal;
- Sentir (ou o seu parceiro) dor ou desconforto durante a relação sexual;
- Houver mudanças bruscas nos seus períodos menstruais (por exemplo, se o seu período menstrual for curto ou não existir, e depois tiver uma hemorragia persistente ou dor, ou se tiver hemorragia menstrual muito intensa);
- Tiver outros problemas médicos, como enxaquecas ou dores de cabeça intensas recorrentes, problemas súbitos de visão, icterícia ou pressão sanguínea elevada.
Durante quanto tempo um dispositivo Mirena pode ser utilizado ?
O dispositivo é eficaz durante 5 anos e depois deverá ser retirado. Se pretender, poderá ter um novo Mirena inserido quando o anterior for retirado.
Mirena altera os períodos menstruais?
No tratamento de hemorragia menstrual excessiva idiopática, Mirena provoca uma forte redução de fluxo menstrual logo passados três meses. Algumas utilizadoras não têm mesmo períodos menstruais.
Mirena afeta o ciclo menstrual da mulher. Pode alterar os períodos menstruais e como tal poderá ter uma pequena perda de sangue, períodos menores ou mais prolongados, hemorragias mais ligeiras ou abundantes, ou não perder qualquer sangue.
Muitas mulheres têm frequentemente uma hemorragia ligeira para além dos seus períodos durante os primeiros 3 a 6 meses depois da aplicação de Mirena.
Algumas mulheres podem apresentar perdas menstruais abundantes ou mais prolongadas nesta altura. Se houver persistência, o médico deve ser informado.
Globalmente, terá tendência a ter uma redução progressiva no número de dias de hemorragia e no volume das suas perdas menstruais, em cada mês. Nalguns casos eventualmente pode haver uma ausência das perdas menstruais.
À medida que diminui o volume das perdas menstruais com a utilização de Mirena, a maioria das mulheres apresenta um aumento do valor da sua hemoglobina no sangue. Quando o dispositivo é removido, os períodos regressam à normalidade.
Mirena prejudica as relações sexuais?
Nenhum dos parceiros deve sentir o DIU durante o ato sexual. Se sentir, as relações sexuais deverão ser evitadas até que o médico verifique que o dispositivo de libertação intrauterino ainda está na posição correta.
Para adaptação do organismo, deve aguardar 24 horas após ter Mirena inserido para ter relações sexuais. A partir da aplicação de Mirena, está garantida a prevenção da gravidez.
Pode-se usar tampões?
A utilização de pensos está recomendada, mas em relação aos tampões é necessário ter precauções com a remoção dos mesmos para não puxar os fios de Mirena.
Mirena pode ser expulso ou sair do lugar?
As contrações uterinas durante o período menstrual podem nalguns casos deslocar o DIU ou expulsá-lo. Os sintomas possíveis são dor e hemorragia anormal.
Se houver deslocação do DIU, a eficácia pode ficar reduzida. Se o DIU for expulso, já não está protegida da gravidez.
Depois de retirar o dispositivo é possível engravidar?
Sim. Depois da remoção de Mirena, este não interfere na fertilidade normal da mulher. Poderá ficar grávida durante o primeiro ciclo menstrual após a remoção de Mirena.
O DIU pode ser facilmente retirado em qualquer altura pelo seu médico, podendo a gravidez ocorrer em seguida. A remoção habitualmente não provoca dor.
A fertilidade retorna à normalidade depois da remoção de Mirena. Se não pretende engravidar, Mirena não deverá ser removido depois do sétimo dia do ciclo menstrual, a não ser que a contraceção seja assegurada com outros métodos (por ex. preservativos) pelo menos durante sete dias antes da remoção.
Quando a mulher não apresenta perdas menstruais, deverá utilizar métodos de contraceção de barreira durante sete dias antes da remoção de Mirena até reaparecer a menstruação. Um novo Mirena poderá também ser introduzido imediatamente após a remoção do anterior; neste caso não há necessidade de proteção adicional.
Mirena engorda?
Tal como acontece com as pílulas anticoncecionais, Mirena pode levar ao aumento do peso pois trata-se de um método anticoncecional que funciona à base de hormonas.
É preciso usar também outros métodos anticoncecionais?
Mirena, tal como outros contracetivos hormonais, não protege contra a infeção pelo VIH ou qualquer outra doença sexualmente transmissível . Por isso, é recomendável usar contracetivos de barreira (preservativo, espermicidas, diagramas, cones) para prevenir uma gravidez indesejada e proteger contra doenças sexualmente transmissíveis.
Convém relembrar que cerca de 2 em 1000 mulheres que utilizam corretamente Mirena ficam grávidas no primeiro ano. Cerca de 7 em 1000 mulheres que utilizam corretamente Mirena ficam grávidas em cinco anos.
Em que situações é indicado remover o dispositivo?
Há situações em que o dispositivo deverá ser removido ou em que a sua fiabilidade poderá estar diminuída. Em tais situações, deverá não ter relações sexuais ou deve tomar precauções contracetivas não hormonais extra, por exemplo, um preservativo ou outro método de barreira.
Não utilize métodos de ritmo ou de temperatura. Estes métodos podem não ser fiáveis porque Mirena altera as mudanças mensais de temperatura corporal e de muco cervical.
Não utilize Mirena nas seguintes situações:
- Gravidez conhecida ou suspeita;
- Doença inflamatória pélvica (infeção dos órgãos reprodutores femininos) atual ou recorrente;
- Infeção do trato genital inferior;
- Infeção do útero depois de um parto;
- Infeção do útero depois de um aborto nos últimos 3 meses;
- Infeção do colo uterino;
- Displasia cervical;
- Cancro ou suspeita de cancro no útero ou no colo do útero;
- Tumores que estão dependentes de hormonas progestagénicas para crescer;
- Hemorragia vaginal anormal não esclarecida;
- Displasia cervical ou uterina incluindo fibromas que deformem a cavidade uterina;
- Estados associados a uma suscetibilidade aumentada às infeções;
- Doença aguda do fígado ou tumor do fígado;
- Alergia ao levonorgestrel ou a qualquer outro componente deste medicamento.
Mirena e gravidez
Não deve utilizar-se Mirena no caso de existência ou suspeita de gravidez. É muito raro uma mulher ficar grávida se Mirena estiver colocado no lugar. Mas se o dispositivo sair, deixa de estar protegida e neste caso deve utilizar outra forma de contraceção até consultar o seu médico.
Algumas mulheres podem não ter períodos enquanto utilizam Mirena. O facto de não ter um período menstrual não significa necessariamente que esteja grávida. Se lhe faltar o período e tiver outros sintomas de gravidez (por exemplo: náuseas, cansaço, sensibilidade mamária) deve ser examinada pelo seu médico e fazer um teste de gravidez.
Se engravidar com Mirena colocado, este deve ser removido rapidamente. Se mantiver o dispositivo colocado durante a gravidez, vai aumentar o risco de ter um aborto, infeção ou parto prematuro.
A hormona de Mirena é libertada no útero. Isto significa que o feto fica exposto a uma concentração local relativamente alta de hormona, embora a quantidade de hormona recebida através do sangue e da placenta seja baixa.
O efeito de tal quantidade de hormona sobre o feto deverá ser tido em consideração, mas, até à data, não há evidência de efeitos negativos sobre o recém-nascido associado à utilização de Mirena, nos casos em que a gravidez continuou até ao fim com Mirena colocado.
Os contracetivos hormonais não são recomendados como método contracetivo de primeira escolha; só os métodos não hormonais são considerados os de primeira escolha, seguem-se os métodos contracetivos que tenham só progestagénio, tal como Mirena. A dose diária e as concentrações sanguíneas de levonorgestrel são mais baixas do que com qualquer outro método contracetivo hormonal.
Pode-se usar Mirena e amamentar?
Mirena pode ser usado durante a amamentação. O levonorgestrel tem sido identificado em pequenas quantidades no leite materno de mulheres a amamentar (é transferida 0,1% da dose para o bebé).
Parece não haver efeitos negativos no desenvolvimento do bebé, com a utilização de Mirena, a partir das seis semanas após o parto. Os métodos com progestagénio apenas não parecem afetar a quantidade ou qualidade do leite materno.
FONTE: FOLHETO INFORMATIVO MIRENA
Antes de tomar qualquer medicamento/suplemento alimentar ou outro consulte o seu médico. Lembre-se que a automedicação pode ter consequências graves.