O que é o ecodoppler?
O ecodoppler é um exame não invasivo que permite avaliar o fluxo dos vasos sanguíneos (artérias ou veias). É realizado com recurso a ultrassons, os quais incidem sobre as células do sangue em tecidos moles. Os ultrassons não conseguem atravessar os tecidos sólidos.
Para a realização do ecodoppler é utilizado um ecógrafo que capta imagens através de uma sonda que permite ao médico estudar o fluxo de sangue nos vasos sanguíneos. As alterações nas ondas de ultrassons permitem ao ecógrafo atribuir uma cor concreta a cada frequência: vermelha, azul e amarela. Este é, portanto um exame a cores.
Ao contrário do que possa pensar, o ecodoppler não é uma invenção recente. Na verdade foi descoberto no século XIX pelo físico austríaco Christian Andreas Doppler (1803-1853). Doppler descobriu a existência da variação da frequência do som emitido por um objeto, quando distanciado ou aproximado de uma pessoa.
Para que serve o ecodoppler?
Como mencionámos anteriormente, ecodoppler é usado para estudar as artérias e veias de diferentes partes do corpo. Contudo, os ultrassons só conseguem atravessar os tecidos moles e não os sólidos.
O corpo humano possui inúmeras artérias e veias, responsáveis por levar sangue a todos os órgãos. Esta função é conhecida como circulação sanguínea.
Existem, pois, vários tipos de ecodoppler:
- Obstétrico – ecodoppler realizado durante a gravidez, é um exame que permite avaliar os principais vasos do feto e ainda potenciais complicações ligadas aos vasos sanguíneos na grávida.
- Venoso dos membros inferiores (pernas) – permite avaliar a existência de alterações no fluxo das veias, como é o caso das varizes ou a trombose venosa profunda.
- Arterial dos membros inferiores (pernas) – este ecodoppler permite avaliar alterações das artérias nas pernas, como a presença de placas ateromatosas, calcificações vasculares e doença arterial periférica.
- Carotídeo – este ecodoppler permite avaliar as artérias carótidas comuns, internas e externas e as artérias vertebrais. Permite identificar a presença de placas de ateroma e eventuais estenoses vasculares.
- Cardíaco – ecodoppler que permite complementar o estudo de ecocardiografia, com a avaliação do fluxo intracardíaco, importante sobretudo nas doenças valvulares. Este exame é efetuado por cardiologistas.
- Visceral – permite avaliar diferentes órgãos da região abdominal. POde por exemplo ser efetuado ao fígado (Doppler hepático) ou aos vasos dos rins (Doppler renal).
- Testicular – este ecodoppler permite avaliar a presença de alterações no fluxo testicular, quer sejam o aumento por inflamação ou a ausência deste.
- Transcraniano – este ecodoppler é utilizado na avaliação das artérias cerebrais.
Para que serve o ecodoppler obstétrico?
O ecodoppler obstétrico pode ser efetuado durante a gravidez para avaliar vários parâmetros do feto. No entanto, em certas circunstâncias, este exame pode também avaliar parâmetros relativos à mãe, como veremos já a seguir.
Com uma ecografia normal, os ultrassons oferecem uma imagem que permite ao obstetra avaliar certos parâmetros.
Com o ecodoppler, os ultrassons permitem medir a direção e a velocidade do fluxo sanguíneo a avaliar. Durante a gravidez é um exame de muita utilidade pois, dependendo dos vasos sanguíneos estudados, permite avaliar possíveis problemas no feto. Entre os vasos sanguíneos estudados com mais frequência encontram-se as artérias umbilicais, a artéria cerebral média, e a veia umbilical.
Este é um exame muito importante nas gravidezes de risco.
É seguro efetuar este exame durante a gravidez?
Como é um exame não-invasivo e indolor, tanto para a mãe como para o bebé, é seguro efetuar este exame durante a gravidez.
O que deteta este tipo de exame?
É habitual realizar-se o ecodoppler obstétrico especialmente se existir algum dos seguintes riscos:
- Pré-eclâmpsia: complicação da gravidez que provoca um aumento perigoso da tensão arterial da grávida. Este problema é um dos mais frequentes na gravidez e pode afetar o feto. Este exame irá avaliar o fluxo sanguíneo da placenta, o que permite antecipar o diagnóstico da pré-eclâmpsia.
- Doenças cardíacas no feto: o ecodoppler permite ainda detetar eventuais doenças cardíacas no feto ainda dentro do útero. O sopro e a arritmia cardíaca encontram-se entre as doenças cardíacas mais comuns na infância. Atualmente, quase 50% dos casos de doenças congénitas do coração são detetados dentro do útero e os restantes nas primeiras horas de vida do recém-nascido.
- Malformações fetais: apesar de as eventuais malformações do feto poderem ser monitorizadas através de uma ecografia normal, o ecodoppler permite avaliar a espessura das artérias e detetar doenças nas mesmas.
- Sofrimento fetal: esta complicação poderá ocorrer na fase final da gravidez pois o bebé é maior e necessita de cada vez mais oxigénio e nutrientes. Estes são, como se sabe, transportados pela placenta. Contudo, nesta fase o fluxo sanguíneo da placenta terá já diminuído, levando menos oxigénio ao feto, o que causa sofrimento ao mesmo. O ecodoppler permite avaliar esta situação.
- Anemia: As causas mais comuns de anemia nas grávidas são a falta de ferro e de folato. A presença de anemia na grávida é perigosa pois pode aumentar o risco de parto prematuro e o risco de mortalidade materna de forma significativa no pós-parto.
- Diabetes gestacional: pode aparecer durante a gravidez, inclusivamente em pessoas que nunca tiveram diabetes antes. As causas da diabetes gestacional estão associadas às alterações hormonais que ocorrem durante a gravidez. Esta complicação faz contrair as artérias podendo causar o aporte insuficiente de oxigénio e nutrientes para o feto.
Fontes: Saúde Bem-Estar e CUF
Esta informação tem uma função meramente informativa e não substitui a observação e as indicações de um médico ou profissional de saúde devidamente qualificado para o efeito.