O exame de toque ou toque vaginal pode ser realizado durante a gravidez, nas consultas pré-natais e no trabalho de parto, na fase ativa (após 4 cm de dilatação).
Este procedimento permite avaliar a evolução da gravidez e, numa fase mais tardia da gestação, verificar se há sinais do início do trabalho de parto (apagamento do colo do útero e dilatação) ou se o trabalho de parto está a decorrer como esperado, permitindo identificar precocemente alguma complicação para a mãe/bebé.
Exame de toque ou toque vaginal
Para que serve e quando é realizado o exame de toque
O exame de toque permite ao médico avaliar a evolução da gestação. Nas consultas de rotina da gravidez, a partir das 34-35 semanas, o médico poderá fazer o toque vaginal para apreciação do colo uterino e do estádio da apresentação do corpo do bebé.
Exame de toque na gravidez
Se suspeita que está grávida e vai ao médico, este poderá fazer o toque vaginal. No entanto, este exame por si só não serve para diagnosticar uma eventual gravidez.
Para ter a certeza que está grávida terá que utilizar outros métodos de diagnóstico como a ecografia ou um exame ao sangue que deteta a presença da hormona beta-hCG (hormona gonadotrofina coriónica humana) produzida pelo corpo da mulher apenas quando há conceção.
O exame vaginal pode causar desconforto. Algumas mulheres podem ter dor, cólicas e um leve sangramento depois do exame. Quando estiver na consulta, fale com o médico sobre a possibilidade de ter estes sintomas e informe-se sobre como agir.
Exame de toque quando há suspeita de parto pré-termo
O toque vaginal é o ato clínico mais importante perante a suspeita de trabalho de parto pré-termo. Através do toque, é avaliado a posição, comprimento e consistência do colo do útero.
Exame de toque no parto
Durante o trabalho de parto, e segundo as indicações da Organização Mundial da Saúde, a dilatação cervical (observação mais importante para avaliar a progressão do trabalho de parto) e a descida (apresentação) da cabeça do feto serão registadas no partograma.
O registo no partograma começa na fase ativa do parto, quando o colo do útero atinge uma dilatação de 4 cm após realização do toque vaginal. Este, deve ser reduzido ao mínimo necessário. O intervalo de avaliação deverá ser de quatro horas [1]. Antes do início das contrações, o toque vaginal deve ser evitado.
Assim, o exame de toque vaginal serve para avaliar se o trabalho está a progredir fisiologicamente e identificar demoras excessivas na fase ativa do parto.
Se a dilatação for lenta (a expectativa é que o colo uterino dilate dos 4 aos 10 cm, a uma média de 1 cm por hora) é um sinal de alerta que pode associar-se a complicações como o parto distócico (quando, apesar do útero se contrair normalmente, o bebé não consegue passar pela bacia da mãe).
Como é realizado?
A grávida está deitada de costas, com os joelhos dobrados e as pernas abertas e afastadas. O médico / enfermeiro introduz dois dedos na vagina (geralmente o indicador e o médio) e toca o colo para:
- Verificar as características do colo (apagamento, consistência e dilatação);
- Avaliar a progressão da dilatação desde o último toque vaginal, relembrando que o intervalo de avaliação deverá ser de quatro horas;
- Determinar a altura da apresentação (parte do corpo do feto que se encontra mais próximo do canal do parto) e a proporcionalidade feto-pélvica (proporcionalidade entre o tamanho da cabeça do bebé e largura da bacia da mãe ou pelvigrafia interna);
- Verificar se a bolsa de águas está ou não integra (integridade das membranas).
Quando não deve ser realizado o toque vaginal?
Quando a mulher tiver perda de sangue ou de líquido amniótico, com idade gestacional igual ou superior a 28 semanas.
Toque vaginal. Sim ou não?
A utilização do toque vaginal não é um procedimento consensual. No site da OMS pode ler-se “É surpreendente que o uso desta intervenção seja tão disseminada apesar da não existência de uma boa evidência sobre a sua efetividade, especialmente considerando a sensibilidade do procedimento para as mulheres que o recebem, e as potenciais consequências adversas que a intervenção pode acarretar em determinados contextos.” [2]
[1] Organização Mundial da Saúde – Parto Prolongado e Paragem na Progressão do Trabalho de Parto – Manual para professores de Enfermagem Obstétrica. Educação para uma maternidade segura: módulos de educação. – 2ª ed. 2005. Acedido a 26 de maio de 2017. Disponível em: http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/44145/84/9248546668_3_por.pdf.
[2] Organização Mundial da Saúde – Exame de toque vaginal para avaliação de rotina e identificação de demoras na fase ativa do trabalho de parto. Acedido a 30 de maio de 2017. Disponível em: https://extranet.who.int/rhl/pt-br/topics/preconception-pregnancy-childbirth-and-postpartum-care/care-during-childbirth/care-during-labour-1st-stage/digital-vaginal-examination-routine-assessment-and-identification-delay-active-labour