Algumas gestações necessitam de cuidados específicos, tais como repouso absoluto e/ou abstenção da prática de exercício físico. Para evitar um parto prematuro, os profissionais de saúde realizam uma operação que se designa por cerclagem uterina.
Cerclagem uterina
O que é?
A cerclagem uterina consiste num procedimento cirúrgico, mais precisamente numa sutura. O seu propósito é o de “fechar” o colo do útero de forma a evitar o nascimento pré-termo ou um possível aborto espontâneo.
Esta técnica é realizada via vaginal logo após o 3º mês de gravidez nas mulheres cujo colo do útero tem uma grande dilatação ainda antes do 3º trimestre de gravidez. Pode ser programada pelo obstetra ou ser realizada em contexto de urgência.
Quando a mulher está grávida pela primeira vez e descobre que seu colo do útero é curto ou “insuficiente”, o médico obstetra pode decidir efetuar a cerclagem de urgência. Mas, pode ainda ser programada caso a mulher:
- já tenha tido outra gestação e tenha apresentado esta mesma condição;
- tenha tido um aborto espontâneo;
- tenha realizado uma conização (remoção de um fragmento do colo do útero).
Como é realizada a cerclagem uterina?
A cirurgia tem uma duração aproximada de 20 minutos e consiste na sutura cirúrgica do colo do útero, quer por via vaginal ou laparoscópica. Para tal, é em primeiro lugar, dada a anestesia epidural.
A cerclagem uterina é feita entre as 12 e as 16 semanas de gravidez e constitui um procedimento seguro tanto para a mulher, como para o bebé (mas que, ainda assim, acarreta alguns riscos como poderá ver na secção abaixo).
A cerclagem só pode ser realizada durante a gravidez e não é indicada para mulheres que ainda não engravidaram, mesmo que já tenham sofrido abortos anteriores.
O procedimento é efetuado no hospital e, caso tudo corra de acordo com o planeado, a mulher poderá regressar a casa depois de dois dias de internamento.
Habitualmente, a recuperação é célere, requerendo uma semana de repouso, sensivelmente. Apesar disso, não é aconselhável que a mulher efetue esforços durante o tempo que o médico considerar necessário.
No final do 3º trimestre, por volta das 37 semanas de gravidez, os pontos que encerram a “saída temporária do bebé”, são retirados para o parto decorrer de forma normal.
Riscos do procedimento
Como em todas as cirurgias, esta também acarreta alguns deles, entre os quais:
- o favorecimento da ocorrência de uma infecção intrauterina;
- a rutura das membranas amnióticas;
- sangramento vaginal;
- laceração do cérvix.
Ainda que se observe uma elevada adesão à cerclagem uterina por todo o mundo, nem sempre os fins justificam os meios, como diz tão sabiamente o famoso ditado popular português.
De acordo com algumas evidências científicas, não se verifica qualquer vantagem na realização da cerclagem uterina em gestantes com baixo risco de perda gestacional ou parto pré-termo.
A cirurgia não deve ser indicada apenas por ter sido detetado, na ecografia, um colo do útero curto, nem tão pouco em mulheres que não apresentem fatores de risco para a ocorrência de partos prematuros.
A informação presente neste artigo não pretende, de qualquer forma, substituir as orientações de um profissional de saúde ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Por esse motivo, perante qualquer incómodo, aconselhamos que se desloque ao seu médico assistente a fim de obter o diagnóstico e tratamento adequado.