Quando a mulher tem problemas de saúde crónicos ou se surge alguma complicação durante a gravidez que possa colocar a saúde da mãe, do bebé ou própria continuação da gravidez, a gestação é considerada de risco. Conheça os cuidados na gravidez de risco que irão ajudá-la a gerir a ansiedade e a conhecer os sinais de alarme que a devem levar a procurar ajuda especializada com urgência.
Cuidados na gravidez de risco
Quando o casal decide começar a tentar engravidar, é aconselhável marcar uma consulta pré-conceção mesmo que não seja conhecido nenhum problema de saúde crónico ou história de doença genética familiar.
Contudo, muitos casais passam esta fase e quando dão conta, estão “grávidos”. Nesta situação, há riscos que podem não ser detetados precocemente como, da mesma forma e na maioria das gestações, tudo decorre sem problemas ou complicações.
Cuidados na gravidez de risco
Se a sua gravidez é de risco, independentemente da causas que lhe está associada, há um conjunto de cuidados que deve respeitar para salvaguarda do seu bem estar e do do seu bebé.
Entre os cuidados na gravidez de risco incluem-se:
1. Respeitar o calendário das consultas
Um dos cuidados na gravidez de risco, é o acompanhamento médico rigoroso. Não faltar às consultas e seguir escrupulosamente as indicações do obstetra são aspetos fundamentais para se sentir mais tranquila, segura e para obter o melhor acompanhamento clínico possível.
Da mesma forma, ter o contacto do seu obstetra para que lhe possa ligar face a algum sintoma que a preocupe, também pode ser uma excelente forma de conseguir gerir a sua ansiedade e manter as emoções equilibradas.
2. Fazer os exames recomendados
Após as consultas, caso lhe sejam prescritos exames, deve realizá-los a tempo da consulta seguinte. Como na gravidez de alto risco as consultas são menos espaçadas entre si, e por esse motivo, convém ter em mente o calendário das consultas para ter tudo pronto a data definida.
3. Cuidar da alimentação
Uma alimentação saudável e equilibrada é fundamental em todas as fases da vida mas ainda mais na gravidez, seja ou não considerada de risco.
Sendo certo que o bebé precisa dos nutrientes ingeridos pela mãe para se desenvolver e que o corpo da mãe está em esforço, não é difícil de perceber porque é a alimentação um aspeto tão valorizado na gestação.
Por outro lado, numa gravidez de risco devido, por exemplo, a obesidade materna, o cuidado com a ingestão das calorias certas é ainda mais premente. Neste caso, poderá ser acompanhada por um nutricionista que cuidará de lhe fazer uma dieta à medida, adaptada às suas necessidades nutricionais e controlar o ganho de peso em cada consulta de acompanhamento.
Saiba mais sobre alimentação na gravidez.
3. Abstinência de tabaco, álcool e drogas
Entre os cuidados na gravidez de risco encontra-se a renuncia ao tabaco, álcool e drogas (mesmo as recreativas) são considerados fatores para uma gravidez de risco. Estas substâncias estão associadas a baixo peso à nascença, dependências de substâncias do recém-nascido, malformações genéticas, parto pré-termo, aborto espontâneo, sofrimento fetal, dentre outras complicações.
4. Repouso
Entre os cuidados na gravidez de risco, podem incluir-se o repouso absoluto na cama, a realização de certos exames, não fazer esforços físicos ou o internamento hospitalar para observação próxima da evolução da gravidez, da saúde da mãe e monitorização do bem-estar fetal.
Se o seu médico indicar repouso absoluto, não deve pegar em pesos (como pegar noutros filhos ao colo, arrastar móveis ou passar aquele cesto de roupa a ferro). Peça ajuda sempre que precisar de chegar a alguma coisa mais elevada (não suba para bancos ou cadeiras) ou tiver que mudar alguma coisa de sítio.
Evite movimentos bruscos e respeite o seu ritmo para fazer as tarefas diárias, sem stress ou angústias. Pode ser verdadeiramente entediante ficar em casa com restrições mas pode aproveitar esse tempo livre para ler, para ver aquela série que tanto gosta desde a primeira temporada, bordar ou dedicar-se a uma atividade que lhe dá prazer mas para a qual nunca teve tempo.
5. Exercício físico
O exercício físico melhora a capacidade respiratória, reduz a ansiedade, ajuda a controlar o peso, ajuda a tonificar os músculos e as articulações e a melhorar a postura, fator tão importante na fase final da gravidez para atenuar a dor e o desconforto provocados pelo aumento do volume abdominal.
Os exercícios de baixo impacto são os mais recomendados para a gravidez: alongamentos, ioga, caminhadas ou hidroginástica. Contudo, seja numa gravidez com ou sem risco, deve aconselhar-se primeiro com o seu médico antes de iniciar uma atividade física, especialmente se leva um estilo de vida sedentário.
6. Abstinência sexual
Numa gravidez de risco poderá ser aconselhada a abster-se de relações sexuais. Fale com o seu médico de modo a tirar todo o proveito, de forma segura, da sua vida íntima.
7. Controlar o ganho de peso
Se sofre de excesso de peso, a sua gravidez pode ser considerada de risco não só para o seu bebé mas por causa da sua saúde.
A obesidade na gravidez tem sido correlacionada com um risco aumentado de diabetes e hipertensão arterial (com resultados adversos durante a gravidez, incluindo diabetes gestacional e pré-eclâmpsia), macrossomia fetal (bebés com mais de 4 kg), partos por cesariana, e acréscimo da morbilidade materna e perinatal.
- Ganho de peso recomendado na gestação
- Alimentação na gravidez em mulheres com obesidade e excesso de peso
8. Não se automedicar
Se está a tentar engravidar ou já está grávida, a automedicação nunca é uma opção a considerar. Qualquer que seja o sintoma, deve sempre falar com o seu médico antes de tomar qualquer medicamento. Este cuidado é ainda mais válido numa gravidez de risco.
Por outro lado, se sofre de uma doença crónica, deve ser rigorosa no tratamento e fazer exatamente o que o médico indica.
9. Hidratação
Beba muita água ao longo do dia, especialmente, fora das refeições principais. A água é fundamental para regular as funções orgânicas e por o cérebro a funcionar. Coma sopas e beba infusões, mas evite o chá preto e todas as bebidas energéticas, refrigerantes ou com cafeína.
10. Estar informada e consciente dos riscos
Qualquer que seja a causa do risco da gravidez, discuta-a com o seu obstetra para que saiba exatamente com o que pode contar. Não tenha vergonha de colocar todas as questões que lhe ocorram.
Conhecer os potenciais riscos da gravidez, os eventuais efeitos da sua doença crónica ou do tratamento no desenvolvimento do bebé e as medidas que podem ser tomadas para diminuir esses riscos vão deixá-la mais tranquila e com uma maior sensação de controlo sobre o que se passa.
Por outro lado, saber identificar os sinais de parto prematuro ou como distinguir entre as falsas e as verdadeiras contrações do parto também a ajudam a gerir as suas emoções e a saber como atuar face a uma situação de alarme.
Contrações falsas e contrações verdadeiras: como distinguir?
Quando ir de urgência para o hospital?
- Sangramento na gravidez – pode indicar descolamento da placenta ou início de parto;
- Perda de líquido pela vagina – pode ser um sinal de rutura de bolsa de água;
- Corrimento vaginal com prurido/dor;
- Dores abdominais – podem indicar uma gravidez ectópica;
- Arrepios ou febres – podem indicar uma infeção;
- Dor/ardor ao urinar – sintomas de uma infeção urinária;
- Vómitos persistentes – embora os vómitos sejam comuns no 1º trimestre da gravidez (1ª à 13ª semana), se forem persistentes podem indicar hiperemese gravídica e levar à desidratação;
- Dores de cabeça fortes ou contínuas;
- Perturbações de visão, visão dupla, ou embaciada com pontos brilhantes – que podem ser um sinal de pré-eclâmpsia;
- Diminuição dos movimentos fetais – podem indicar que o bebé se encontra em sofrimento;
- Contrações ritmadas antes da 37ª semana de gestação – indicador de que o início do trabalho de parto pode estar para breve.