A doença inflamatória pélvica (DIP) é uma infeção dos órgãos reprodutores femininos e é diagnosticada todos os anos em mais de 1 milhão de mulheres, só nos Estados Unidos. Como é muito comum a mulher infetada não apresentar sintomas, o risco de transmissão da doença para o parceiro aumenta quando há relações sexuais desprotegidas.
Conheça as principais causas associadas à doença inflamatória pélvica, como é feito o tratamento e o que fazer para se proteger.
Doença inflamatória pélvica
O que é a doença inflamatória pélvica?
A doença inflamatória pélvica é uma síndrome clínica, que ocorre quando a gonorreia e a infeção por clamídia não são devidamente tratadas.
É uma doença causada por bactérias que se deslocam da vagina para o interior do corpo atingindo o colo do útero, os ovários ou as trompas de Falópio. As bactérias podem provocar processos inflamatório (abcessos) e dar origem à doença inflamatória pélvica.
Causas da doença inflamatória pélvica
A gonorreia e a clamídia (infeções sexualmente transmissíveis) são a principal causa da doença inflamatória pélvica. Se estas infeções não forem devidamente tratadas, podem complicar-se dando origem à doença inflamatória pélvica.
A doença inflamatória pélvica também pode ser causada por infeções não transmitidas sexualmente, como a vaginose bacteriana.
Quais são os efeitos a longo prazo da doença inflamatória pélvica?
1. Infertilidade
Uma em cada dez mulheres com DIP torna-se infértil. Como a infeção pode causar cicatrizes nas trompas de Falópio, estas ficam bloqueadas o que impede os espermatozoides de alcançar o óvulo para o fertilizar.
2. Gravidez ectópica
As cicatrizes nas trompas de Falópio também podem impedir o ovo fertilizado de deslizar pelas trompas em direção ao útero, onde se deve alojar antes de se começar a desenvolver. Ao ficar retido, o óvulo começa a crescer dentro da trompa de Falópio, situação que pode por em risco a vida da mulher quando a trompa se rompe e dá origem a uma hemorragia grave.
Se a gravidez ectópica não for diagnosticada a tempo, pode ser necessário realizar uma cirurgia de emergência para remover o produto da gestação e reparar a trompa.
3. Dor pélvica crónica duradoura
Fatores de risco da doença inflamatória pélvica
A doença inflamatória pélvica pode ocorrer em qualquer idade, em mulheres sexualmente ativas. É mais comum entre as mulheres jovens, porque a probabilidade de terem vários parceiros sexuais é superior. Para além disso, existem outros fatores de risco como:
- Infeção por uma doença sexualmente transmissível, sobretudo, gonorreia ou clamídia;
- Múltiplos parceiros sexuais (quanto mais parceiros, maior o risco);
- Um parceiro sexual que faz sexo com outros;
- Doença inflamatória pélvica anterior.
Algumas pesquisas sugerem que os duches vaginais também são um fator de risco importante. Os duches vaginais podem facilitar o crescimento de bactérias e empurrá-las da vagina para o útero e para as trompas de Falópio.
Sintomas da doença inflamatória pélvica
Os sintomas podem ser leves ou, à semelhança de outras doenças sexualmente transmissíveis, não haver qualquer sintoma que sugira uma infeção. Como os sinais podem ser ligeiros, muitos casos não são corretamente diagnosticados na fase inicial da infeção.
Sinais e sintomas mais comuns
- Corrimento vaginal anormal;
- Dor no abdómen inferior (geralmente uma dor ligeira);
- Dor no abdómen superior direito;
- Hemorragia menstrual anormal;
- Febre e calafrios;
- Dor ao urinar;
- Náuseas e vómitos;
- Dor nas relações sexuais.
Estes sintomas também podem ser um alerta para outras complicações como apendicite ou gravidez ectópica.
Como é realizado o diagnóstico?
O diagnóstico é realizado por meio de entrevista pessoal (hábitos sexuais, método contracetivo e análise dos sintomas). Em caso de suspeita, poderá realizar um exame pélvico com recolha de uma amostra do corrimento para despiste de gonorreia e clamídia.
Outros exames de diagnóstico poderão ser necessários como análises ao sangue, ecografia, biópsia endometrial ou uma laparoscopia (cirúrgica pouco invasiva que permite fazer procedimentos cirúrgicos na cavidade abdominal e pélvica).
Qual o tratamento da doença inflamatória pélvica?
Apesar de haver tratamento para a doença inflamatória pélvica, não é possível reverter as cicatrizes provocadas pela infeção. Quanto maior a infeção, maior o risco de problemas a longo prazo, como a infertilidade.
Os antibióticos são o tratamento de primeira linha. Estes, serão prescritos de acordo com o diagnóstico efetuado. A medicação pode ser oral (comprimidos), intravenosa ou dada por injeção.
Como os sintomas podem desaparecer antes da infeção estar tratada, a medicação deve ser tomada até ao fim, de acordo com as indicações médicas.
Situações que podem justificar o internamento hospitalar
- Quando o diagnóstico não é claro;
- Se a mulher estiver grávida;
- Quando há necessidade de tratar a doença com antibiótico por via intravenosa;
- Se a mulher estiver gravemente doente;
- Se existem outros sintomas como náuseas, vómitos ou febre alta;
- Se existe um abcesso nas trompas de Falópio ou nos ovários.
Em certas situações como quando existe um abcesso, pode ser necessário recorrer a uma cirurgia. Os parceiros sexuais da mulher devem ser igualmente tratados mesmo que não apresentem sintomas.
Como prevenir a doença inflamatória pélvica?
Considerando que este tipo de infeção pode não apresentar sintomas, o que atrasa o correto diagnóstico e tratamento, a prevenção é a melhor forma de se proteger.
- Usar preservativos em todas as relações sexuais;
- Usar preservativos, mesmo que a mulher use outros métodos de controlo de natalidade;
- Ter relações sexuais apenas com um parceiro que não tenha uma doença sexualmente transmissível e que seja fiel;
- Limitar o número de parceiros sexuais.
Bibliografia: American Congress of Obstetricians and Gynecologists [visitado em 10 de outubro de 2017]