A endometrite é um processo inflamatório do endométrio, mucosa que reveste a parede interna do útero. Poderá ocorrer no pós-parto devido a manobras obstétricas como a revisão uterina ou por hemorragia durante o parto. Febre moderada, corrimento fétido e dor uterina são alguns dos sintomas desta complicação.
O que é a Endometrite
A endometrite é um processo inflamatório do endométrio, mucosa que reveste a parede interna do útero. A endometrite pode ser aguda ou crónica:
Endometrite aguda
- A endometrite aguda é caracterizada por dor no hipogastro (parte central e inferior do abdómen, situada por debaixo do umbigo, entre as duas fossas ilíacas), febre alta, menstruações dolorosas e abundantes e corrimento.
Endometrite crónica
- A endometrite crónica pode resultar de patologias como a sífilis ou a tuberculose e manifesta-se através de uma sensação de peso ou de corpo estranho no útero, febrícula irregular (temperatura axilar entre 37.º e 38.º) e corrimento.
Causas da endometrite
A endometrite tem etiologias diversas, sendo a de origem microbiana, gonorreia, sífilis, clamídia (de transmissão sexual) a mais prevalente. Outras causas possíveis são:
- Mecânicas (abortos, partos ou procedimentos ginecológicos):
- Tóxicas (doenças do metabolismo: gota, diabetes, obesidade);
- Circulatórias (tempo excessivo na posição ereta, esforços físicos e sexuais intensos, práticas contracetivas, doenças circulatórias e respiratórias).
A endometrite pode ainda estar associada a outros distúrbios como inflamação das trompas de Falópio (salpingite), ovário (ooforite) e peritónio pélvico (peritonite pélvica).
Cesarianas e procedimentos médicos que envolvam o acesso ao útero através do colo uterino (histeroscopia, colocação de um dispositivo intrauterino (DIU), dilatação e curetagem (raspagem do útero) também podem provocar endometrite.
Manifestações clínicas da endometrite
A sintomatologia da endometrite está associada a:
- Febre acima dos 38 ºC;
- Irritação uterina;
- Hemorragias vaginais anormais;
- Dismenorreia (dor durante a menstruação);
- Corrimento vaginal com cheiro fétido, com ou sem sangramento;
- Inchaço ou distensão abdominal;
- Dispareunia (dor nas relações sexuais).
Diagnóstico e meios complementares de diagnóstico
A avaliação ginecológica pode passar pela observação e recolha de células uterinas para determinar a existência de agentes infeciosos.
O recurso a meios complementares de diagnóstico imagiológicos (ecografia endovaginal, tomografia computorizada, histeroscopia), associados a análises laboratoriais específicas (sangue, urina, corrimento vaginal) são importantes para ajudar a determinar a doença.
Na presença de alterações endométricas, a realização de uma biópsia da lesão, através do recurso à laparoscopia ajuda a confirmar o diagnóstico.
A laparoscopia é um procedimento cirúrgico que consiste em pequenas incisões abdominais, por onde são introduzidos instrumentos telescópicos, que permitem observar e fazer recolha de material tecidual para avaliação e o simultâneo tratamento das lesões por excisão / remoção.
Prevenção da endometrite
1. Parto natural, cesariana e aborto
O risco de infeção no parto, aborto ou outro procedimento ginecológico pode ser minimizado com a utilização de instrumentos e técnicas estéreis. Podem ainda ser administrados antibióticos profiláticos, na realização de cesarianas ou cirurgias.
O parto vaginal não é estéril, mas são utilizadas técnicas de assepsia (conjunto de procedimentos que procuram impedir a introdução de germes patogénicos no organismo, no ambiente e nos objetos).
2. Doenças sexualmente transmissíveis
O risco de infeção por doenças sexualmente transmissíveis pode ser revertido com a prática de sexo seguro (uso de preservativo).
O diagnóstico e tratamento precoce de infeções sexualmente transmissíveis (incluindo os parceiros sexuais) também assumem uma grande importância na prevenção da endometrite.
Tratamento
O tratamento pode seguir duas linhas: medicamentosa ou cirúrgica.
1. Abordagem medicamentosa
- Antibióticos: combatem a infeção de origem bacteriana.
- Anti-inflamatórios não esteróides: controlam a inflamação e a dor.
2. Abordagem cirúrgica
- Cistectomia
Cisão de adesões e restauração de uma anatomia pélvica normalizada. Pequenos instrumentos são inseridos nas incisões para retirar o tecido inflamado e cortar as aderências.
O médico recorre a esta cirurgia quando a paciente apresenta obstrução ao nível das trompas de Falópio ou sinéquias uterinas.
- Histerectomia vaginal
Procedimento cirúrgico da área ginecológica que consiste na remoção do útero. A histerectomia pode ser total, quando se retira o útero na sua totalidade, ou subtotal, quando não se retira o colo do útero.
Este procedimento restringe-se a casos em que a severidade da inflamação e da infeção inviabilizam outras soluções.
Complicações da endometrite
A endometrite leve ou moderada tem um tempo de recuperação entre 48h e 72h, mas a ausência de tratamento pode levar à infertilidade e a infeções graves, nomeadamente:
- Peritonite pélvica (infeção pélvica geral);
- Abscessos pélvicos e uterinos;
- Infeções anexiais (trompa de Falópio, ovários);
- Septicemia (bactérias no sangue);
- Choque séptico (infeção grave no sangue que provoca queda acentuada na pressão arterial).
Se a infeção resultar de uma doença sexualmente transmissível, é aconselhável o tratamento simultâneo do parceiro.