A escabiose humana, também denominada sarna é uma infeção causada por pequenos ácaros chamados Sarcoptes scabiei, invisíveis a olho nu. Conheça os sintomas, diagnóstico e tratamento da escabiose na gravidez.
Escabiose na gravidez
Transmissão da escabiose
A transmissão do parasita faz -se pelo contacto pele-a-pele prolongado com a pessoa infetada ou indiretamente através das roupas da cama, toalhas ou qualquer outro objeto e substância que possa absorver, reter e transportar o parasita.
O parasita pode viver por 24 a 36 horas fora do hospedeiro sendo que temperaturas mais baixas e humidade mais elevada aumentam o seu tempo de sobrevida.
O contágio pode ser feito por pessoas que cujo diagnóstico já está completamente estabelecido e por pessoas que, estando infetadas pelo parasita ainda não apresentam sintomas (o período de incubação pode durar 4 semanas).
Como os parasitas se dão melhor com temperaturas baixas, a sarna é mais comum nas estações frias do outono e o inverno.
Sintomas da escabiose na gravidez
A comichão intensa é o sintoma mais comum da escabiose. O aumento da temperatura corporal durante a noite tende a agravar os sintomas por facilitar a movimentação do parasita na superfície da pele.
Para além do prurido podem observar-se outros sintomas que resultam da presença e da ação do parasita na pele como pápulas, nódulos, manchas na pele, vesículas e galerias que as fêmeas escavam para depositar os ovos.
Os ácaros enterram-se debaixo da pele para pôr ovos e a atividade do parasita na pele produz um efeito traumático e fenómenos irritativos que originam prurido e outros problemas cutâneos.
A gravidade das lesões varia de acordo com o tipo de pele, a sensibilidade ao parasita e os cuidados de higiene. A infeção crónica com o parasita pode dar origem a perda de peso e irritabilidade.
Regiões mais afetadas pela escabiose
As lesões provocadas pela escabiose são encontradas na zona baixo do pescoço, axilas, face interna do cotovelo (prega cubital), à volta do umbigo, cintura, glúteos, interior das coxas, face anterior do punho, ou entre os dedos das mãos e cotovelos.
Nas mulheres, é muito típica a lesão na pele à volta dos mamilos.
Diagnóstico da escabiose
O diagnóstico da sarna é realizado através de 4 critérios:
- Análise dos sintomas (comichão, que se intensifica durante a noite);
- Análise das lesões da pele (irritação da pele, especialmente, nas palmas das mãos e nas plantas dos pés);
- Anatomia das lesões;
- Estudo das causas (sintomas semelhantes noutros membros da família, por exemplo).
A análise microscópica do parasita ou de restos deste pode confirmar o diagnóstico. Contudo, este nem sempre é conclusivo o que não exclui o diagnóstico de sarna.
Tratamento da escabiose na gravidez
O tratamento da escabiose na gravidez consiste no uso de cremes ou loções o que será determinado de acordo com os sintomas apresentados e gravidade da infeção. Não deve fazer-se a aplicação de qualquer medicamento sem a prévia observação e prescrição médica.
O enxofre é o mais antigo escabicida usado há séculos com esta finalidade, visto ser um fármaco pouco dispendioso e com baixa toxicidade. É utilizado como um precipitado de enxofre a 6-10% em vaselina, aplicado durante três noites consecutivas, e realizando lavagem entre cada aplicação (o banho é realizado imediatamente antes da próxima aplicação), repetindo o tratamento após uma semana.
O precipitado de enxofre é o tratamento de escolha para mulheres grávidas, a amamentar e crianças menores que dois meses. A principal desvantagem resulta da cosmeticidade e cheiro desagradáveis. [1]
Medidas complementares ao tratamento
- Todos os membros da família deverão ser tratados;
- Lavar toda a roupa, toalhas e lençóis a pelo menos 60ºC ou secar na máquina ou lavar a seco;
- Desinfetar todos os objetos que possam absorver, reter e transportar o parasita. Os objetos que não se possam lavar devem ser fechados num saco plástico durante pelo menos 72 horas (o parasita pode viver por 24 a 36 horas fora do hospedeiro mantendo-se igualmente infecioso);
- Cumprir o tratamento exatamente como prescrito pelo médico;
- Usar luvas na aplicação dos cremes;
- Evitar coçar as lesões e manter as unhas curtas para minimizar a irritação da pele;
- Contactar o médico caso haja persistência dos sintomas após o término do tratamento para determinar se a comichão ainda se deve à atividade do parasita;
- Reforçar os cuidados de higiene e hidratar a pele com cremes emolientes que facilitem o tratamento das lesões cutâneas e aumentem o conforto da pele, aplicados após o banho, com a pele seca e com uma massagem suave.
[1] Escabiose – recomendações práticas para diagnóstico e tratamento, Mónica Tavares; Manuela Selores – IS. Pediatria, CH Porto, 4099-001 Porto – Dermatologia, CH Porto, 4099-001 Porto, Portugal – Nascer e Crescer vol.22 no.2 Porto abr. 2013