A identificação da gravidez de risco é realizada através da avaliação clínica, laboratorial e imagiológica, durante a pré-conceção ou em qualquer momento durante a gravidez.
Ao longo das 40 semanas da gravidez, podem surgir doenças e/ou identificado um fator de risco de complicações que alterem a situação inicial da saúde da mãe e/ou do bebé.
Sendo um fator dinâmico, o nível risco pode alterar-se ao longo da gestação e deve ser reavaliado nas consultas da gravidez ou em qualquer momento durante a gravidez, sempre que se justifique.
Gravidez de risco
O que é uma gravidez de risco?
Uma gravidez de risco é uma gravidez em que é possível identificar, após avaliação clínica, um fator acrescido de doença materna, fetal e/ou neonatal.
Fatores como a idade materna, obesidade materna, alterações estruturais do sistema reprodutivo, consumo de drogas, tabaco ou bebidas alcoólicas, a exposição a agentes químicos ou biológicos antes da conceção ou durante a gravidez, são alguns dos fatores de risco para a saúde materno-fetal e que podem condicionar o modo como a gravidez evolui ao longo do tempo.
Causas da gravidez de risco
- Idade materna (gravidez precoce e gravidez tardia);
- História obstétrica anterior (aborto, infertilidade, hemorragia pós-parto/dequitadura manual da placenta, parto por cesariana anterior, pré-eclâmpsia/eclâmpsia, feto morto / morte neonatal, trabalho de parto prolongado ou difícil);
- Patologia associada (cirurgia ginecológica anterior, doença renal crónica, diabetes gestacional, doença cardíaca, entre outras);
- Condições específicas da gravidez atual (hemorragias ≤ 20 semanas, hemorragias > 20 semanas, anemia (≤ 10 g), gravidez prolongada ≥ 42 semanas, hipertensão, rotura prematura das membranas, hidramnios (volume anormalmente aumentado de líquido amniótico), isoimunização Rh, apresentação pélvica do bebé, atraso de crescimento intrauterino);
- Pressão alta e pré-eclâmpsia;
- Gravidez de gémeos.
Sintomas de gravidez de risco
As profundas alterações provocadas pela gravidez no corpo da mulher podem dar origem a uma série de sintomas e incómodos que, embora comuns, devem ser comunicados ao médico para avaliação nas consultas da gravidez.
Entre as queixas mais recorrentes, incluem-se as náuseas e enjoos, dificuldades de digestão, prisão de ventre, aumento da tensão arterial, câimbras e dores nas costas.
Contudo, uma gravidez de risco pode desenvolver outros sintomas que exigem observação médica imediata. Entre esses sintomas incluem-se:
1. Sangramento ou hemorragia vaginal
Qualquer perda de sangue pela vagina durante a gravidez ou ou sangramento acompanhado de coágulos é motivo para ir à urgência hospitalar.
No início da gravidez:
- As causas das hemorragias vaginais no 1º trimestre da gravidez podem indicar um aborto espontâneo ou uma gravidez ectópica (gravidez fora do útero) e, a partir do 7ª mês, ser um sinal de alerta para parto pré-termo.
No fim da gravidez:
- No final da gravidez, pode ser sinal de complicações da placenta (placenta prévia, descolamento da placenta ou placenta abrupta), rutura uterina, inversão uterina, entre outras complicações.
2. Dor abdominal intensa
- Que piora quando a mulher se move ou muda de posição;
- Dor abdominal constante acompanhada de outros sintomas como febre e calafrios, secreção vaginal com cheiro fétido (alerta para aborto séptico).
3. Sintomas de pressão arterial baixa
- Desmaios e tonturas;
- Ritmo cardíaco acelerado.
4. Contrações frequentes, regulares e dolorosas antes do tempo
- Dor semelhante às cólicas menstruais (contrações);
- Não confundir com as falsas contrações do parto ou contrações de Braxton Hicks.
5. Dor ao urinar
A pressão aguda no baixo-ventre, vontade de urinar com frequência, dor, dificuldade ou ardor ao urinar, odor desagradável ou a urina turva são alguns dos sintomas de infeção urinária (cistite).
A infeção urinária na gravidez está associada a partos pré-termo e a bebés com baixo peso à nascença, pelo que mesmo a bacteriúria assintomática (colonização da urina por bactérias sem a presença de sintomas), deve ser avaliada e tratada.
6. Vómitos e náuseas frequentes
As náuseas e vómitos persistentes provocam desidratação, perda de peso e carência nutricional pondo em causa a saúde da mãe e comprometendo o normal desenvolvimento fetal. A esta situação dá-se o nome de hiperemese gravídica.
A desidratação leva à redução do nível de potássio no sangue o que impede o normal funcionamento do fígado, perda de peso e desnutrição maternas. O bebé também é afetado com risco de baixo peso à nascença ou parto pré-termo.
As náuseas e vómitos em conjunto com sintomas como manchas de sangue ou sangramento leve com dor abdominal aguda, dor com irradiação para o ombro, febre ou distensão abdominal são alerta para cervicite (infeção do colo do útero).
7. Inchaço dos pés ou das mãos
Pés ou mãos inchados em conjunto com náuseas intensas, vómitos, inchaço abdominal e perda de tecido pela vagina com um aspeto semelhante a um cacho de uvas, constituem alerta para mola hidatiforme ou outra forma de doença trofoblástica gestacional.
8. Perda prematura de líquido amniótico
A perda de líquido amniótico antes do 3º trimestre da gestação levanta duas grandes preocupações: o adequado desenvolvimento dos pulmões do bebé e o parto prematuro.
9. Não sentir o bebé a mexer por mais de 12 horas
A regularidade dos movimentos do feto é um dos sinais mais importantes do seu bem-estar. Não sentir movimentos durante 12 horas seguidas, pode ser um sinal de que o bebé está em sofrimento.
Contar os movimentos do bebé na gravidez
Idade e gravidez de risco
Riscos de gravidez na adolescência (gravidez precoce)
A adolescência é uma etapa de desenvolvimento marcada por mudanças profundas a vários níveis, nomeadamente, biofisiológico.
À gravidez na adolescência, particularmente antes dos 15 anos de idade, associa-se um risco aumentado de ameaça de parto pré-termo (ou parto prematuro), infeção urinária, restrição do crescimento fetal e hipertensão induzida pela gravidez.
Estas complicações devem-se, em grande parte, à procura tardia de cuidados pré-natais e a fatores específicos do estilo de vida das adolescentes, tais como hábitos alimentares deficientes ou o consumo de substâncias tóxicas, como drogas recreativas.
Riscos de gravidez tardia ou em idade materna avançada
Da mesma forma, uma gravidez tardia, que ocorre em idade igual ou superior a 35 anos, também apresenta maior probabilidade de resultados obstétricos adversos.
Para saber mais sobre este ponto consulte o artigo Engravidar depois dos 40 anos.
Cuidados numa gravidez de risco
Numa gravidez de alto risco, o acompanhamento pelo obstetra é feito com maior regularidade, ou sempre que o médico entender que a mulher deve ser observada.
Os cuidados médicos e os exames a realizar são adaptados à especificidade da gravidez, tendo em consideração as causas, a idade gestacional e outras condicionantes da mulher como a idade, a condição de saúde ou possíveis complicações que decorram dos fatores de risco identificados.
Quando a gravidez é considerada de risco, é fundamental cumprir todas as orientações médicas para salvaguardar a saúde da mãe, do bebé e a continuação da própria gestação.
As indicações podem incluir repouso absoluto na cama, realização de certos exames, não fazer esforços físicos ou implicar mesmo o internamento hospitalar para observação próxima da evolução da gravidez, da saúde da mãe e monitorização do bem-estar fetal.
Sexo e gravidez de risco
Numa gravidez de risco poderá ser aconselhada a abster-se de relações sexuais. Fale com o seu médico de modo a tirar todo o proveito, de forma segura, da sua relação íntima.
Quando não fazer sexo na gravidez?